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terça-feira, 6 de julho de 2010

NASCE A SOCIEDADE 1° DE MAIO

O trabalhador via-se explorado, doente e habitando lôbregas – apesar do seu estafante trabalho cotidiano _ mas não atinava com as causas exatas de seu sofrimento secular, daí as suas constantes explosões de revolta rude e agressiva.
Foi neste ambiente de atraso cultural que os anarquistas e sindicalistas revolucionários principiarão a desenvolver a sua propaganda. A sementeira, em terreno agrestes, apresentava-se difícil, mais, como o problema econômico entrava no primeiro plano das reivindicações imediatas, os trabalhadores aceitarão bem a pregação revolucionaria. Todavia, faltava consistência ideológica e conhecimentos profundos para a transformação social, preconizava pelos libertários, coisas só compreendidas depois de uma vasta e bem apurada propaganda.
Contrariando os governantes e as autoridades, os operários da construção civil de santos fundavam, em 1900, a “Sociedade Primeiro de Maio”, destacando-se entre os fundadores: Severino Cesar Antunha, Luiz Lascala, atualmente vereador em Santos, Alexandre Lascala, Serafim Sole e João Faria.
Em outubro de 1900, nasce em são Paulo, o jornal “Avanti”, dirigido por Vicente Vacirca, que desenvolve a idéia socialista. Norteava os dirigentes do “Avanti” o socialismo da escola de Fourier e a questão operaria.
Logo no ano de 1901, fundava-se a “liga dos Artistas Alfaiates” que, em 1906, passou a denominar-se “Sindicato dos Artistas Alfaiates” e, em 1909, “União dos Alfaiates”.
No ano de 1902, realiza-se a primeira manifestação publica do 1° de Maio. Por seu lado, os socialistas instalam o seu congresso, em São Paulo, também durante o mês de maio. As resoluções ali aprovadas produziram seus frutos nos meios operários, apesar da condição de Partido Socialista Brasileiro. O Congresso durou de 28 de maio a 1 de junho.
Estoura como uma bomba e projeta-se até ao Brasil o livro “anarquismo”, de autoria do Juiz da Corte de Halle, Dr. Paul Eltzbacher.
No começo do século XX, publica-se em São Paulo, “A Lanterna”, jornal anti-clerical.
Assim se apresentava aos leitores e ao publico, em sete de março de 1901: “A Lanterna”: “Formidáveis exércitos invasores, armados com as mais aperfeiçoadas maquinas de guerra, fabricadas pela nossa falsa civilização para semear a morte e a ignorância nos campos verdejantes do trabalho, são muitas vezes repelidos por um pequeno grupo de homens, munidos de armas de defesa muito baratas e até mais frágeis, mas que se batem com mais arrojo do que as tropas mercenárias do invasor.
É poderoso formidável o exercito clerical que se pôs em marcha para conquistar esta terra e já está alvejando-nos com os seus golpes: O dinheiro e a hipocrisia. Nós somos, apenas, um punhado de homens. Somos dez? Somos vinte? Que importa! Seremos legião amanhã quando todos que sabem quanto o clericalismo e prejudicial, quanto o jesuitismo é nefasto, quanto o beatório embrutece os povos, decidirem-se a vir engrossar as nossas fileiras fortalecendo o nosso campo”.
Foi desse modo que o Dr. Benjamin Motta, então Diretor de “A Lanterna”, (1) principiou sua campanha anti-clerical e anti-política, atacando o poder econômico da igreja como empresa, como auxiliar da auxiliar da exploração capitalista, como divisória do proletariado, como a mas perniciosa seita propagadora da ignorância e da escravidão física, econômica mental.
O Dr. Benjamin Motta foi um dos primeiros a pregar o anarquismo em São Paulo. Já no ano de 1898 publicava a revista de sociologia. O “libertário” e o “Rebelde”, os livros “rebeldias” (2), contra a fé”. Como anarquista, colaborou nos jornais publicados em São Paulo “Il Risveglio”, “A Nação, o “O País” e “Gazeta da Tarde”.
A página 44 de seu livro “Rebeldias” diz-nos o bravo defensor dos trabalhadores:

“Proletários! Oprimidos! Repeli energeticamente a moral burguesa, desprezai a esmola e combatei a caridade!
“O Rico, dando uma esmola, pertua os vossos males, num duplo intuito egoísta: ver o seu nome nos jornais, acompanhados de adjetivos e impedir que recobreis a vossa independência, que trabalheis para advento da sociedade nova”
Ao bravo advogado, focou devendo o movimento anarquista e o proletariado em geral, uma gratidão sem limites. Não só pelo valor e poder de sua oratória, mas porque onde quer que estivesse em jogo a liberdade dos trabalhadores, ali estava o Dr. Benjamin Motta fazendo a defesa da causa do proletariado.
As atas dos tribunais de São Paulo e de Santos estão cheias de seus discursos, se suas defesas, são documentos vivos de uma época.
Como jornalista e escritor, foi Dr. Benjamin Motta corajoso defensor do ideal anarquista.
Bateu-se a favor do escritor francês Emílio Zola, quando da questão Dreyfus e responde aos seus adversários ideológicos pelas páginas de “O Rebate”, nos seguintes termos: “os que nos conhecem, e conhecem o ideal anarquista (estes infelizmente são pouquíssimos no Brasil (3) mesmo não concordando com as doutrinas que abraçamos respeitarão a nossa crença, sabem que somos sinceros e que o entusiasmo pelas causas grandes e justa encontram eco em nosso coração de moço”.

Benjamin Motta dedicou-se mais à causa socialismo libertário, à defesa do proletariado, do que a si mesmo. Morreu pobre no ano de 1940.

(1) “A lanterna” viveu 34 anos com algumas interrupções. Na primeira fase _ diretor o anarquista Dr. Benjamin Motta _ publicou se da 1901 a 1904 (60 números); na segunda fase de 1909 a 1916, (293 números) e a terceira fase até 1935. Publicou 208, estas duas ultimas sob a direção do jornalista e anarquista Edgar Lenenroth.
(2) Livro publicado no ano de 1898, pela “biblioteca Libertária”, de são Paulo, opúsculo n.° 1 – 80 paginas.
(3) Refere-se o autor aos anarquistas existentes no Brasil no ano de 1898

Retirado do livro “Socialismo e Sindicalismo no Brasil” do autor “Edgar Rodrigues” editora “Laemmert” da pagina 79 à 81.

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