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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

MOVIMENTO E ACÇÃO LIBERTARIA

Numa rápida passagem pelo anarquismo, chegamos ao movimento e à acção libertaria que “um rebelde audaz” sintetizava nas paginas de A Comuna (1) como sendo o “Balanço do 1.º Trimestre de 1923”.

Faltam: & Sobram

Anarquistas ..................................... Governantes
Professores ..................................... Padres
Homens .......................................... Autômatos
Libertários ..................................... Ditadores
Revolucionários ................................. Revoltados
Arados .......................................... Canhões
Escolas ......................................... Igrejas
Habitações ...................................... Cárceres
Fábricas ........................................ Quartéis
Mães ............................................ Prostitutas (2)
Amor ............................................ Ódio
Ciência ......................................... Ignorância
Pão ............................................. Miséria
Médicos (3) ..................................... Assassinos
Sinceridade ..................................... Hipocrisia
Liberdade ....................................... Tirania
Igualdade ....................................... Proprietários
Fraternidade .................................... Guerra
Civilização ..................................... Barbárie
Justiça ......................................... Ladrões (4)
Consciência ..................................... Moralidade
Solidariedade ................................... Egoísmo
Enfermeiros ..................................... Policias
Agricultores .................................... Burgueses
Honestidade ..................................... Comerciante
Socialistas ..................................... Políticos

Resumo: Ignorância e Miséria.
Déficit: Revolução.

(1) Porto, 13-5-1923. Direcção de Manuel Joaquim de Sousa, José Rodrigues Reboredo e António José de Almeida – Rua do Sol,131.
(2) A colocação refere-se ao mercantilismo sexual, ao sexo negociado comerciante como resultado da sociedade burguesa e não ao Amor Livre ou à liberdade sexual como direito dos homens e mulheres em nossos dias.
(3) Os médicos aparecem aqui não como negociantes da arte de curar que antes do paciente colocam a factura.
(4) É dúbia esta classificação. Ficamos sem saber se o autor se refere aos desajustados, aos marginalizados pela sociedade, se aos que roubam legalmente e pagam impostos ao Estado para poder fazê-lo, ou se aos que se servem da lei para extorquir propinas, achacar, chegando a orientar os comerciantes no sentido de escapar aos impostos desde que lhe entreguem uma percentagem dos lucros sonegados...


Extraído: A resistência anarco sindicalista á ditadura Portugal 1922 1936
Paginas: 245 a 246
Autor: Edgar Rodrigues
Ano do livro: 1981
Editora: Sementeira

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Um programa?Declaração de princípios?...

“Maria Lacerda de Moura ainda não se encontrou a si mesma”.
“desconfio que Maria Lacerda não sabe exatamente o que quer...”
“Pertence a algum partido? Qual é esse partido?”
“Que deseja afinal essa Senhora?”
“Que reforma propõe essa publicista?”
“Qual o seu programa?”
Essas e outras muitas objeções fazem os “críticos” de ataques sistemáticos a tudo quanto escrevo.
E como tais perguntas e tais conceitos se multiplicam no meu caminho, respondo, de maneira geral, aos má vontade de compreensão ou a sua impotência de chegar a outra harmonia diversa da sua harmonia.
Geralmente os que me agridem não me leram. Si me leram, não me quiseram compreender.
Certos agressores cometerem a ingenuidade de confessar não haver lido o livro atacado. Foi o titulo que os impressionou desagradavelmente. Outros voltam atrás, com coragem, e, confessando o engano, tornam-se meus amigos.
Todos me conhecem pelo que ouviram dizer... de mal ...
Houve quem me visse com um facho aceso á frente da multidão que incendiou “Il Piccolo”, descabeladas, gritando como possessa, incitando aos estudantes e dos populares. E todos sabem que eu estava em Guararema, a 2 horas da capital e que só vim a saber do ocorrido no dia seguinte, pelos jornais da tarde de 24 de Setembro.
Uns são inimigos sistemáticos sem nunca-me terem visto, sem conhecerem uma só pagina dos meus escritos.
Alguns me elogiam, si ouvem elogios dos presentes e me atacam agressivamente, si sou agredida... Alguns fogem, quando presentes agressão, e aparecem para colher os louros... E a maledicência não falta.
E não há meio termo: ou o entusiasmo incondicional ou a agressão incondicional. E a calunia.
Que não encontrei a mim mesma? Quem é que já se encontrou a si mesmo, sob o Sol?
Quem poderá dizer: “eu sou o caminho, a verdade e a vida”?
As palavras de Cristo foram deturpadas pelos padres. Cristo deveria ter pronunciado esta verdade profunda: “Que cada um siga o seu caminho, a sua verdade e a sua vida, tal como eu tenho o meu caminho a minha verdade e a minha vida.”
Quando eu me encontrar a mim mesma serei um Deus realizado. Só encontraram a si mesmos por sobre a terra, os padres, os políticos profissionais os pensadores rebanho – tontos de vaidade, pesados de orgulho, trôpegos de presunção intelectual, dobrados, seguros de si mesmos, infalíveis e jactanciosos.
Só sabem exatamente o que querem – esses políticos, os “profiteurs”, da imprensa, os armamentistas, os comerciantes, os industriais, as mensagens dos pais da pátria, os caftens, os “gigolos”, os sacerdotes; a Igreja Católica Romana, os imperialismos yankee, britânico e mussolinesco, o papa Tacchi Venturi – o chefe dos jesuítas, as associações de “ boxeurs”, os militares, o “coronel”, as embaixadas diplomáticas, Hither, “L’Accion Française”...
Todas essas cousas e toda essa gente tem um programa definido, sistematicamente traçado e de realização pratica, baseado no dinheiro, no poder ou na astucia – para engordar aos papalvos, organizar. Mobilizar o rebanho social para mais facilmente explorá-lo, mandar, tiranizar, roubar, assaltar, vencer, domar, ganhar, gozar, saquear, salvar...
Todas essas cousas e toda essa gente tem um plano delineado no papel ou no “ring”, sempre versus...
Mensagens, programas, apostolados ingênuos ou maroteiros, reformadores, manifestos, cornucópias de esperanças, de liberalidades, de promessas de felicidades e de bem estar social – só sabem tranbordar os partidos políticos ou religiosos, os demagogos, os oradores populares, os donos da humanidade escravizada: padres, espirantes a reinos, impérios, republicas ou academias, os candidatos ás Constituintes... as casa lotéricas, as feiticeiras e as cartomantes...
Não é de agora que se exige de mim um programa ou a ingressão “corajosa” em um partido.
Que me defina! Que sele o meu nome com determinado rotulo afim de que possa ter “autoridade”... Que carregue o poso de uma chapeta e o exílio indispensável de duas muletas sociais. Que me batise finalmente. Preciso completar-me. Fazer parte de um partido é ter amigos e defensores incondicionais, E’ estar, docilmente, servilmente, domesticadamente ao lado de alguém. E’ ter valor, portanto, é ter “autoridade”...
Despresar as muletas e os partidos é ser atacado por todos, é ser “voz isolada”, “voz única”, “irrefletida”, “despercebida” do rebanho social acarneirado no redil da imbecilidade e da covardia.
O “individualista da vontade de harmonia” não faz programa nem para si nem para os outros.
Com relação á minha vida interior, sei o que desejo, sei o que quero.
Com relação a minha vida social, sou anti-social, nem sei, nem me interessa saber. Destaco os indivíduos do bloco social. Em relação á sociedade, sei o que não quero.
A minha ética repele os partidos, os programas, toda a moral social.
Não sou advogado, não sou político, não me interessa a “populaça de cima” e nem a “populaça de baixo”.
Observo, analiso, critico, exalto, não mando, não dirijo, não exijo, nem mesmo peço ou procuro persuadir, não me preocupo com as soluções para os problemas. As soluções ficam bem aos matemáticos, aos sentimentos dos padres e das beatas, á profissão dos advogados e ás mensagens prometedoras dos políticos, aos programas sectários fora dos quais não há salvação e aos romances da gente honesta em que são castigados os vícios, em que é premiada a virtude...
Não sou revolucionaria no sentido da revolução para uma organização social mais equitativa. Já tive sim essa ilusão.
Cheguei porem, á convicção, ou aprendi a tempo que os homens, em nome do amor e da justiça, em nome da Solidariedade Humana, em nome da Fraternidade Universal, em nome da Liberdade, da Igualdade, em nome de Deus, em nome das Cruzadas Religiosas, Em nome do ídolo da Honra, em nome do Direito, da Pátria, da civilização se estraçalham como animais ferozes. Pregando o advento da Paz, fazem as guerras.
Ora em torno de princípios políticos, sob o comando dos reis, dos democratas ou dos padres, ora em torno das religiões, sob o comando dos padres, dos democratas e dos reis – aliados incondicionais de todos os tempos e de todas as pátrias e de todas as nações, - as multidões se trucidam para obter o “bem estar social”, afim de estabelecerem as formulas... Da Liberdade, do Amor e da Justiça, em sociedades idealizadas na santa Paz dos seus sonhos de obediência servil...
Convenço-me cada vez mais de que “o ódio não mata o ódio, o ódio só morre com o Amor”.
A violência é mãe e filhada violência. A guerra só traz a guerra e a revolução é a sementeira de outras revoluções.
Não-violência, mas “suprema-resistencia” ás forças negras do passado reacionário.
Não houvesse tanta covardia...
Procuro a minha harmonia interior: é o único programa que se cabe a formular.
Mas, tão vasto é esse programa, tão profundo, tão complexo, tão alto, tão nobre, que deixa de se pontificarem um programa para se desdobrar pelo infinito e pela eternidade, além do tempo e para alem do espaço.
A Vida não cabe dentro de um programa escrito pela imbecilidade social, não pode encerrar-se em universidades, em academias literárias, cientificas ou filosóficas, não pode fechar-se em um partido, em uma doutrina, em um sistema religioso, em a moral social.
As necessidades humanas teem as suas origens nas criptas profundas do Eu e não são leis mesquinhas dos homens ou as suas teorias, as suas doutrinas, os seus partidos ou seus programas que hão de solucionar ou pelo menos o programa da Vida.
E os homens, da sua impotência, da sua limitação sensorial, da sua pequenez, da sua insignificância sectarista, da sua pequenez, da sua maravilhosa inconsciência, da sua formidável ignorância, da sua ambição desmedida, tecem um padrão de gloria: o heroísmo dos partidos, das seitas, das bandeiras, dos programas.
Quem se não encerrar dentro desses limites – é acusado para possível desmesticidades dentro dos inúmeros redis, sistematicamente divididos em rebanhos a obedecer a determinados senhores ou programas.
O meu programa, repito, seria a busca incessante da minha harmonia interior, é a “vontade de harmonia”, e, si ás vezes uma nota dessa harmonia criatura, realizo uma beleza maior, sonho um sonho mais alto.
Si não consigo essa realização, pelo menos conto dentro de mim mesma esse delo e generoso individualismo, delicado e forte, do meu acordo interior – para uma sinfonia mais empolgante...
“Uma voz foi feita para falar”, como o Sol para aquecer e iluminar. Si a minha harmonia choca-se com a brutalidade do ódio ou do sarcasmo da aspereza rija de outra linha de evolução, que não é da minha, que culpa cabe a mim? Si deturpam, que tenho eu com isso?
Também o Sol, si acende o Iris magnífico na gota pura do orvalho ou aquece a velhice enferma ou ilumina o rosto da criança ou as flores da primavera ou si brilha no olhar de fé do idealista ou no reseo de uma face penetrada de juventude e exaltação, também o Sol vivifica o paúl e faz viçosa a planta que mata e alimenta o silvo da serpente e aquece a virulência do micróbio da peste.
Essa é a conclusão ryneriana do individualismo da “vontade de harmonia”.
Sou humana: é já é um programa, o programa universal da solidariedade biocosmica, programa eterno e infinito.
Prefiro dissolver no vasto programa da Vida a limitar-me para ser agradável ás ambições e á vaidade dos homens, sufocando as minhas aspirações de liberdade nos programas insignificantes dos partidos, das seitas, religiões, ou da concorrência social sob qualquer aspecto.
Só a insuficiência mental pode limitar o horizonte da visão da Vida.
Mas, si a mente humana finita, a razão e a ciência têm limitado o campo desse portentoso raio visual, em compensação, podemos alar os nossos sonhos em hipóteses acariciadoras e imaginar tudo quanto possa alcançar a imaginação em busca do infinito e do eterno, alem do tempo e do espaço, através da sabedoria subjetiva, libertadora e humana a que damos o nome de divindade interior.
Para a fatalidade social, o estoicismo – esse “ positivismo da vontade”, na expressão de Han Ryner.
A tirania social não depende de mim. Não posso, pois, formular programa deante de uma fatalidade “inevitável como a morte”.
Mas, as coisas que de mim dependem para não ser algoz ou cúmplice dessa tirania, na medida possível do meu esforço; tudo quanto for alicerçado por sobre o Amor – a lei máxima da gravitação universal concebida pela nossa mente pela liberdade humana: tudo que depende da minha vontade segundo a classificação de Epicteto: minhas opiniões, meus desejos, minhas ações, meu caráter em suma, meus sentimentos – tudo isso – conhecer-me para me realizar, realizar-me “ para aprender a Amar”, é o que constitue o meu programa.
Não posso, não devo, não quero perturbar à liberdade de outras evoluções, de outros desejos, de outras ações.
Termina o meu direito á liberdade onde, precisamente, começa o direito de outra liberdade.
Procuramos iluminar a mim mesma afim de contribuir para o despertar de outra consciências, para cada qual solucionar, por si mesma, o seu problema, não é exigir a submissão nem pretender impor as idéias ou os sonhos.
O meu individualismo não é o dos “super-elefantes” nietzschenianos, não é o dominismo da “vontade de poder.”
E “em que as desigualdades naturais justificam as desigualdades sociais”?
O programa de um ou da minoria cerceia a evolução da muitos, e, se comete o crime de cercear a evolução de um só, já é atentado á liberdade individual, ao direito humano, ás necessidades naturais do homem.
Para os loucos e para os degenerados paranóicos há o recurso das casas de saúde...
O único programa digno do homem livre é a divisa inscrita do templo de Delfos, a que a sabedoria profunda e amorosa de Han Ryner acrescentou: “... para aprenderes a amar.”
E os partidos políticos, religiosos ou sociais incitam as paixões, ateiam o incêndio do ódio e adormecem a sufocam as consciências.
No programa da evolução interior está, em primeiro capitulo o protesto consciente e forte e heróico, em quaisquer circunstancias, contra as guerras e o cabotinismo das fronteiras e da paz armada e dos pactos Kellog, o dever de protestar, com todas as forças da consciência, contra todas as causas de conflitos entra homens.
Por isso, repito: não sou advogado, não sou capitalista, não sou sarcedote, não sou político, não sou acadêmico, não sou comunista nem socialista, não pertenço a nenhuma grei, embora todos os nomes batismais com que me desfavorecem os críticos.
Não tenho programas pra reformas sociais, literárias ou religiosas.
Viver a mente em harmonia com o coração e procurar realizar na vida, a criatura ideal que o cérebro concebe e o coração sente em uma sociedade melhor, viver o que a imaginação generosa é capaz de sonhar no individuo superior, humano, é programa inexeqüível para os que apresentam programa... para os outros.
E a minha mente finita – busca no Eterno e no infinito da minha vida subjetiva, procura tirar das criptas profundas da super-consciência, essa nota da Harmonia Universal perdida nos abismos de luz e sombra da alma humana.
O programa da Vida em toda a sua plenitude é o programa da liberdade integral, é o programa do Direito Humano dos que soluçam e cantam e aspiram a um sonho, mas alto de Amor e de Beleza.
E’ o programa da Solidariedade Humana – para a vontade de Harmonia.

*
* *

Nunca ninguém me viu num bordel num “Cabaret” ou num “Cassino”. Desafio.
E “senhoras” recém-casadas, brasileiras, virtuosas consortes de cavalheiros respeitáveis, da “boa” e da “alta” sociedade, que os freqüentam aqui, na Europa ou no Prata, ao lado dos maridos, me teem convidado para ir ver de perto a sociedade “chic” dos bordéis elegantes. Sempre me recusei. Não os conheço. Nem os daqui, nem os de Buenos-Aires. E denominaram o meu gesto de puritano... E são eles os puritanos, moraliteistas, defensores da sociedade constituída. Não. Eu me não poderia divertir ao lado da dor inominável da prostituição mascarada de alegria desbordante – exposta nos mostradores dos salões, a sensibilidade e o coração das mulheres pendurados aos harpéos dos magarefes desse comercio desalmado.
Nunca fui nem mesmo “para estudar”... “para observação psicológica”, como vai “toda gente” de espírito...
Para que?
Conheço por demais até aonde podem ir às misérias humanas, quase sem ter tido contato em elas.
Meu pobre pensamento me aferroteia na angustiosa inquietação da dor social. Não é mais preciso esverrumar uma chega que sangra.
Deixo aos cristãos piedosos e caridosos, ás senhoras religiosos, todos defensores da sagrada instituição da família, essas espécie de distração elegante – tomar champagne ou nos “cabarets” chics e jogar nos salões dourados da fina flor dos “Cassino” de luxo... Os bordeis do “bas-fond”,também freqüentados nas grandes metrópoles pelas damas virtuosas das “sociedades de espírito”, como os bordeis de alto bordo chamados “Club” ou “Cassino” ou “Hotéis” ou “cabaret” são como atrativos indispensáveis para a ociosidade sensual das famílias bem constituídas, abençoadas pela Religião, registradas pelo Estado. E os intelectuais que os freqüentam e que tomam parte em todas essas diversões da “gente de espírito” e “emancipada”, são eles os noticiaristas puritanos dos fatos policiais em que delegados que fazem “desgraçada” uma menina nas salas de despacho dos comissários da policia. São eles que denunciam como culpada a mulher assassinada pelo marido, pelo amante ou pelo irmão, porque não soube guardar e respeitar a “honra” de toda a família... São os que enchem a boca com as formulas de Deus! Pátria! e Família!
Farsa representada para a imbecilidade milenar dos domesticados da Rotina. E são eles, é a gente de espírito, a gente elegante e “fina”, são essas senhoras, as “coureuses” de diversos desses gêneros, nos “réveillon”, no Carnaval, nos bailes modernos, são esses mesmos os que fazem a caridade nos salões e sustentam os edifícios suntuosos dos templos católicos, os Asilos do Bom Pastor (!) e os colégios religiosos, e defende encarniçadamente a moral dos bons costumes e a sacratíssima instituição da família.
E’ natural e lógico. A prostituição é um dos esteios mais poderosos da moral religiosa. A’s colunas sociais – governos, capital, militares e clericais – é preciso acrescentara coluna central – a prostituição.
E’ a razão por que toda a sociedade elegante, toda a fina flor do parasitismo dourado espouca champagne e brilha o espírito nos salões feéricos onde reinam as prostitutas profissionais e a alta prostituição das negociatas e das intrigas de diplomacias secreta. E’ no “Cabaret”, é no “Cassino”, é nos hotéis das praias elegantes que as quatro primeiras colunas sociais solidificam a solidariedade das suas formulas de defesa: Deus, Pátria e Família!
Apóiam-se na coluna central – a prostituição.
Admirável organização social!
Toda esta sociedade não passa de um imenso bordel de vampiros da consciência e proxenetas da razão humana.
Perscrutar até aonde vai a imbecilidade e o acarneiramento de “toda gente”, procurar sentir toda a insolência da perversidade organizada em partidos e programas – para acarneirar, acuar, imbecilizar e explorar – já não será um programa... social?


Extraido do livro: Amai e... não vos Multipliqueis
Autora: Maria Lacerda de Moura
Editora: Civilização Brasileira
Ano: 1932
paginas: 11 á 23

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Acordo do 9º Expressões Anarquistas sobre o processo eleitoral.




Reafirmamos que o Voto Nulo é Voto Útil, Voto de Protesto como caminho a um mundo mais justo e igualitário, no sentido que faz parte de uma atuação de conscientização da ação direta.
Rejeitamos o processo eleitoral como festa da democracia e a denunciamos como uma grande ilusão que afeta nossa população e faz a manutenção do processo de exploração e opressão de nossa gente.
Conclamamos a que todxs que não concordam com o sistema politico, econômica e social que se posicione de forma a não mais sustentá-lo e denunciá-lo como profundo criador de injustiças sociais, fazendo do voto nulo de protesto como sinal desse compromisso.
Não podemos transferir sempre para estranhos políticos e partidos a responsabilidade de nossa liberdade e justiça, há de ser uma ação de nossa própria força, da nossa solidariedade em torno do movimento anarquista e seus princípios de autogestão e federalismo, sem partido, sem patrão, sem religião, sem políticos.

São Paulo, 12 de Outubro de 2010.

Um povo unido não precisa de partido um povo organizado não precisa de estado

     Encontramos hoje no meio da falta de ação operaria em seu cotidiano o estresse da rotina do raso salário a pressão patronal a famosa exploração do homem pelo homem que há séculos ainda existe. Já passou da hora da nossa verdadeira emancipação dos trabalhadores, daqueles que realmente coloca a mão na massa.
     Em 1917 quando os trabalhadores passavam por uma intensa carestia de vida com a jornada de trabalho entre 14 á 16 horas por dia, onde mulheres e crianças trabalhavam o mesmo período com o salário pela metade sabendo que as crianças eram vitimas de maus tratos perante seus misérios erros.
     O povo já indignado com os acontecimentos se revoltou, se uniram através de sindicalismo livre também conhecido como sindicalismo revolucionário, sem nenhum envolvimento com o estado, partidos, patrões o povo se ergueu, através de greves e resistência foram vitoriosos a conseguir redução da jornada de trabalho e direitos a salário mínimo, férias e diversos outros direitos, e essa forma de sindicalização livre foi mal vista pelos patrões e pelo estado nisso começaram a caça invadindo sedes e bibliotecas libertarias erguidas e usadas pelos próprios trabalhadores, queimando livros e documentos prendendo militantes libertários, permitindo apenas a forma de sindicalização estatal no caso a sindicalização pelega que age de acordo com o estado e com o patronato separando cada vez mais os trabalhadores de diversas profissões, barrando os meios de prestar solidariedade de ambos, e assim ficar mais fácil para o estado controlador e o patronato explorador se manteres no topo da hierarquia. Continuando assim o seu meio de sustento roubando o suor dos trabalhadores, que nos sindicatos pelegas já não pode confiar, por já terem nascidas domadas.
     Trabalhador que sua mão esquenta a produção é a mesma que poderá livrar-te da exploração.
Apesar das greves, observamos as comunas. As comunas livres que é o nome dado a uniões dos trabalhadores em frentes as barricadas em defesas dos seus interesses coletivos, comunas de resistências contra o patronato e o estado, contra a exploração, contra acidentes de trabalho e os patrões impunes!
     Muitos ainda são acusados de ter se acidentado propositalmente com a intenção de obter benefício material, até mesmo salarial.
     Coisa que é realmente impossível nenhum operário é capaz de se acidentar propositalmente apenas pra receber algum tipo de beneficio temporário e pelo acidente nunca mais poder trabalhar, o patronato diz que o acidente foi proposital para não prejudicá-lo, como uma forma de armação, tudo para se livrar da responsabilidade.
     Por isso os trabalhadores se levantam em grandes greves, que é umas de suas defesas, e quando são chamados a policia ou a tropa de choque pelo patronato ou pelo estado, os trabalhadores se unem mais, em meios de barricadas, que é a segunda maior defesa, pois as autoridades no caso, a “justiça” só existe para a defesa da classe privilegiada do estado do patronato donos de grandes impérios que eles conseguirão na custa daqueles que acorda cedo que sem dinheiro para o ônibus vai a pé pro trabalho.
     E essa forma de “justiça” como nos já estamos cansados de ver exemplos que esta na defesa como sempre esteve do lado de quem tem dinheiro e dos privilegiados, isso mostra também que não somos realmente iguais perante a lei, pois se realmente fossemos não existiria fiança pra tirar ricos da cadeia, no caso o patronato ou representantes do estado.
     Por isso também que os trabalhadores devem se unir em busca de interesses comuns, trabalhadores de diversas áreas de trabalho, pois em todas as áreas sofrem os mesmos problemas exploração, repressão, estresse cansaço pela rotina da jornada de trabalho, a carestia de vida vai se expandindo através da pressão psicológica.
     E todos esses problemas são comum num local de trabalho, mais também é comum a forma de livrar deles, que são as greves organizados pelos próprios trabalhadores sem nenhuma central sindical, as boicotagens , a sabotagens no caso as união dos trabalhadores, assim como a emancipação dos trabalhadores a de ser, assim como deve ser obra dos próprios trabalhadores, se erguer na guerra contra todas as guerras. Guerra contra o capital, contra o militarismo, contra o estado, contra a democracia representativa (eleitolismo, ditadura titulada democracia!) contra o estado, contra o governo, contra todos que explora e prejudique externamente e internamente, só assim os trabalhadores em busca da evolução, que a evolução nada mais é do que um conjunto de revoluções, pela união dos povos e o fim das classes sociais, onde os problemas e dificuldades não serão resolvidos por superiores, pois tais “superiores” não mais existirão, pois com o fim das classes tudo serão resolvidos através das federações e confederações livres pelas assembléias populares sem delegação de poder só assim que os trabalhadores estarão destinados a censo comum a uma classe igualitária que seria o fim de todas as classes, mantida apenas pelas trocas de solidariedades onde cada um conforme o seu ritmo, e a cada ritmo conforme a sua necessidade!

Cleber Aleixo, Danças Das Ideias

A politica não me interessa

O voto? – Nem secreto, nem masculino, nem feminino.
O voto secreto? – A confissão publica da covardia, a confissão publica da incapacidade de ostentar a espinha dorsal em linha reta, a confissão publica do servilismo e da fidelidade aviltante de uns, do dominismo das mediocracias legalmente organizados.
Democracia? – Ferrero a definiu: “este animal cujo ventre é imenso e a cabeça insignificante”...
O voto não é a necessidade natural da espécie humana: é uma das armas do vampirismo social. Si tivéssemos os olhos abertos, chegaríamos a compreender que o rebanho humano vive a balar a sua inconsciência, aplaudindo á minoria parasitaria que inventou a e representa a “tournée” da teatralidade dos governos, da política, da força armada, da burocracia de afiliados – para complicar a vida cegando aos incautos, afim de explorar a todo o gênero humano em proveito de interesses mascarados nos ídolos do patriotismo, das bandeiras, da defesa sagrada dos nacionalismo e das fronteiras, da honra e da dignidade dos povos ...
Depois, a rotina, a tradição, a escola, o patriotismo cultivado, carinhosamente, para que carneirada louve, em uníssono, o cútelo bem afiado dos senhores. A religião, a família se encarrega do que falta para desfibrar o individuo.
O voto, a legislação interesseira e mesquinha dos pais da Pátria, Parlamentos, Senados, Consulados, Ditaduras, Impérios, Reinos, republicas, Exércitos, Embaixadores, Mussolini – “escultores de montanhas”, símbolos da cegueira do rebanho humano, ídolos que substituem e se equivalem, brinquedos perversos de crianças grandes, sonhos transformados em “verdades mortas”, infância, atavismo de paranóicos...
A política é um trapézio.
Direito do povo, sufrago universal... Palavras. Dentro do demagogo há uma alma de tirano. Caída a mascara que atraiu o rebanho humano, o ditador salta no picadeiro da política, as duas mãos ocupadas: em uma, o “manganelo”; na outra, o óleo de rícino...
Tem razão Aristóteles: “O meio de chegar á tirania é ganhar confiança da multidão: o tirano começa sempre por ser demagogo. Assim fizeram Pisistrate em Athenas, Téagéne em Mégara, Denys em Syracusa.”
Assim fez Mussolini.
Quando Ruy Barbosa, por exemplo, falava tão alto contra os nobres pais da pátria, é porque tinha na alma o despeito louco de não ter sido elevado ao pico Maximo da vontade de poder.
Em política, age-se de modo inverso: os tribunos demagogos adulam o povo, elogiam a soberania do povo, proclamam dos direitos do povo, prometem a felicidade do povo e sobem empurrados pela embriaguez nacionalista e pelo servilismo e docilidade do povo, mas mais representado pela “populaça de cima”...
Quem quiser subir aos picos da vontade de poder, não procura as vozes desassombradas e nem toma decisões sem ouvir a direção de seu partido. Obedecer é a escola de quem quer mandar.
O político é um acrobata e, para alguém ser acrobata tem que principiar cedo a deslocar todas as juntas...
O político quando sobe ás culminâncias da gloria e do poder, já se dobrou tanto, já se curvou já se humilhou, já fez de tal modo o corpo de arco e a alma em cameleão que é capaz identificarem-se com o molusco.
Como deve ser difícil engolir a liberdade de opinião, a liberdade de consciência, a liberdade da imprensa, a coragem de proclamar altas as convicções – si fazemos parte de um partido definido, com declaração de princípios e afirmações categóricas e ação metodicamente organizada para derrubar partidos contrários ou dogmas religiosos que vêem ferir os nossos dogmas e pôr diques á nossa desenvoltura apostólica!...
Quando a imprensa é só louvor aos “eleitos” de cada partido político; si ninguém quer senão o que interessa aos seus planos e aos projetos e decisões do seu partido; si todos se preocupam com cidadão e desprezam o homem livre, si se trata de ser sempre contra alguém, para subir, para vencer, custe o que custar; si obedecemos á lei em prejuízo da consciência; si fechamos os olhos para ver e nos servimos da lógica como instrumento para abafar as vozes sinceras; si semeamos o ódio e as ambições,nas farsas patrióticas dos nacionalismo de partidos a se digladiarem pelo osso da vontade de poder, pelo osso do domínio pela gloria política – abrimos alas a uma ditadura mussolinesca como todas as arlequinadas do “manganello”, batuta da orquestração paranóica do atavismo elevado á altura de gênio, e que há de representar, condignamente a dignidade de Cônsul, como aquele cavalo celebre...
Também nós insensivelmente, pouco a pouco, preparamos o ambiente para que surja, neste país, um capataz, rebenque em punho, para Gaudio dos acrobatas moluscos das democracias de demagogos.
Somos uma nação de leis.
E Sócrates já dizia: “é a lei que corrompe os homens. Quem quer que aconselhe: “Obedeça á lei” – é corruptor aos olhos do filósofo. Mas, quem quer que aconselhe: “Obedeça á tua consciência” – é corruptor aos olhos do povo e dos magistrados”. (Han Ryner- “Les véritables estretiens de Socrate”.)
E, a propósito da liberdade da imprensa, lembremo-nos ainda de Sócrates: “Parece-me bem insignificante a coragem que acha temíveis certas verdades.”
Que será preciso para ser político ou servir a amigos políticos?
- Ouvir, observar, acatar, obedecer, curvar-se ante os poredros da política, louvar ao povo, cantar a soberania do povo, prometer liberdades e... Fazer ginástica.
Cada um de nós tem o direito a si mesmo.
Ninguém pode exigir da consciência de outrem.
Os homens se esqueceram da própria realização interior – para cuidar de todas as necessidades perfeitamente desnecessárias, criada pela avidez do progresso material, do gozo, do luxo, da ociosidade, criadas pelo cupidez do capitalismo absorvente e pela perversidade inonimavel do industrialismo de tudo, inclusive das consciências, organização social de caftense de vampiros do sentimento humano, mantida pela policia, pelo capital, pelas religiões dominantes, que separa os humanos em vez de unir, e pela força armada – escola que chacina para formar almas de canibais condecorados.
Cada um de nós tem o seu governo interior: tudo que vem de fora, não constituindo uma nota de beleza, de harmonia vibrando em unisono com a nossa harmonia – é a violência, é ódio que gera o ódio. Mandar, como obedecer, é covardia: degrada, avilta, imbeciliza o gênero humano.

Maria Lacerda de Moura
Amei e... Não vos multipliqueis
Ano 1932, editora: Civilização Brasileira
Paginas 56 à 60

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Rafael Fernandez: fora do anarquismo não há salvação

     Ultimo militante anarquista da velha guarda na Grande Porto Alegre. Afiador de facas (amolador) e tradutor Seu primeiro trabalho foi nas minas de Brilbão, na Espanha, Sua terra, onde nasceu no povoado de San Juan de Torres, Em 1900. Já militante, atuou na Argentina, nos anos vinte, trabalhando entre os camponeses e posteriormente como cozinheiro em Buenos Aires.
     Rafael Fernandez chegou em Porto Alegre em julho de 1927, ligando-se ao grupo que editava A Luta. Tinha então 27 anos, Seus companheiros de caminhada são Jesus Ribas, Anastácio Gago Filho, Francisco Diz, Daniel Conde e Frederico Kniestedt, entre outros.
     Posteriormente foi trabalhador nas minas do Butiá, onde ajudou a criar o movimento sindical. Voltando na organização dos canteiros, como então se chamavam os trabalhadores da construção civil. Logo depois de Trinta, adotou a sua profissão definitiva: amolador. Foi uma opção claramente política: “Adotei essa profissão por duas razões fundamentais: primeiro porque me deixava livre, para sempre, da figura do patrão; segundo porque me deixava mais tempo para ler”, dizia Rafael Fernandez.
     Extremamente humilde, Rafael não se considerava um militante, mais “um homem a serviço de suas idéias”. Na realidade, nesse meio século, de 1930 a 1980, ele percorreu Porto Alegre em todas as direções com seu carrinho de amolador. Casualmente estava sempre por perto onde havia qualquer tipo de agitação operaria, levando seu verdadeiro material de trabalho: A luta, A Plebe, Ação Direta, Dealbar, etc. Isto lhe custou, entre outras violências, dois meses no Presídio do Gasômetro, em 1930.
     Atuando com Jesus Ribas, seu patrocínio, dirigiu com este o Centro de Cultura, Artístico e Cultural Euclides da Cunha, nos anos cinqüenta , do qual foi tesoureiro. Suas informações foram preciosas para a elaboração deste livro, Morou na cidade de Viamão de 1958 a 1988, quando faleceu. Continuava Fiel e arraigado aos seus princípios: “Fora do anarquismo não há salvação”, me afirmou reiteradas vezes.

...................
     O jornal libertário “O Inimigo do Rei”, de setembro de 1982, trouxe este texto seu:

O Dinheiro

     Há uma mentalidade subjugada, escrava do dinheiro e que não vê nada realizado sem esse Molok escravizador da vida humana. Cada coisa deve ser comprada.
     O trabalho: verdadeiro deus que salva a humanidade da fome, da miséria e de todas as pragas. Este deus está subjugado ao deus-dinheiro. Instrumento inventado pelos usurários para escravizar a humanidade. E aí o temos. Escraviza física, intelectual e moralmente.
     A humanidade vendo sua força de trabalho, sua honra, sua liberdade, e tudo o que tem para adquirir esse elemento (o dinheiro) que não faz nada, a não ser manter escravas a todos nós.
     Quantos crimes? Quanta miséria gerada pelo dinheiro? Será que a humanidade não poderia suprimir esse elemento de escravidão?


Livro: Os anarquistas no Rio Grande do Sul
Autor: João Batista Marçal
Editora: Unidade editorial porto alegre
Ano: 1995
Pagina: 61 á 63

J.Alves Torres, o pioneiro do Teatro Social no Brasil

Comerciário, adepto do socialismo mutualista, Joaquim Alves Torres foi o editor de nosso primeiro jornal operário, O social, em 1874, órgão literário e de defesa dos comerciários gaúchos, Nascido em Porto Alegre em 5 de outubro de 1853, filho de Joaquim Alves Maria Torres e Felicidade Alves da Conceição Torres, foi posteriormente jornalista e funcionário publico, Cronista e contista. Pertencia à maçonaria.
Lançando seu jornal em 5 de setembro de 1874, um mês depois conseguia reunir em torno dele um grupo de comerciários que fundou a Sociedade Dramática Particular Luso Brasileira ,responsável pela apresentação de algumas peças de conteúdo social entre nós. Desse grupo faziam parte Ernesto Silva, João Moreira da Silva, Azevedo Júnior e outros Jovens idealistas que buscavam seu espaço na vida cultural da província. J. Alves Torres, como se assinava, foi, à sua maneira, um ótimo militante comerciário. Colaborou em todos os jornais que, na época, defendiam a união da classe, especialmente O caixeiro (1875), O Colibri (1877) e O Atleta, esse ultimo porta-voz do Clube Caixeiral Porto-Alegrense,fundado em 1882, do qual foi um dos idealizadores.
A grande paixão de Joaquim Alves Torres era o teatro. E ele conseguiu ser um bom dramaturgo, com mais de dez testos encenados e publicados. Vários desses textos têm fundo social. O seu drama O Trabalho (in teatro Rio-Grandense, Livraria Americana, Porto alegre, 1911), representado aqui em 4 de outubro de 1903, no vigéssimo nono aniversário da Sociedade Dramática Particular Luso Brasileira, Conta a vida de um capitalista, corrupto e perverso, que é derrotado por um operário socialista. Peça panfletaria socialista, um de seus principais personagens preconiza que o “o socialismo não é uma mal compreendida guerra ao capital e à propriedade privada e sim o bem sonhado pela humanidade que um dia assistirá sorridente ao amplexo fraternal desse mesmo capital com o trabalho”.
O jornal anarquista A Lanterna, de São Paulo, ao fazer referencia, em 1903, ao seu drama O Dever (Editora Globo, Porto Alegre, 1901), o compara à Electra, de Pérez Galdós, o acontecimentos teatral mais eletrizante dos meios operários no começo do século. O que mais encantou os libertários paulistas, seguramente, foi o anticlericalismo de seus textos
Joaquim Alves Torres faleceu em porto Alegre em 25 de agosto de 1910. É o pioneiro do teatro social no Brasil.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ernesto Francisco de Souza e Silva (Ernesto Silva)

Ernesto Silva

Ernesto, Um comerciário,Nosso primeiro militante

A primeira categoria de trabalhadores que se organiza em associação em Porto Alegre, para a defesa de seus direitos, é a dos comerciários, Sua trincheira é o clube caixeiral Porto-Alegrense, fundado em 1° de novembro de 1882. Os caixeiros trabalhavam de sol a sol, sete dias por semana. Daí a primeira grande luta e conseqüentemente a primeira vitória dos trabalhadores gaúchos: a conquista da lei de Fechamento de Portas, conseguida em 1884, espécie de Lei Áurea do balcão, que obrigava os comerciantes locais a darem folga aos seus operários, nos domingos.
Esta conquista se deve a um balconista de farmácia – Ernesto Silva, nosso primeiro dirigente operário, um adepto do mutualismo, uma das correntes mais antigas do anarquismo, com raiz ideológica nos textos de Pierre-Joseph Proudhon. Além de dirigente, ele também pode ser considerado nosso primeiro militante da causa do proletariado.
Seu nome completo era Ernesto Francisco de Souza e Silva. Nasceu em Porto Alegre, no bairro Belém Novo, em 16 de janeiro de 1855, filho de Justiniana Silva e Eleutério Francisco de Souza e Silva. Foi poeta teatrólogo e depois farmacêutico pratico. Usou o pseudônimo de Nestor em seus trabalhos literários. Se assinava Ernesto Silva.
Seus primeiros textos em defesa de sua categoria profissional foram publicados no semanário Social, em 1874, editado aqui por Joaquim Alves Torres (1883-1910), jornalista, teatrólogo e amigo. Em 1877 editou a revista Colibri e, em 1878, Caixeiro, em cujas páginas colocou com clareza a situação de absoluta escravidão em que viviam os comerciários. Em 1880 editou O Telefone. “Foi assim que Ernesto Silva escreveu bons contos, narrativas agradáveis, quantidade de versos excelentes, dramas e comédias e muitos artigos doutrinários, a maior parte deles em prol da classe a que pertence e nos quais revelou habilidade, pois enchia-se de argumentação vigorosa, tornando-os em razão disso convincentes”, informa Alves Torres em O Atleta, de 1° de novembro de 1885.
Diz a mesma fonte: “Ernesto Silva foi em Porto Alegre um dos primeiros que advogou a modesta e distinta classe dos caixeiros. Pugnou com fervor pela sua união. Demonstrou a necessidade de congraçarem-se para benefício de todos. Em 1882 pôs-se à frente da mocidade caixeiral e alentado, intrépido, disposto aos obstáculos que se opusessem, propôs a criação di Clube; e esse ideal dos caixeiros,esse ideal que lhes parecia sempre uma utopia, deveu sua realização à máscula vontade de Ernesto. Fundou-se o Clube Caixeiral e coube a ele, por direito, por justiça, a honra de presidi-lo.”
A categoria estava unida e tinha a sua organização Vencida esta etapa, era hora de partir para a luta pelo descanso semanal para os trabalhadores de balcão. Era preciso levar essa luta para além dos muros profissionais. Ernesto Silva funda, então, O Atleta, porta-voz dos balconistas da cidade, cujo numero inicial sai em 7 de maio de1883. Órgão declaradamente mutualista, tinha por lema Instrução e Beneficência.
Com a pressão que se cria e com a ajuda do pequeno comerciante português Antonio Corrêa de Souza Peixoto, um ano depois era conseguida a polêmica Lei de fechamento de Portas, na realidade um parágrafo incluído no Código de Postura Municipais e que só entrou em vigor efetivamente em 1885, mesmo assim muito claudicante, uma vez que o presidente da Câmara de Vereadores – Felizardo José Rodrigues Furtado- era comerciante, profissão também de outros vereadores metropolitanos.
Vencida esta batalha, Ernesto Silva se transferiu para São Leopoldo, onde estabeleceu sua própria farmácia, editou a revista Lélia e acabou vereador e juiz distrital. Pertencia então à Academia Rio-Grandense de Letras. Deixou esparsas algumas peças de teatro, representadas no próprio Clube Caixeiral, e um livro de poesias : Lampejos Efêmeros (Porto Alegre, 1886). Faleceu em 12 de janeiro de 1909.

O Atleta, de 7 de novembro de 1886, traz este seu poema:


AVE-LIBERTAS

- Quem és? Que buscas tu na pátria brasileira?
- Eu venho do passado e vou para porvir.
- Silêncio! Tu não tens horror à gargalheira?
- Eis o meu ideal – lutar, vencer, subir!

- Temerária, não tens receio da mordaça?
- Venho da escuridão e marcho para luz...
Para abafar o grito horrível da desgraça
Quebro o certo real e calco os pés na Cruz.

Combato com ardor os monstros sanguinários,
A Cruz-superstição! O cetro – tirania!
Nas forjas do dever em fundo abecedários
Dos ferros da Opressão, da treva – Idolatria!

- Mas dizer-me quem és q’afrontas sobranceira
A vingança, o terror, a maldição e o ódio?
- Tu és o povo, escuta a minha historia inteira,
Eu sou, sublime herói, o teu anjo custódio.

Eu venho reunir a sacrossanta liça
Os moços varonis, a forte mocidade...
Trago na mão potente o gládio da Justiça,
Trago na fronte altiva os dogmas da Verdade,

Eu quero destruir o preconceito,
Sagrando em seu lugar a santa Idéia Nova...
Trabalho pelo bem, luto pelo Direito
E tudo que for mau hei de lançar à cova!

Eu quero resgatar o látego inclemente
O mísero sujeito ás leis da escravidão...
Ele conhece o planto – o negro também sente,
Ele conhece o amor – o negro é nosso irmão.

Eu quero libertar da torpe prepotência
Este vasto país tão belo e tão pujante!
Eu quero ensinar-te, povo, a senha vitoriosa:
- Pela federação, federação fundada na republica.

Há mais meio sec’lo esta província heróica
Terrível levantou-se em face do despotismo,
Opondo resistência aos áulicos, estóica,
Escrevendo com sangue os feitos do heroísmo.

Essa revolução provocou aos opressores
Que o povo riograndense é livre como os pampas!
Eu tenho fé que em breve, ao rufo dos tambores,
Os heróis d’esse dia hão de se erguer das campas!

Marchemos ao combate; ingente vai a luta...
É só do teu valor que espera salvação
A pátria. Vamos, segue, ó turba resoluta,
À conquista do bem para a infeliz nação.

Não mais padres nem reis – os frutos da Ignorância,
Não mais o Opróbio, o Crime, a Submissão, a Fome!
Eu trago-te o Progresso, eu trago-te Abundância.- Mas dize-me quem ás, quero saber teu nome?

- Não sabes quem sou, ó povo grande e forte?
Não me conheces tu, gloriosa mocidade?
Se tu fores vencido – hei de ser a Morte;
Mas sendo vencedor – serei a Leverdade!

Os sete bandidos de Ferrer (Formado o seu busto)

São setes as cores do prisma,
Sete os pecados mortais,
Sete os dias da semana,
Sete as notas musicais.

São sete os sábios da Grécia,
E as maravilhas do céu;
Sete as dores de Maria,
E as filhas de Macabeu,

E as vacas magras e gordas
Com que o Faraó sonhou,
E os dias com que o eterno
Do nada o mundo tirou.

São sete as pragas do Egito
E tudo o mais que aprouver,
Pois foram sete os bandidos
Que assassinaram Ferrer!

Henrique Gomes Ferreira

Revista Liberal, outubro/1921


Extraído
livros : Os anarquistas no Rio Grande do Sul"
Autor: João Batista Marçal
Editora: Unidade Editorial Porto Alegre
Ano: 1995

Deus?

Entrei pensando pela vida adentro,
Com a mais estranha singularidade.
E, desde então, obscuro me concentro,
Na indagação constante da verdade.

E toda a vez que pelos céus eu entro
A prescrustar os sóis na imensidade,
Onde aos milhões, em derredor de um centro,
Giram com toda regularidade,

Mais me convenço de que o velho mito
Antropomórfico, da antigüidade,
Deve todo o livro ser proscrito,

Visto que desde toda a eternidade
Nunca se deu um vácuo no infinito,
Onde se achar pudesse a divindade.

Guerra Social, Rio de Janeiro, 14 de setembro de 1912

Extraido do livro "Os anarquistas no Rio Grande do Sul"

Metal Sonante

Sabes quem sou?... eu chamo-me dinheiro,sou dos reis e deles é meu reino;
Encaro ao mal que faço ao mundo inteiro,
Bem como a cobra seu veneno.

E sabes de onde vim?... das priscas eras,
Sou filho da esperteza; a iniqüidade
E as travas amo, e sou pior que as feras,
Se roubo mil, dou um por caridade!...

Vou para o trust, o ideal liberticida,
O lúgubre fator da ruína alheia,
Em cujo reino um pão vale uma vida,
E mais que a vida vale um grão de areia.

20 de abril de 1911

Extraido do livro "Os anarquistas no Rio Grande do Sul"

Delenda

A ciência é um bem social: o humano ser liberta
Dos preconceitos vãos que a vida lhe crucia;
Precisa de Canaan na imensa luta aberta
Em busca da verdade e contra a barbaria.

A faina iconoclasta, em torno, já desperta,
Insólito rumor que cresce Dida a dia!
Desponta a redenção! Humanidade, alerta!
Ao nada a farda, a bolsa, a lei e a sacristia!

Abaixo a perniciosa educação burguesa
Que assoalha a hierarquia e a mísera pobreza
Jungida ao carro traz da abjeta escravidão!

O alvião à sociedade atual tão discrepante
E sobre o seu destroço uma outra se levante
Sem arma, sem miséria e sem prostituição!

extraido do livro "Os anarquistas no Rio Grande do Sul"

Descendo a máscara

Venho de Roma, do vaticano
Sou um bandido, vibro punhais,
Sou mais terrível do que um tirano,
Conspurco o povo, queimo e profano,
Trago veneno prontos, fatais.

Governo o mundo qual espantalho,
Gozo rainhas, destrono reis,
Sou tão lascivo, capso e bandalho
Que dos conventos faço servalho
E dos colégios, porcos bordéis.

Vivo da farsa, da vil mentira,
Como da presa, qualquer ladrão,
Teço as intrigas e, cheiro de ira.
Combato a ciência que o mundo admira
Ateando o fogo da inquisição.

Bem qual fastasma de especto audace,
Lúgubre sombra de voz feral
O homem persigo desde que nasce
Até que a morte lhe escave a face,
Multiplicando-me o capital.

Amo o passado, seus preconceitos,
Da nova Aurora tenho pavor,
Do inculto aufiro largos proveitos,
Tiro vaidade dos meus defeitos
Como se fossem de alto valor.

Da morte símbolo e da maldade,
Levanto forcas nas capitais,
Sou refinado na crueldade...
Busco a matanças na insociedade
Dos meus instintos capros, brutais.

Sou sanguinário, trampolineiro,
Espalho as trevas, fujo da luz,
Prego a humanidade, roubo dinheiro,
E ao que se queixa mais que ligeiro
Meto-lhe um susto, mostro-lhe a cruz!

.................

estraido do livro "Os anarquistas no rio grande do sul"

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Atirei alvo errado

Armas não atiram sozinhas
Balas se perderam da doceria
Pais perderam suas vidas
Por culpas das balas perdidas
Crianças não podem mais sorrir
Só restaram doces amargos
Da saudade do arrependimento da solidão
De suas vidas perdidas
Sem futuro estarão
Com suas balas perdidas

Cleber Aleixo

O partidarismo é racismo

Racismo: uma doutrina que sustenta a superioridade de certas “raças”
Partidarismo: paixão por um partido
Se formos analisar as duas definições racismo e o partidarismo chegamos na conclusão que são a mesma coisas.
O racismo é a idéia cega de um ser, ser superior aos outros, uma “raça de seres humanos” ser superior as outras, o preconceito que causa separatismo entre seres iguais.
O partidarismo é o amor cego até mesmo ignorante por um partido político que dizem aderir aos interesses do povo, brigando pela conquista do poder.
OPÁ, BRIGANDO PELO PODER???
Os partidos políticos brigando pelo poder de uma superioridade no poder “social” assim como a idéia racista que luta pelo poder de uma “raça” ou uma idéia se superioridade causando divisões entre os povos, e assim como tais separações e brigas “majoritárias” entre seres iguais como opção sexual, religiosa, time de futebol separando os povos cada vez mais, e aprisionando-os numa classe social. Com os povos divididos, de forma que são inimigos, através do futebol, partidos políticos, religião, “raças” e etc. mais fácil de usar um povo dividido de formas inimigas como massas de manobra, fazendo sofrer injustiças, sem ter ninguém a prestar solidariedade, não caiam nessa ROUBADA! Não importa quem vai estar no poder se é homem ou mulher, não fará diferencia alguma, pois o fato é que esta no poder! E o poder é o inimigo do povo anulando o seu ser, causando separatismo entre seres iguais, a mudança social não será colocando pessoas de outro sexo no poder! LUTAR CONTRA O PARTIDOS É LUTAR CONTRA O RACISMO! E sim destruindo todas as formas de poder! Sem partido nem pátria nem patrão nem estado nem religião.
“PAZ ENTRE OS POVOS GUERRA E DESTRUIÇÕES DAS CLASSES

Cleber Aleixo

Carta de Kropotkine em defesa dos Martires de Chicago

“Senhor editor do New York Harald,
A sentença de Chicago indica que o conflito, está tomando na América, uma proporção mais aguda e uma mudança mais bruta que jamais houve na Europa. As primeiras páginas desta história começam como ato de represálias inimagináveis. Uma boa dose de vingança, sem nenhum fato concreto, é o que se pode concluir do processo de Chicago.
Li com muita atenção os dados da causa (processo), conferi detidamente os indícios e as evidências, e não êxito em assegurar que semelhante sentença só aconteceria na Europa depois que todas as acusações fossem apreciadas e concluídas sua veracidade por um conselho de guerra da raiz da derrota, no caso comuna de Paris, de 1871 ou do terror branco da restauração borbónica de 1815, tempos atrás.
Mas é evidente, conclue-se imediatamente que nenhum dos SETE acusados jogou bomba alguma. Está por demais provado que alguns condenados nem assistiram ao comício de Haymarket e outros já se tinham retirado quando a policia furiosamente atacou a multidão. E mais: o promotor de justiça não sustenta que uma bomba foi jogada por algum dos SETE acusados, e sabe-se que desse gesto acusam outra pessoa que não está sob a ação de justiça.
Só Spies é acusado de ter entregado uma mecha para arear fogo a bomba: é o único homem acusado pelo testemunho de um tal de GILMER, cuja péssima reputação é demasiadamente conhecida como mentiroso, confirmado por DEZ pessoas que haviam estado com ele e não viram nada. Além disso, o mesmo GILMER declarou ter recebido dinheiro da polícia.
Depois dos acontecimentos de Haymarket, os legisladores de Illinois promulgaram uma lei contra dinamiteiros e, está pronta a promulgar outra lei contra toda a classe de conspiradores. Segundo esta última lei, qualquer ato ilegal, ainda que tenha fins legais, será considerado como criminoso; acaba, pois de ser destruído um dos principais artigos da constituição. Segundo reza a futura lei, qualquer incidente que resulte um ato ilegal, será também considerado como delito.
Na base não precisa provar que a pessoa comete um ato ilegal, pode ter lido artigos e ouvido discursos que aconselhavam cometê-los, e agora todos esses artigos e discursos serão responsáveis por atos delituosos.
Fica virtualmente suprimida a liberdade de falar e de escrever. Do mesmo modo a lei francesa reconhece uma relação direta entre o incitamento por meio da palavra falada ou escrita no ato executado.
A nova lei de Illinois me interessa pouco em si mesma e só desejo que conste o seguinte:
SETE anarquistas de Chicago foram condenados à morte graças a um SIMULACRO da lei que ainda não era, em 1886, quando se cometeram os “delitos” em causa; a referida lei foi proposta e aprovada com o propósito de ser aplicada no processo de Chicago e, seu primeiro efeito será MATAR SETE ANARQUISTAS.
Sou de você afetuosíssimo.
Pedro Kropotkine ”. (¹)

1. A carta de Pedro Kropotkine, deu-me o companheiro e meu amigo pessoal Victor Garcia, residente em Caracas – Venezuela, alguns anos antes de falecer. Também a Divulgou, na revista RUTA de 1° de maio de 1965, uma publicação da federação Ibérica de Juventudes Libertárias. Recentemente ofereci uma cópia à Robson Achiamé para divulgar na Revista Letralivre. Em junho de 2005, vi a carta de Kropotkine inserida no livro “Primeiro de Maio” de Ricardo Mella, organizado pelo “Núcleo de Pesquisas Marques da Costa” sem nenhuma referência ás origens, Edição Achiamé, Rio de Janeiro.

Extraído do livro “Rebeldias – Volume 3” de Edgar Rodrigues editora Opúsculo Libertário paginas 128 à 130.

O social e o econômico

Vivemos numa sociedade capitalista onde a lógica é por definição o lucro. Onde conscientemente até mesmo inconscientemente sabemos que alguém tem o dever se sair superior ao seu semelhante.
Regras aplicadas tanto do convivo econômico, tanto co convivo social, mais qual é a lógica dessa dinâmica majoritária? Tecnicamente nenhuma. Algumas pessoas defendem que os seres humanos são por sua natureza egoísta, até mesmo egocêntrica, mais onde se encaixa o termo que somos seres racionais?
Um ser verdadeiramente racional deveria por definição ter a consciência que “se tudo é de todos escravos não há” politicamente e socialmente, um escravo social e um escravo econômico, só o que muda é o termos, mais mantendo as mesmas definições, que a ordem dos fatores não altera o produto.

Cleber Aleixo

Estás em minha sala

Um olhar Prudente
Diante o lindo rosto sorridente
Se expressando por palavras mudas
Mais simbolizando o meu pensar

Querer pensar pretendendo analisar
Que te faz sorrir o que te faz pensar
O seu sorriso escorre em lagrimas de felicidade
Eu ainda vou te fazer sorrir ao seu lado irei pensar

O seu triste olhar nunca está aceso
Isso me faz pensar, numa única vez
Que te vi com a testa enrugada
Você lá fora e eu dentro da sala a te observar

Eu sorri curioso, nervoso querendo saber
Quem te fez enrugar a testa e o motivo
Mas segundos após tu volta a sorrir
E eu volto a pensar em sua face alegre

Querer te dizer, mais não ter inícios pra dialogar
Lembrar-te de tuas mãos fechada e seu polegar estendido
Perante o brilho no olhar, perguntando com palavras mudas
- Tudo bem com você?

Perguntando com gestos, respondendo com gestos á brincar
Mão direita, polegar direito, mão esquerda polegar esquerdo
Pé direito, pé esquerdo acabou formas de erguer os polegares
Mas tudo bem com você?

O sorriso é instantâneo, mais equivalente ao estudo
É sempre séria e estudiosa, perguntando quando à duvidadas mesmo!
Mais até sobre isso estou sempre a observar
Gosto de ver os gestos dela em cada expressão

Agora só não sei se ela sabe sobre mim
Mais os pequenos contatos foram realmente muitos curtos
Numa manhã de prova, o dia de demonstrar as verdades
Matemática, geografia, matriz e economia, pra complicar a sua vida!

Acabei de terminar a prova, ela chegou a mim
Perguntar se eu fui bem, pensei pra responder
Pois o melhor a fazer demonstrar sinceridade e humildade
-É fui mal expressei já bem envergonhado, pois ela é estudiosa

E assim ela abre o sorriso e diz:
-É isso ai, toca ai é nós juntos a semana que vem na escola
Foi ai o nosso primeiro diálogo, estudo, esporte e fotos
Foi ai que ela disse a primeira suspeita que a nossas intenções fosse à mesma

Quando comentarão o meu cabelo em pé mais conhecido como spikes
Entro no assunto das fotos da internet que em umas delas tem uma garota
Uma garota de moicano, onde ela questiona
- E aquela menina de cabelo em pé? Quem é?

Assim ela termina a pergunta sem incrementar
-E uma garota que faz role coma a galera que por quê?Ela responde:
Mais entre tudo isso eu acho que eu sou mais bonita, me perguntou se eu não acho
Perante toda a timidez se escondendo

Apenas sorri pensando em concordar
Para ganhar um ponto com ela
Mais apesar de tudo percebi um interesse nela sobre mim
Querendo saber sobre a esposa se uma camada meu

Mais achei melhor deixar no susto
Assim ela já sabe que sou solteiro
Mais ela só queria saber o meu pensar sobre ela
Não quero me expressar pela primeira vez com ela em publico

Mais a incerteza de um olhar Prudente
Faz-me sorrir alegremente
Se expressando tristes realidades e sorrindo sentimentalmente
Mas não quero que ela se desconfie de minhas realidades

AMANHÂ eu irei à vela
PRETENDO conversar com ela
Como todos os outros dias anteriores
Mas nos nunca se encontra a soes

Pois os amigos dela me julgam como estranho
Porque todos os dias eu escrevo minhas revoltas na lousa
E muitos ignoram e outros dão risadas
As amigas dela me criticam, pois todos pensam diferente sobre minhas idéias

Pois eu adoro que me criticam
Principalmente quando tem argumentos
Melhor do que falar por traz, como observo muito
Sou detalhista ao ouvir o meu nome

Jamais me esquecerei daquele sorriso
Esquecerei apenas aquele que prefere não me ver
Sempre olharei para você
Simplesmente prudente e sinceramente,

Inquestionável o meu olhar por ti, mais
Consciente em minhas propostas
Ainda quero te fazer sorrir!
Quero ver a borboleta voar com liberdade

Usando as suas únicas 24horas para se divertir
E sentindo a sua liberdade
Requerendo as chaves para abrir a nova geração
Olhar de liberdade expressa na prisão

Tentando com esperança de conquistar
Esperança esta sentada a esperar o momento certo
Beijar tem-se varias formas
Espero ser a forma inesquecível de sua memória

Imediatamente sou um cara que precisa conquistar o seu sorriso
Jamais quero te ver de olhos tristes
Alguém que esta aqui quer sempre te ver sorrir e,
Rapidamente quer estar ao seu lado feliz apenas por estar ao seu lado


Cleber Aleixo

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Polícia Militar agride população presente na XIV Parada do Orgulho LGBT

No dia 05 de setembro deste ano aconteceu em Goiânia a XIV Parada do orgulho LGBT. A festa foi legal em geral, todos curtindo de maneira pacífica e praticamente sem confusões, apesar de que na nossa opinião deveria ser um dia de luta e protesto ao invés de festa e comemoração. De acordo com a organização do evento, o combinado que haviam feito com a prefeitura e a própria polícia era que o evento iria terminar às 22 horas, porém aproximadamente às 21:20 várias viaturas da polícia militar começaram a chegar com o intuito de expulsar as pessoas do local, um lugar público, uma rua em que todos deveriam ser livres (pelo menos de acordo com a constituição, apesar de que não acreditamos no cumprimento da mesma) para circular. Utilizando-se de gases de efeito moral, a polícia começou a reprimir as pessoas que estavam no local ainda que essas pessoas não estavam cometendo nenhum "crime", e muitos não se sentindo acuados pela polícia (por não estarem fazendo nada de errado) continuaram tranquilos e pacíficos no local. Vendo que a ação com os gases de efeito moral não estavam adiantando para expulsar as pessoas do local público os policiais passaram para um ataque mais violento, detendo pessoas que não haviam feito nada e utilizando se de agressões físicas contra essas pessoas. Revoltada com essas atitudes dos policiais, uma jovem se aproximou e questionou aos policiais o porque dessas pessoas estarem sendo detidas e agredidas, porém sem resposta os policiais começaram a desferir chutes, socos, coronhadas e choques contra a jovem, deixando ela no chão quase desmaiada e mesmo nessa situação eles não pararam de agredí-la. Revoltad@s com o ocorrido, várias pessoas foram para cima dos policiais (dentre essas pessoas estava a companheira da jovem agredida, que também foi derrubada e agredida) e os policiais começaram a desferir golpes contra tod@s, até mesmo crianças foram alvo desses fascistas covardes, que deixaram várias pessoas feridas. Sem ter o que fazer, todos começaram a correr descontrolados tentando fugir das agressões dos policiais, que continuavam correndo atrás das pessoas e desferindo golpes em pessoas indefesas. O ocorrido lembrou muito aquelas cenas vistas em filmes e documentários da época do regime militar, que a polícia fortemente armada ataca o povo indefeso e sem ao menos ter feito nada de errado.Agressões como essa que aconteceu nesse evento acontecem em vários lugares todos os dias, e o que me disseram é que não é a primeira vez que acontece na própria parada LGBT. Pelo que parece é que todos os anos, já a algum tempo, a polícia sempre chega de forma violenta para acabar com o evento antes do horário programado. Atitudes como essas não podem ser toleradas por nós, não podemos aceitar tal violência calad@s, devemos nos organizar para combater essas atitudes, devemos nos auto-defender desses fascistas fardados.Em referencia ao ocorrido, queremos declarar que não ficará assim, essas agressões não serão simplesmente esquecidas sem serem resolvidas, porém como não acreditamos na justiça através das instituições (ainda mais contra a polícia) declaramos que a justiça será feita pelas mãos do próprio povo, pois só o povo unido tem força suficiente contra o Estado e seus defensores fascistas fardados.ABAIXO A VIOLÊNCIA POLICIAL!!!O FASCISMO NÃO PASSARÁ IMPUNE!!!Ps.: É importante lembrar que a polícia está a mando da classe dominante e dos políticos que fingem representar o povo, portanto nas próximas eleições VOTE NULO e não eleja assassinos, já que esse não foi o primeiro e único ataque a mando do governo, devemos lembrar também do ataque feito as pessoas da ocupação SONHO REAL, dos ataques feitos as pessoas que estavam no CARNAVAL DE GOIÂNIA e também das várias pessoas que a polícia mata ou agride no dia a dia e que acaba caindo no esquecimento.

Extraido
http://fogocob.blogspot.com/2010/09/policia-militar-agride-populacao.html

domingo, 1 de agosto de 2010

União e Luta, trabalhadores em busca de sua real emancipação!

Boicote a democracia não eleja poderes, nada é mais belo do que a emancipação própria, e a emancipação de sua classe é a sua própria obra,
Política, só se for de ação direta!
Vote nulo entre uma merda ou outra, as duas são extremamente tóxicas, por isso, pare e pensa, não prefira nenhuma
VOTE NULO DE PROTESTO!
"A EMANCIPAÇÃO DOS TRABALHADORES A DE SER OBRA DOS PROPRIOS TRABALHADORES!"

terça-feira, 6 de julho de 2010

Edgard Leuenroth (1881-1968)




Edgard Leuenroth (1881-1968)
Anarco sindicalista e arquivista, deixou um dos maiores arquivos sobre a história operária brasileira (deste do fim do séc XIX e início do séc XX, até a década de 30). Entre os jornais que participou, destacam-se "A Terra Livre", "O Trabalhador Gráfico", "Folha do Povo", "A Plebe" etc. Um orador da causa libertária, foi preso inúmeras vezes, (inclusive na Greve de 1917, que parou Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Sorocaba, Santos e ainda hoje uma das maiores greves da história do país). Antes de sua morte, expressou o desejo que seu arquivo fosse cuidado por militantes libertários, desejo que sua família não cumpriu, vendendo-o a Universidade de Campinas (Unicamp) que burocratizou o seu uso e "perdeu" parte do precioso arquivo.

Anarcosindicalismo

O anarco-sindicalismo é um meio de organização e um método de luta e de acção directa dos trabalhadores, que tem as suas raízes nos postulados da Primeira Internacional e do sindicalismo revolucionário. Inspira-se em fontes essencialmente federalistas e anarquistas, e, com uma nítida actuação revolucionária e uma clara orientação libertária na sua prática, tende constantemente a conquistar as máximas melhorias, em todos os sentidos, para a classe trabalhadora, com o objectivo da sua emancipação integral e da supressão de qualquer tipo de exploração e de opressão do homem pelo seu semelhante ou por qualquer instituição, e, ao mesmo tempo, luta pela abolição de qualquer tipo de capitalismo e de qualquer forma de Estado. Irredutivelmente oposto aos sistemas sociais e políticos hoje reinantes, luta pela transformação radical das sociedades e regimes que neles assentam e pela instauração de um meio social de convivência humana baseado nos princípios do comunismo libertário.
O anarco-sindicalismo não é nem uma doutrina nem uma filosofia. Extrai o seu conteúdo teórico do socialismo humanista e, sobretudo, do anarquismo, cujos postulados de defesa integral da personalidade humana, da liberdade, da solidariedade, do apoio-mútuo e da associação voluntária e federativa, constituem o seu mais sólido fundamento. O anarco-sindicalismo, dentro do movimento operário moderno, é uma corrente sindical totalmente independente, com características próprias bem vincadas, tanto pelo seu conteúdo básico como pela sua forma de organização e pelo seu desenvolvimento funcional, livre de quaisquer formas de centralismo e de burocracia. Tem sempre em conta a personalidade do filiado e estimula a sua participação na vida sindical. Respeita a autonomia das secções, dos sindicatos, das federações e das confederações. O anarco-sindicalismo também se singulariza pelos método de acção directa que utiliza, pela sua dinâmica e estratégia de luta e pelo facto de os seus objectivos finais estarem sempre presentes na sua orientação social. Outra das suas características distintivas inconfundíveis é a sua recusa de qualquer colaboração de classe, de qualquer compromisso com o capitalismo ou com o Estado, ainda que fosse em nome do "interesse nacional"; de qualquer participação ou intervenção em qualquer organismo, misto ou oficial, dependente do governo ou do patronato; de arbitragens e legalismos e de intermediários de qualquer tipo, nas contendas sociais quotidianas. O anarco-sindicalismo, considerando-se em luta permanente e sem tréguas contra o sistema que combate e pretende abolir, recusa tudo o que interfira com a sua liberdade de acção, tudo o que possa limitá-la ou restringi-la. Está sempre na vanguarda da luta social e das reivindicações dos trabalhadores. O anarco-sindicalismo mantém vivo o espírito revolucionário entre as massas operárias. Exercita-as e treina-as, através do combate voluntário, consciente e directo, no desenvolvimento das suas próprias iniciativas, ao mesmo tempo que contribui para a sua capacitação e máxima preparação, para que, sobretudo, possam vir a assumir conscientemente, prescindindo de qualquer partido político, as suas responsabilidades na autogestão directa da nova sociedade a construir e a organizar, uma sociedade livre, justa e solidária. Nessa nova sociedade, suprimidas as classes e com a ajuda de todos os progressos científicos e técnicos, procurar-se-á proporcionar, a todos e a cada um, através do trabalho e do esforço, individual e colectivo, o máximo de bem-estar e de segurança, com um imprescritível, intocável e inalienável respeito pela liberdade e pela personalidade de cada ser humano, objectivo primordial coincidente com o anarquismo. O anarco-sindicalismo não pretende ser um fim em si, nem criar uma nova ideologia social predominantemente sindicalista. Também não pretende assumir total e globalmente a representação e a administração da nova sociedade, nem moldá-la de forma uniforme e imutável. A sua concepção do comunismo anárquico está viva, aberta ao futuro e às várias modalidades susceptíveis de aplicação, sempre aperfeiçoáveis, desde que tenha uma base essencialmente libertária.
Objectivos e fins
O anarco-sindicalismo tem uma noção clara de que o desencadeamento da revolução social para derrubar o capitalismo e o Estado, para conseguira a renovação e a transformação da sociedade, não depende unicamente da sua força, e de que não poderia tão-pouco assumir de forma exclusiva todas as responsabilidades funcionais no desenvolvimento da sociedade futura. Não pretende criar uma nova ordem na qual teria um predomínio monopolizador determinante. Também não apresenta o comunismo anárquico como a panaceia ou fórmula mágica para a solução dos problemas económicos, sociais e políticos, mas sim como um objectivo dos mais viáveis, racionais, lógicos, justos e éticos, de carácter sociológico, para conseguir a convivência livre, harmoniosa e solidária, entre os seres humanos que desejam uma sociedade nova, sem antagonismos intestinos, sem alienação da individualidade e na qual as relações humanas possam desenvolver-se sem constrangimentos autoritários. O anarco-sindicalismo apresenta a solução comunista libertária, caracterizada por ser livre e aberta, evolutiva e aperfeiçoável, sem planos rígidos nem uniformes, visto que, além de ter consciência das grandes mutações e transformações que ocorrerão no mundo e na humanidade, não pode ignorar que as modalidades de aplicação do comunismo anárquico, se bem que conservem e afirmem uma concordância nas suas grandes linhas essenciais e nos seus aspectos fundamentais, terão as suas variantes, devido às condições reais existentes em cada país (condições ambientais, de mentalidade e psicológicas, dos seus recursos naturais e do seu próprio desenvolvimento económico, industrial, etc) e também devido a outras causas complexas, que influenciam o comportamento dos homens e têm as suas raízes na própria biologia das sociedades. As próprias formas de organização sindical que o anarco-sindicalismo já hoje adopta, dentro do sistema capitalista – as suas estruturas industriais, agrícolas, económicas e financeiras, e outras de tipos variados e complexos que lhe são peculiares, que não pode deixar de ter presentes para uma maior eficácia do seu combate ofensivo e defensivo –, não são inamovíveis. O anarco-sindicalismo, através das suas próprias experimentações e também de forma improvisada, tem capacidade para modificá-las ou aperfeiçoá-las (respeitando sempre as bases funcionais federalistas e de autonomia – o fim e a essência libertária), dadas as próprias mudanças que podem vir a operar-se quando o sistema capitalista-estatal for substituído pela nova sociedade comunista libertária. As bases desta nova sociedade exigirão as necessárias e indispensáveis mudanças e reajustamentos, nos planos económico, da produção e da distribuição, funcional e dos serviços, da organização do trabalho na complexa gama de coisas vitais e aspectos a considerar que afectam o todo social. O anarco-sindicalismo considera que este tipo de sindicato e de organização sindical pode e deve ser um dos pilares principais em que terá de apoiar-se e suster-se a sociedade.
Características próprias do anarco-sindicalismo
Uma das melhores qualidades e virtudes do anarco-sindicalismo é o respeito absoluto pela personalidade do afiliado, a quem convida, constantemente, a militar, de forma voluntária, abnegada, desinteressada, na vida do sindicato, das suas secções, das federações, da organização em geral; a assumiras suas próprias responsabilidades; a expor livremente as suas opiniões, a fazer as suas opções e a tomar as suas decisões nas assembleias; a participar directamente na acção e na luta; a aplicar as disposições que derivem dos acordos que a organização, de comum acordo, tenha adoptado. Na organização anarco-sindicalista, as decisões (acordos) são tomadas de baixo para cima; os cargos, regularmente renovados, são revogáveis; a liderança e o burocracismo são rechaçados. A organização sindical anarco-sindicalista conta unicamente com os seus próprios meios económicos, baseados nas quotizações dos seus afiliados, para se desenvolver, para a sua actividade, para a solidariedade, isto é, para atender a todos os seus problemas e preocupações. Desta forma, assegura a sua plena e total independência. Pode afirmar-se que não existe organização sindical tão íntegra como a anarco-sindicalista. Os seus militantes não podem aspirar a espécie alguma de sinecura e, ao longo da sua vida, devem dar provas da sua abnegação e servir de exemplo pela rectidão do seu comportamento pessoal. O anarco-sindicalismo entende que não há nem pode haver convivência livre nem justiça social dentro da sociedade de classes; que os fundamentos desta perpetuam e consagram a divisão entre os homens; que qualquer reforma que não destrua os alicerces dessa sociedade não modificará a essência da situação em que se encontramos trabalhadores, que continuarão a ser oprimidos e explorados. Por estas e outras razões de princípio, o anarco-sindicalismo é contrário à colaboração de classes, à co-gestão, à aceitação de uma participação interessada nas empresas capitalistas. O anarco-sindicalismo e o sistema capitalista-estatal são totalmente incompatíveis. O anarco-sindicalismo é anti-parlamentar devido à sua posição de princípio anti-autoritária e por considerar o parlamentarismo absolutamente ineficaz, do ponto de vista da efectiva emancipação da classe trabalhadora. A experiência da acção dos partidos políticos operários, denominados socialistas, marxistas, democratas, etc, que, sob a inspiração do marxismo (principal responsável pela cisão da Primeira Internacional e pela apologia e prática da acção política representativa por parte dos trabalhadores, que já existe desde o meio do século passado), chegaram, em certos períodos e lugares, a obter maiorias absolutas e a formar governos, como pudemos presenciar em vários países, é suficientemente eloquente e demonstradora da esterilidade da luta nesse terreno. Dentro do sistema que hoje impera, qualquer governo, socialista, social-democrata ou com qualquer outra denominação, através do próprio mecanismo das forças de pressão existentes neste sistema – dos seus tentáculos e armadilhas omnipresentes –, vê-se obrigado a servir os interesses do capitalismo e do Estado, em nome do grande"interesse nacional" e em detrimento dos interesses da classe operária.__________________________________(*) Extraído do folheto ¿QUÉ ES LA A.I.T?, editado pelo Secretariado da A.I.T. em Abril de 1997 (este folheto foi traduzido para português pela AIT – Secção Portuguesa em Junho de 1999).

Zumbi derrotou o exercito 17 vezes, sem leis, sem Estado e sem religião (Edgar Rodrigues)





"Não concebo que o trabalhador negro, que foi para o Brasil como escravo, não fosse considerado trabalhador." Edgar Rodrigues.



"Os padres ameaçavam os negros: não adianta fugir que Deus vai te encontrar. Os negros respondiam escapando... a Floresta é maior!"



" no primeiro livro que dediquei a questão (social e das comunidades libertarias), e que se chama "Socialismo e Sindicalismo no Brasil", eu o iniciei pelas lutas dos escravos. Porque não concebo que o trabalhador negro, que foi para o Brasil como escravo, não fosse considerado trabalhador. Todos os livros escritos no Brasil até aquela época não incluíam as lutas dos escravos entre as dos trabalhadores, apesar de, desde o meu livro, se terem feito já muitas abordagens nesse sentido. Eu achava que o escravo foi para o Brasil para trabalhar, não foi especificamente para ser escravo, foi uma forma que encontraram para o obrigar a trabalhar, pela comida e pela roupa. Foi então por aí que eu comecei, pelos chamados quilombos. E dei grande destaque ao quilombo de Palmares, por muitas razões: porque foi uma comunidade que conseguiu reunir 20 mil pessoas, que durou quase um século, derrotou o exército brasileiro 17 vezes, e sobreviveu sozinho sem leis, sem Estado e sem religião. Eles tinham lá as místicas deles, é verdade, mas conseguiram viver sem dinheiro, fabricavam a sua própria roupa, plantavam, colhiam e fiavam algodão, e conseguiram criar uma verdadeira comunidade socialista libertária.
Eu, naturalmente, abordei profundamente esses aspectos, e então, foi por aí que comecei, em 1673. A partir dessa altura, fui acompanhando todas as comunidades de trabalhadores negros e de toda a gente que tinha ideias [de emancipação social] e que veio depois, como a comunidade do Said, de Santa Catarina, que foi antes da colónia Cecília, e depois a própria colónia Cecília e os primórdios da propaganda num sentido político-social. Os imigrantes que vieram de Itália, uns poucos de Portugal, outros de Espanha, começaram a publicar pequenos jornais também falando dessas ideias. Quer dizer, eu percorri esse trajecto até chegar, naturalmente, ao sindicalismo, tal como ele se veio a apresentar já na última década do século XIX.
A colónia Cecília foi uma experiência anarquista, especificamente, ao contrário do quilombo de Palmares, que era anarquista, mas onde não havia uma consciência disso. À parte desse aspecto cooperativo, houve um facto curioso e importante, é que o Zumbi, talvez o homem que mais se evidenciou no quilombo de Palmares, foi o primeiro sujeito que tentou criar um país, atingir uma comunidade independente, antecipando-se assim a Tiradentes, a figura central da luta pela independência do Brasil, em mais de dois séculos. Ora, isso, para mim, é uma coisa muito importante. Os ex-escravos formaram uma comunidade muito grande em território, que seria, geograficamente, quase do tamanho de Portugal. Essa experiência socialista libertária, mesmo na ausência duma consciência assumida dessa ideia, realizou coisas interessantíssimas. Eles travaram, continuamente, uma luta contra a escravatura. Através duma produção maciça de alimentos, que conseguiam escoar e vender nos mercados no sul do Brasil, no Paraná, no norte, em Pernambuco, e noutras regiões a que chegavam, financiavam as fugas do campo. Estabeleceram uma luta contra os fazendeiros, quer económica, porque faziam concorrência com os seus produtos nos mercados, quer social, porque organizavam a fuga dos escravos. No começo, os fugitivos eram quase só homens e não havia portanto mulheres no quilombo, por isso nem procriação, nem prática sexual. Eles tiveram, então, de patrocinar as fugas, e fizeram-no até ao ponto de terem atingido uma família de 20 mil pessoas."

NASCE A SOCIEDADE 1° DE MAIO

O trabalhador via-se explorado, doente e habitando lôbregas – apesar do seu estafante trabalho cotidiano _ mas não atinava com as causas exatas de seu sofrimento secular, daí as suas constantes explosões de revolta rude e agressiva.
Foi neste ambiente de atraso cultural que os anarquistas e sindicalistas revolucionários principiarão a desenvolver a sua propaganda. A sementeira, em terreno agrestes, apresentava-se difícil, mais, como o problema econômico entrava no primeiro plano das reivindicações imediatas, os trabalhadores aceitarão bem a pregação revolucionaria. Todavia, faltava consistência ideológica e conhecimentos profundos para a transformação social, preconizava pelos libertários, coisas só compreendidas depois de uma vasta e bem apurada propaganda.
Contrariando os governantes e as autoridades, os operários da construção civil de santos fundavam, em 1900, a “Sociedade Primeiro de Maio”, destacando-se entre os fundadores: Severino Cesar Antunha, Luiz Lascala, atualmente vereador em Santos, Alexandre Lascala, Serafim Sole e João Faria.
Em outubro de 1900, nasce em são Paulo, o jornal “Avanti”, dirigido por Vicente Vacirca, que desenvolve a idéia socialista. Norteava os dirigentes do “Avanti” o socialismo da escola de Fourier e a questão operaria.
Logo no ano de 1901, fundava-se a “liga dos Artistas Alfaiates” que, em 1906, passou a denominar-se “Sindicato dos Artistas Alfaiates” e, em 1909, “União dos Alfaiates”.
No ano de 1902, realiza-se a primeira manifestação publica do 1° de Maio. Por seu lado, os socialistas instalam o seu congresso, em São Paulo, também durante o mês de maio. As resoluções ali aprovadas produziram seus frutos nos meios operários, apesar da condição de Partido Socialista Brasileiro. O Congresso durou de 28 de maio a 1 de junho.
Estoura como uma bomba e projeta-se até ao Brasil o livro “anarquismo”, de autoria do Juiz da Corte de Halle, Dr. Paul Eltzbacher.
No começo do século XX, publica-se em São Paulo, “A Lanterna”, jornal anti-clerical.
Assim se apresentava aos leitores e ao publico, em sete de março de 1901: “A Lanterna”: “Formidáveis exércitos invasores, armados com as mais aperfeiçoadas maquinas de guerra, fabricadas pela nossa falsa civilização para semear a morte e a ignorância nos campos verdejantes do trabalho, são muitas vezes repelidos por um pequeno grupo de homens, munidos de armas de defesa muito baratas e até mais frágeis, mas que se batem com mais arrojo do que as tropas mercenárias do invasor.
É poderoso formidável o exercito clerical que se pôs em marcha para conquistar esta terra e já está alvejando-nos com os seus golpes: O dinheiro e a hipocrisia. Nós somos, apenas, um punhado de homens. Somos dez? Somos vinte? Que importa! Seremos legião amanhã quando todos que sabem quanto o clericalismo e prejudicial, quanto o jesuitismo é nefasto, quanto o beatório embrutece os povos, decidirem-se a vir engrossar as nossas fileiras fortalecendo o nosso campo”.
Foi desse modo que o Dr. Benjamin Motta, então Diretor de “A Lanterna”, (1) principiou sua campanha anti-clerical e anti-política, atacando o poder econômico da igreja como empresa, como auxiliar da auxiliar da exploração capitalista, como divisória do proletariado, como a mas perniciosa seita propagadora da ignorância e da escravidão física, econômica mental.
O Dr. Benjamin Motta foi um dos primeiros a pregar o anarquismo em São Paulo. Já no ano de 1898 publicava a revista de sociologia. O “libertário” e o “Rebelde”, os livros “rebeldias” (2), contra a fé”. Como anarquista, colaborou nos jornais publicados em São Paulo “Il Risveglio”, “A Nação, o “O País” e “Gazeta da Tarde”.
A página 44 de seu livro “Rebeldias” diz-nos o bravo defensor dos trabalhadores:

“Proletários! Oprimidos! Repeli energeticamente a moral burguesa, desprezai a esmola e combatei a caridade!
“O Rico, dando uma esmola, pertua os vossos males, num duplo intuito egoísta: ver o seu nome nos jornais, acompanhados de adjetivos e impedir que recobreis a vossa independência, que trabalheis para advento da sociedade nova”
Ao bravo advogado, focou devendo o movimento anarquista e o proletariado em geral, uma gratidão sem limites. Não só pelo valor e poder de sua oratória, mas porque onde quer que estivesse em jogo a liberdade dos trabalhadores, ali estava o Dr. Benjamin Motta fazendo a defesa da causa do proletariado.
As atas dos tribunais de São Paulo e de Santos estão cheias de seus discursos, se suas defesas, são documentos vivos de uma época.
Como jornalista e escritor, foi Dr. Benjamin Motta corajoso defensor do ideal anarquista.
Bateu-se a favor do escritor francês Emílio Zola, quando da questão Dreyfus e responde aos seus adversários ideológicos pelas páginas de “O Rebate”, nos seguintes termos: “os que nos conhecem, e conhecem o ideal anarquista (estes infelizmente são pouquíssimos no Brasil (3) mesmo não concordando com as doutrinas que abraçamos respeitarão a nossa crença, sabem que somos sinceros e que o entusiasmo pelas causas grandes e justa encontram eco em nosso coração de moço”.

Benjamin Motta dedicou-se mais à causa socialismo libertário, à defesa do proletariado, do que a si mesmo. Morreu pobre no ano de 1940.

(1) “A lanterna” viveu 34 anos com algumas interrupções. Na primeira fase _ diretor o anarquista Dr. Benjamin Motta _ publicou se da 1901 a 1904 (60 números); na segunda fase de 1909 a 1916, (293 números) e a terceira fase até 1935. Publicou 208, estas duas ultimas sob a direção do jornalista e anarquista Edgar Lenenroth.
(2) Livro publicado no ano de 1898, pela “biblioteca Libertária”, de são Paulo, opúsculo n.° 1 – 80 paginas.
(3) Refere-se o autor aos anarquistas existentes no Brasil no ano de 1898

Retirado do livro “Socialismo e Sindicalismo no Brasil” do autor “Edgar Rodrigues” editora “Laemmert” da pagina 79 à 81.

Canto Operario (1)

Neste inverno proletário
Nossa vida se consome
O escrevo do salário,
Açoitado pela fome.

Não é livre quem depende
De Potentes monstros de aço.
Não é livre quem se vende,
Só dispondo de seu braço.

Vossos braços
Fortes laços
Sempre vivos,
Enlaçai.
Vida!Vida
Decidida!
Eis, uni-vos!
Despertai!

Tu és sangue, liberdade!
Liberdade, tu és vida!
Mas mentira és Falsidade
Quando aos pobres concedida

Liberdade e alegria
Ao trabalho fecundante!
Seja a terra que nos cria
Para todos boa amante!

Desgraçados
Embalados
Na esperança,
Ficais sós!
Luta! Luta
Resoluta!
Confiança
Só em vós!

Nossas penas, nossas dores
São riquezas cumuladas.
Nem escravos nem senhores,
Sobre a Terra libertada!

Homens todos, produzamos,
Nas cidades e nas minas!
Comuns sejam – não dos amos –
Campos, frutos, oficinas!

Desgraçados
Embalados
Na esperança,
Ficais sós!
Luta! Luta
Resoluta!
Confiança
Só em vós!

Tudo, tudo produzimos,
Mas dispersos, nada temos!
Separados, sucumbimos;
Só unidos, venceremos!

Um só corpo, produtores,
Desde os velhos às crianças:
Nossas forças, nossas flores,
Nossas ternas esperanças.

Desgraçados
Embalados
Na esperança,
Ficais sós!
Luta! Luta
Resoluta!
Confiança
Só em vós!

Liberdade bem querida
Irmã gêmea da igualdade!
Só contigo tem nascido
Entre os homens a verdade!

Liberdade, mãe da vida!
Na igualdade, teu alento,
Só teu seio da guarida
Ao fraterno sentimento!

Desgraçados
Embalados
Na esperança,
Ficais sós!
Luta! Luta
Resoluta!
Confiança
Só em vós!

(1) De " A Terra Livre", 1° de maio de 1907

Extraído
Livro: Socialismo e Sindicalismo no Brasil
Editora: Laemmert
Autor: Edgar Rodrigues
Paginas: 194 á 196
Ano:1969

O metado o mais importante da ação

Emprega-se hoje, geralmente, esta expressão para designar, em sentido restrito, a ação da classe operária, sem interpostas pessoas, com os meios que lhe são próprios (greve, boicotagem, sabotagem, etc.).
Mas, analisando a idéia, vê-se facilmente que a ação sem interpostas pessoas, isto é, sem delegação de poder, tem aplicação em todos os campos, no econômico e no político, tanto contra patrões como contra as autoridades; abrange várias formas de atividade e resistência e não é senão o anarquismo considerado como método.
E o método é o mais importante para um partido ou movimento, o que, sobretudo o distingue, pois não basta boas intenções: é preciso saber o meio de as pôr em prática, de lhes dar realidade, A máxima: Todos os caminhos vão dar em Roma – não tem senso comum. Há os que vão dar a um abismo.
A ação direta, no sentido mais largo, poder ser violenta ou pacífica, individual ou coletiva, mas deve sobretudo ser contínua, de cada dia, em qualquer das suas formas, e em todas as duas fases, propaganda, organização, realização.
Agindo-se, praticam-se erros, dão-se passos falsos, golpes incertos. Quem caminha arrisca-se a tropeçar; sobretudo quando se começa, e falta a experiência, a musculatura e elasticidade. Mas todos esses erros, incertezas, inabilidades, tropeços, são corrigidos pelo exercício, pela própria pratica da ação, pela critica serena e acertada. Pensamento e ação.
O que é necessário ter bem presente é que a ação não pode ser substituída. Só a ação produz o fato, só ela mantém, Até os conservadores inteligentes o reconhecem (exemplo: Jean Cruet, A vida do direito e a impotência das leis).
Ainda suponho que a lei não fosse a expressão dos interessados das classes dominantes, pelo monopólio da riqueza, do poder e da influencia, ela seria pelo menos inútil, pois não viria reduzir a fórmulas estreitas e incompletas,permanentes de cada individuo e das coletividades interessadas origina e alimenta, em cada minuto e em cada metro quadrado do território. Todos os dias vemos direitos, escritos nas leis,desprezados por falta de resistência dos interessados e mais além, no mesmo país, respeitados quando são defendidos, E a lei é a mesma!
E é ainda necessário evitar o que pode contradizer, desviar, diminuir o ação direta, a emancipação por suas próprias mãos. Nós queremos uma revolução social, isto é, não “emancipar o povo”, mais que ele se emancipe, tome conta dos seus direitos, não se deixe roubar e mandar, não delegue poderes, organize e administre diretamente a produção.
Ora, nada ataca mais esta obra de emancipação própria, de esforço pessoal, do que o parlamentarismo e o eleitoralismo, desvio de energias e de organização, portas aberta a todas as corrupções, a toda as infiltrações de idéias e interesses estranhos

A Ditadura do Proletariado e o Socialismo (Edgard Leuenroth)

O Ideal anarquista, é negação de todo princípio de autoridade e a expressão mais completa das aspirações de liberdade que sintetizam a luta dos povos através dos tempos. Defendendo esse ideal que tem por objetivo extinguir, a divisão das coletividades em classes antagônicas, fonte de todas as lutas que ensangüentam a história, não podem os anarquistas concordar com a idéia de que, à ditadura do capitalismo, origem de todas as tiranias, se oponha a ditadura de outra classe. Embora essa classe seja o proletariado, seria isso fazer que a transformação social faltasse ao seu fim, deixando sobreviver o germe das disputas que perturbam a normalidade da vida coletiva. Seria simplesmente substituir a ditadura dominante por outra que passaria a dominar. A ditadura perduraria. E o grande mal está na permanência do domínio do princípio ditatorial.
Toda a vida da nova sociedade deve basear-se no trabalho, e a organização dos que trabalham, em todas as suas modalidades, manuais ou intelectuais, é a base da coordenação de todos os elementos que exercem função útil à coletividade. É pela obra reconstrutora dessa organização - praticada de acordo com os interesses coletivos, na base do federalismo libertário que se operará a extinção das classes, como a natural absorção das categorias inúteis e parasitárias.
Não concordando com a ditadura do proletariado, repelimos, com muito mais razão, a ditadura de um partido, ainda que esse partido, se apresente como sendo a elite do elemento revolucionário social e como a vanguarda da classe trabalhadora. Entendem os anarquistas que, dando-se à organização profissional a necessária eficiência de coesão, de capacidade administrativa, técnica e revolucionária no sentido renovador libertário, ela poderá assegurar o êxito da transformação social e a obra reorganizadora da sociedade.
O capitalismo, é certo, tratará não só de defender por todos os meios os seus privilégios de classe, durante o movimento reivindicador, mas também de reconquistá-los, após a queda de seu domínio. O proletariado, pois, deve preparar-se suficientemente para sustentar a luta, convencido de que será penosa e demorada. No embate decisivo, bem como no período de reorganização da sociedade, terão de ser usados os recursos revolucionários que as circunstâncias mostrarem ser necessários para a vitória sobre os elementos reacionários, até se firmar a estabilidade do novo regime. Entretanto, nunca perderemos de vista a verdade histórica de que a liberdade do povo só poderá ser conquistada pelo esforço organizado do próprio povo e nunca imposta pela coação de um poder central. Surgindo, muitas vozes, com intuitos revolucionários, esse poder naturalmente se transforma em organismo de reação sistemática, quer contra os elementos da direita, quer contra os da esquerda que trabalharam para efetivar a obra de transformação social.
O objetivo da revolução em todo o mundo é um só: a queda do capitalismo com todas as suas instituições draconianas. Julgam os anarquistas, entretanto, que a ação transformadora da sociedade terá naturalmente de se desenvolver, não em obediência a um padrão uniforme, como a ditadura do proletariado ou de um partido, mas de acordo com as exigências, cheias de modalidades diversas em cada país, obedecendo às características próprias de cada povo e às tendências históricas do seu movimento revolucionário.
Depois, há, ainda, a considerar uma questão de lógica. Ditadura do proletariado é mentira convencional e paradoxo. Ditadura é, como se define em direito, o poder exercido por uma minoria sobre a maioria. Ora, o proletariado é a maioria. Como se podem conciliar, pois, esses dois termos antinômicos?