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domingo, 30 de janeiro de 2011

A INTELIGENCIA TEM SEXO?

A civilização fez do homem e da mulher duas raças sociais que se digladiam amorosa e ferozmente.
A natureza ordena que se busquem para uma harmonia maior, para uma harmonia a dois.
A sociedade investe contra o instinto, legalizando para os rebanhos humanos, moralizando as leis naturais...
A razão da mulher foi condenada á prisão perpetua, sob o pretexto de que a emancipação feminina é a causa da destruição do “lar sagrado”.
A instituição da família é baseada na ignorância calculada da mulher, no servilismo, na escravidão feminina.
Os corolários são imorais para o farisaísmo dos moraliteistas de béca, sotaina ou espada.
E’ a eternidade do indissolúvel, defendida pelos Pe. Coulet, que se reservam o direito de ficar solteiros para mais facilmente escalar o cercado alheio, sem assumir compromissos ou responsabilidades.
Quanto ao homem, concluiu: para a educação completa, precisa conhecer todos os vícios, e não ser piegas...
A morte da razão no celebro feminino.
A morte do sentimento no celebro do homem.
O resultado, todos nós o conhecemos, desgraçadamente.
Falso sentimentalismo de gramofone na cabeça feminina. Nada de razão: inteligência acorrentada aos prejuízos seculares, á rotina, voltada para o passado.
O perfil divino de uma Isadora Duncan, maravilha pelo imprevisto, pela originalidade superior, pela espontaneidade de uma organização individual tão alta que assombra pela grandeza de uma evolução isolada, única, autodidata, e de uma ética mais alta na beleza de se dar incondicionalmente, numa generosidade criadora de ritmos de sonhos para a felicidade integrada na liberdade agri-doce de viver intensamente a harmonia interior.
Um ser excepcional.
Mas, condenado á inação sob o ponto de vista do raciocínio puro, o cérebro feminino é a reflexo da inteligência do homem.
Pode ser cultíssima a mulher da “alta” ou da “boa” sociedade, pode falar de Ibsen, de Gorki ou de Maupassant, de Anatole, de Voltaire, de Zola ou de Mirbeau, de Sinclair, de Barbusse ou de Romain Rolland, pode discorrer em torno do teatro de Bataille ou de Moliêre, mas paira á superfície... é católica apostólica romana, não viu a critica de Voltaire ou de Moliêre, não sentiu a ironia do autor inimitável de “Thaís” ou de “L’ile de pingouins”. E’ caridosa, piedosa, crente, não sentiu o sorriso de amargura que paira em todas essas obras na analise dolorosa do problema humano ou da questão social.
E nisso mesmo, ainda imita o homem...
Também o homem “culto”, mesmo trazendo o peso do canudo de diplomado, com a biblioteca forrada de livros dos melhores autores, continua impermeável dentro da rotina, da tradição, do comodismo.
E’ o caso dos delegados, magistrados, juízes, promotores, bacharéis em suma, nos interrogatórios imbecís, a julgar ou a interrogar a presos políticos por questões sociais, confundindo as idéias de Marx com as de Bakounine, perguntando a anarquistas qual a espécie de governo que desejam, após da revolução... (verídico, em São Paulo), e, finalmente, declarando que também ele, delegado de segurança publica, pensa assim, também ele sonha tão altos ideais de uma sociedade anarco-comunista, apenas, apenas fala... somente diz em publico as suas idéias. E o “camarada”, daí em diante, era livre de pensar tudo aquilo, porem, não poderia escrever nem falar...
São literatos, “cultos”, viajados, lidos, pensadores de rebanho, vão á igreja, beijam a mãos dos bispos, freqüentam as Lojas Maçônicas e defendem a ordem social constituída.
Não é, pois de admirar que a mulher esteja nas mesmas condições, que repita e obedeça mentalmente. E a mulher ainda tem o que os homens apregoam de necessário para conte-la dentro da moral social: o “freio” da religião.
A civilização desdobra-se em múltiplas necessidades perfeitamente desnecessárias ao bem estar das criaturas humanas.
Mas, o homem é obrigado a mil movimentos diários e sucessivos para obter o pão e o supérfluo.
Daí, a inteligência a serviço da industrialização de tudo, inclusive do amor e das consciências.
Dai, a imbecibilidade, daí a vulgaridade, o reinado perverso das democracias, da mediocridade.
E o homem não tem tempo de pensar: repete. Si repete, acorvarda-se. Aceita qualquer alimento espiritual proporcionado ao redil humano.
Não discute para aprender. Grita para impor. Não analisa. Incapaz de conhecer-se, incapaz de realizar-se.
Quer “vencer na vida”. E salta por sobre o próximo, na voracidade da civilização.
Matou o sentimento.
E a razão? – Matou também a razão. O homem é maquina. Dentro desta organização social de vampiros e truões, de caftens e João Minhoca acionados todos através dos cordéis do “guignol” dos Casares do poder, da religião e do capital, ser “individuo” – Homem ou Mulher – é bem difícil.
Diógenes apagaria de vez a lanterna e se refugiaria para sempre, no fundo do túnel, mais céptico que nunca.
As sociedades, as seduções do gozo material, a ambição, os dogmas da família, da religião, da pátria, da civilização, da rotina, dos prejuízos sociais procuram impedir a realização interior.
E é preciso desertar da sociedade – para chegar a tal resultado.
E não é fácil ser anti-social.
Não é heroísmo de fachada o heroísmo do deserto.
Para reivindicar o direito de pensar, o homem ou a mulher tem um saltar por sobre miríades de dogmas, por sobre centenas de ídolos, por sobre milhares de símbolos, de prejuízos, de traições, por sobre convenções e “verdades mortas,” por sobre as “mentiras vitais” da civilização, por cima de todas as fraudes sociais.
E tudo se resume no gesto de arrancar o pescoço o disco de gramofone da marcha de Rakoczy e reivindicar o direito de ter cabeça
Impossível essa atitude nobre de altiva, si queremos der “damas” da sociedade, políticos ou acadêmicos, profetas, mestres ou sacerdotes...
Homens e mulheres – disco de gramofone da moral e da ortopneia social.
Equilibrado e harmonioso – o balar do rebanho humano!
Anomalia! Loucura! Loucos os que denunciam os crimes de lesa-felicidade individual os crimes de lesa-humanidade.
Como é diferente honra ser classificada por “anomalia” – quando não se quer pisar o semelhante para vencer no “guignol” do trampolim social.
E’ uma honra essa loucura que não quer pactuar, que não quer ser cúmplice do vampirismo ou do caftismo social.
A realização interior não é apenas questão de inteligência, não é problema de malabarismo de palavras.
A inteligência não depende de cada um de nós: não há mérito na inteligência. O mérito, si pode ser controlado pelos outros, está na coragem heróica do desprezo aos bens materiais, á gloria das arquibancadas sociais e ao “que poderão dizer?”
O mérito, si existe, está em não balar junto ao rebanho humano, a voz da rotina e dos prejuízos servis dos domesticados.
O mérito está na deserção.
Consiste em ser anti-social.
E’ o heroísmo delicioso de ir contra a corrente.
E’ a coragem de ser “individuo” e conservar a dignidade humana em meio da ferocidade coletiva.
E, si a inteligência não tem sexo, muito menos tem sexo a coragem para enfrentar os capatazes do rebanho social e negar-se pactuar com brutalidade de civilização das maquinas humanas e dos dólares desumanos.
Quando o homem alía á mentalidade do pensador o sentimento do artista, Tagore, por exemplo – sensibilidade por assim dizer feminina, delicada na sua grandeza espiritual de maternidade ou de piedade humana, ninguém sente a anomalia.
E, de fato, a evolução tem de levar a razão e o sentimento até a harmonia entre a mente e a sensibilidade interior – cérebro e coração – para um sonho mais alto, para uma concepção mais elevada do problema de Vida.
E quando uma mulher alía á sensibilidade feminina um sentido mais profundo da questão humana e eleva a sua razão a alturas pouco acessíveis ao “boudoir” das preocupações vazias dos ácios masculinos e femininos; quando alça nas mãos o sentimento para fazê-lo pairar á altura da razão, num esforço fantástico, num salto milenar, desde as eras medievais até o século da relatividade e do individualismo ryneriano da “vontade de harmonia”, essa mulher não faz mais do que esboçar o tipo de futuro no qual cantará o equilíbrio harmonioso entre o sentimento e a razão, entre o pensamento e a vida, - para mais profunda intuição, na escalada de um evolver mais amplo, para uma visão mais pura na fantasmagoria dos sonhos que sobem para as alturas.
Nem a inteligência é privilegio do homem, nem o sentimento é apanágio exclusivo da mulher.
Condenado á inação sob o ponto de vista intelectual, o cérebro feminino é o reflexo da inteligência do homem.
A mulher repete, obedece mentalmente. As suas idéias são convicções do coração... Ela pensa através do sentimento de simpatia ou amor dos que vivem ao lado da sua vida de odalisca ou de besta de carga, animal de tiro ou criadeira inconsciente como a incubadora que recebe os ovos por imposição.
Uma grande amiga costuma dizer-me: sempre estive a serviço...
Sob todos os aspectos da vida, a mulher está a serviço.
Não escapa a essa domesticidade, e essa fidelidade, a inteligência feminina, a serviço da mentalidade masculina.
Na literatura, na poesia, pensadora ou artista, não tem fisionomia própria: está a serviço do passado, da rotina, dos preconceitos religiosos, políticos ou sociais, do modernismo em arte ou dos revolucionários.
Vivemos a civilização unissexual.
Reivindicando os seus chamados diretos, dentro dos partidos, da luta de classes, dos métodos de ação da política reacionária ou revolucionaria, é impelida pelo homem, estimulada pelos chefes, - está sempre a serviço.
Pouquíssimas no mundo inteiro, raríssimas as que põem a inteligência a serviço da sua própria consciência.
Mas, não acontecerá o mesmo com os homens? São em numero elevado os loucos anormais, as “anomalias” que saltam os tapumes do redil social, arrancando da cabeça o disco de gramofone do simbolismo admirável de Andréas Latzko?
São muitos os que souberam positivamente reivindicar o direito de ter cabeça?
São em número considerável os que desprezam o balar harmonioso dos rebanhos de parábola, a louvar os magarefes e os afiadores de facas?
São tantos assim, os que, loucos, anti-sociais, anti-patriotas, anti-religiosos, anti-sectaristas, anti-dogmaticos, livram-se de todas as muletas e de todos os escapulários?
A grande maioria dos pensadores de rebanho, impermeável ás próprias verdades subjetiva, emparedada dentro do ídolo majestoso da rotina.
Cultura de rebanho, os diplomas e as glorias das letras, das artes, das ciências, pensadores e filosóficos, acadêmicos e doutores – a serviço da ordem social, do massacre humano, da civilização industrial, da concorrência, do canibalismo, do progresso material – todos tocam o disco da marcha vitoriosa das “mentiras vitais”, dos ídolos, da tradição, dos dogmas e do “que poderão dizer?”
A covardia mental é a mais poderosa das forças reacionárias.
Respeitar, repetir, louvar – é a palavra de ordem social.
E a mulher é a educadora da infância!
Nas suas mãos está a escola.
E quanto absurdo, quanta cretinice, quanta barbaridade patrioteira, quanta estupidez honrada e virtuosa eu ensinei na escola, á criança e a juventude!
E’ o que repetem os milhões de professores pelo mundo inteiro – para a conservação do fóssil do passado reacionário no dominismo dos padres, dos reis, dos democratas demagogos, dos militares e do bezerro de ouro.
Essa é a ordem social e nenhum instrumento mais apto á sua conservação embalsamada do que a mulher.
Chegaremos a tempo de acordar os mortos?...
Aprender a pensar e ter o heroísmo de pensar em voz alta não é privilegio do homem.
E’ certo: é mais fácil e mais cômodo vender-se á gloria de picadeiro e arquibancadas patrióticas e religiosas, á sedução dos aplausos inconscientes das multidões, aos uniformes das academias, ás condecorações e títulos honoríficos, ao prestigio social.
Não invejemos os mais belos talentos de subterfúgios, masculinos ou femininos, a serviço das leis, da ordem, da policia, da sociedade, dos crimes contra o gênero humano.
Pertencer a uma grei, a um partido político, religioso ou social, ser o porta-voz de um dominismo contra outros nomes de advogados e políticos, de acadêmicos e militares, de sacerdotes e profetas.
Nada de muletas.
Nem uma muleta é capaz de nos trazer a felicidade interior.
A humanidade não soube encontrar ainda a solução para as duas necessidades principais, os instintos predominantes do reino animal e seguiu rumo oposto á sabedoria dos chamados irracionais.
Comer e Amar.
E o gênero humano enlouquece, degenera-se, suicida se, esmigalha as suas energias latentes mais admiráveis, cria a prostituição, as leis e o vampirismo social e tripudia por sobre os mais belos sentimentos e por sobre a pureza delicada de tudo que é belo e puro e nobre e santo – para satisfazer aos dois instintos predominantes.
Só consegue desviar-se cada vez mais do objetivo.
Todos insatisfeitos! Doloridos de fome ou indigestão. E famintos de amor.
E seria tão simples...
E é tal a complicação industrial e econômica, e é tal o grau de civilização, que são consideradas “anomalias”, as inteligências a servidão da volta á natureza, da vida simples, da realização interior – para a interpretação e solução do problema humano dentro da lei do Amor, solução que se resumiria nos imortais postulados de ética:
Sê tu mesmo.
Conhece-te.
Realiza-te.
Faz o que quiseres.
Não matarás.
Ama ao teu próximo como a ti mesmo.
Porque – só para amar foi feita a vida.

Autor: Maria Lacerda de Moura
Obra: Amai e... não vos multipliqueis
Paginas 27 á 37
Editora: Civilização Brasileira
Ano: 1932

Que é emancipação?

Dentro desta sociedade, em que se compra o pensamento, o amor e a consciência, é lá possível falar-se de emancipação humana?
E, ai o homem é escravo do homem, através do salário, e, si a mulher é duplamente escrava, do homem e o salário – como podemos pensar em emancipação feminina dentro do regime legal burguês-capitalista, no qual a função da mulher se limita a maquina de prazer ou de trabalho ou a fabrica a carne para os canhões vorazes?
Mas, a expressão usada na literatura, no jornalismo, na cátedra, no púlpito, para dourar a pílula engolida pela idiota milenar, não será “fabricar as carnes para os canhões”, e sim, falar-se na “maternidade sagrada”, “direitos das mães” (só dentro da lei, já se vê), “deveres para com as mães”, “dias das mães”, “rainha do lar”, “educadoras dos cidadãos de amanhã”, - todas essas chapas convencionais – afim de arrastar a deusa e santa, através dos filhos, para o açougue canibalescos donde os grandes e os poderosos extraem a matéria prima com que encher as suas arcas vorazes e com que comprar certezas carismas e posições espetáculos no cenário social.
Nesta sociedade, a mulher, ou tem de ser a fabricadora de carne para o Melcart da guerra ou das revoluções, de fauces escancaradas e sangrentas em tempos de paz tento em época de luta armada, ou terá de ser a “virtuosíssima cortezã dos salões (casada legalmente, mais, geralmente prostituta alma muito mais do que no corpo) – para o gozo dos elegantes cidadões patriotas e cristões, ou dos sultões do harem da monogamia de comediantes.
Falhando essas duas hipóteses, terá de ser a prostituta fabrica pelo mesmo cínico que a tirou, menina, das camadas populares, que a comprou de qualquer caften e irá aumentar o cortejo das que têem por missões saciar a fome bestial do senhor de escravas brancas, assalariadas para a venda de sua carne.
Si ainda falhar essa hipótese, (e tudo é questão de sorte, acaso, destino), será a desgraçada solteirona histérica, a criar cachorrinhos ou titia de sobrinhos malcriados.
Si falha também essa hipótese, há outra: a de besta de carga, a proletária, explorada no trabalho, noite e dia, pela exigência da família – chefia de necessidades.
E’ inútil pensar em fugir de qualquer das hipóteses.
A mulher tem de cair em uma dessas redes.
A solteirona podia falhar ao seu destino, si se resolvesse a deixar de ser o relicário famoso da honra da família. De todas as hipóteses, é a mais deprimente e a mais tola – pela ingenuidade, pela ignorância, pela idiotice com que se sacrifica inutilmente, passando a ser motivo de ridículo e zombaria de toda a família, por quem se sacrificou, e de toda a sociedade, que impõem o sacrifício a quem não tem coragem para se tornar livre, conseqüentemente: anti-social.
A mulher não passa de coisa, “bibelot”, lulu da Pomerania, animal de tiro, maquina de prazer, procriadora na maternidade imposta, inconsciente, de cidadãos para a defesa sagrada da pátria dos histriões políticos – também presos aos cofres dos altos industriais, reis do aço, do petróleo, do carvão, da borracha ou do café.
E’ sempre a explorada pelo homem, como, ambos são explorados pela organização social de privilégios e convenções.
Dentro de tal regime, quem quiser emancipar-se, ou melhor: quem quiser caminhar para a sua realização, tem de desertar da sociedade, ser individuo anti-social, colocar-se fora da lei e dos preconceitos de uma civilização envilecida de crimes e de baixezas.
A organização social baseada no capital e no salário, na exploração do homem pelo homem, civilização de indústria, nunca emancipará nem ao homem, quanto mais à mulher.
Não há absolutamente ilusão alguma para os que vêem menos superficialmente o caminho errado seguido pelos homens arrastando as mulheres em direção á loucura da voragem de todas as degenerescências – para o suicídio coletivo da humanidade, cada vez mais correntada á geena de necessidade perfeitamente dispensáveis, inventadas pelo industriais, os mercadores do fantástico mercado do gênero humano.
A concorrência comercial, a ambição incomensurável dos que buscam acumular sempre, mais e mais, em detrimentos de todos, a megalomania do poder e da autoridade, a correria louca de toda gente em busca dos prazeres e excessos sensuais – tudo é um passo para as guerras, para as revoluções, para o descontentamento geral, para o assalto ás posições já ocupadas – a busca do gozo material num delírio de baixo sensualismo – que é bem a amostra do degenerar de todas as fibras mais sensíveis e mais admiráveis das energias interiores, dos seres humanos.
O homem deixou de ser homem para ser maquina dispersadora de forças fantásticas, inutilmente, cujo objetivo, cuja finalidade se resume em inventar necessidades ilusórias, complicando cada vez mais a vida, em um esbanjar de energias que assombra exclusivamente voltado para o progresso material.
E esse processo é a morte, a escravidão de uns, a ociosidade de outros, a degenerescência de todos.
Do progresso material resultam as guerras, cujo pretexto é o ídolo da Pátria (ídolos exigente, Moloc insaciável como todos os ídolos) e cuja razão de ser vamos buscar na concorrência comercial, nas Bolsas e nas grandes usinas de armas, nos cofres fortes dos donos da humanidade escravizados ao bezerro de ouro.
Dentro da sociedade capitalista a mulher é duas vezes escrava: é a protegida, a tutelada, a “pupila” do homem, criatura domesticada por um senhor cioso e, ao mesmo tempo, é a escrava social de uma sociedade baseada no dinheiro e nos privilégios mantidos pela autoridade do Estado e pela força armada para defender o poder, o dominismo, o industrialismo monetário.
Assim pois, socialmente falando, dentro do regime do Estado burguês-capitalista, todos são escravos, todos exploradores e explorados, ninguém pode conhecer o que seja emancipação.
E’ uma civilização de escravos a sociedade que decreta


Maria Lacerda de Moura
Amai e... não vos multipliqueis
Paginas 141 á 147
Editora: Civilização Brasileira
Ano: 1932

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Carta 2

Os esbirros quebram, num torniquete, um braço a uma das suas vitimas, para desta obterem absurda confissão – evoca-se o poema “Cadeias” de Tomás da Fonseca.

Pamp., 30 de março de 1932 – prezado amigo: Logo que tive conhecimento de tua prisão, procurei indagar do deu paradeiro, Como vivo afastado da cidade, só o consegui quando me veio às mãos a tua carta. Lamento a tua situação. Mas. Fica certo que nós trabalharemos por ti. É necessário que indiques os nomes dos salteadores da tua e da nossa liberdade, os nomes desses sórdidos rafeiros a serviço da tirania que asfixia o povo. Quanto a nós, o autêntico povo, não nos deixaremos ludibriar pelas artimanhas, nem tampouco pela violência dos tais rafeiros. Podes, em vez de “beijos”, dizer abertamente que te espancaram, que nós já conhecemos os hábitos dos esbirros da P.V.D.E. Diz-nos qual o crimede que te acusam, para que fique bem claro para nós. Por grava que seja, não tem se quer aproximação com os atos de “bondade” praticados pela cega justiça da P.V.D.E., que não poupa velhos nem novos, a todos espancando barbaramente, a ponto de mutilar e cegar as suas vítimas. De um pobre-diabo sei eu, que, andando a apascentar ovelhas, encontrou uma bolsa um maço de papéis, que se verificou depois de serem manifestos comunistas. Pois, apesar do pobre nem sequer saber ler, a Policia prendeu-o e, passado algum tempo, devolveu-o à liberdade, mas com um braço quebrado e tanto torcê-lo num torniquete para arrancar-lhe absurda confissão. Este e muitos outros constituem a enorme legião das vitimas do Estado Novo, que um dia hão-de julgar os seus algozes.

Agradeço-te a nova letra, que não conhecia, de “A Portuguêsa”, e em troca te envio-te o seguinte poema de Tomás da Fonseca:

Cadeias (1)

Casas erguidas para a desgraça,

Túmulo e cárcere, lar e caverna,

Verga-se de ódio, quando se passa,

Vergonha eterna da nossa raça,

Dum povo livre vergonha eterna.

Dia de gala, dia de festa,

E os miseráveis na escuridão.

Ó tu que passas na vida honesta,

Abre o sorriso, que inda resta,

Aos condenados dessa prisão.

Que, antes de andarem pelas cadeias,

Uns foram livres, foram já nobres,

Vivendo outros em alcatéias,

Pedindo esmolas pelas aldeias,

Moços de cegos, filhos de pobres.

Quantos na guerra foram soldados,

Amando a pátria do coração!

Mas tudo acontece: foram alvidados,

E, em dia presos, como malvados,

Quando na rua pediam pão.

Na vida heróica da juventude,

Cavando a terra, foram gigantes.

Da primavera na plenitude,

Braços de ferro na vida rude,

Sonharam pátrias como houve dantes.

E agora, mortos prá vida honrada,

Morda a ventura, que um sonho foi,

Adeus, lavoura, adeus, enxada!

Adeus, mão forte, do sol queimada,

A guiar nas leivas o arado e o boi!

E os condenados dizem consigo:

- Que vida amarga, quê negra sorte!

De tanto amigo nem um amigo,

Que este calvário suba comigo!...

Benvinda a hora de nossa morte!

Cabeças loucas de indignação

Rugem na sombra, como leões.

Ó tu, que passas, dá-lhe o teu pão,

Dá-lhe um bocado do coração,

Que eles têm mortos os corações!

Casas soturnas, metem-me medo

Estas cadeias que o sol não vê.

Sente-se passos, sobre o degredo,

Porque fizerem sobre Deus quê.

Gritos na sombra – quem é que dá?

Tiros de bala – quem matarão?

Ó reis, cautela, que o sol vem já

Subindo, e os gritos ouvem-se cá.

Há bocas hiantes de indignação.

Bocas hiantes! Mas se é já certo

O dia grande das multidões!

Sobre as cabeças há o céu aberto.

Que importam balas, se já vem perto

O peito de aço das legiões?

Povo em revolta – guilhotinai-o!

Onda que passa – vão agarrá-la!

Povo faminto – loucos, deixai-o!

Que valem armas? Força dum raio

Não se aniquila com bala.

Podeis lançá-lo na escuridão,

Vergá-lo a ferros, chumbá-lo a aço...

E a dor e o luto no coração,

Que as negras furnas abrir-se-ão,

Mal o seu grito voe no espaço.

Se, ao vir da aurora, se apresentar,

Punhos erguidos, olhos em fogo,

As grossas portas hão-se estalar,

Serão abertas de par em par,

E essas voragens desertas logo.

Porque é por eles, os oprimidos

Que a vida anseia, que o mar se agita.

Exploram minas, veios perdidos,

E são lançadas, como bandidos,

Nesses sepulcros que a morte habita!

Ai, quantas vidas ali paradas!

E, quantos trabalhadores!

Ó pão, ó vida, que é das enxadas,

Que é das choupanas despovoadas,

Autrora templos de colmo e flores?

Nessas cabeças de revoltados

Fermentam gênios, dormem idéias...

Ai, sonhos belos desperdiçados,

Luz e progresso de olhos vendados,

Trabalho livre preso em cadeias!

Se o amor e o ódio, postos em foco,

Incendiassem nada mais queria:

Serieis livres, que o ódio é louco,

E o meu é tanto que, posto em foco,

Até muralhas incendiaria.

Mas nem um fio de claridade

Vos chega, na vida toda.

Nem céu, nem terra, nem liberdade...

Sois como filhos na orfandade,

Sois como noivos mortos na boda.

Ódio que sobre aquelas casas,

Túmulo e cárcere dos deserdados...

Cortava os braços pra lhes dar asas,

Ia descalço por sobre brasas,

Para não vê-los encarcerados.

Sem mais, um abraço para todos os amigos, do Zola.

(1) Do livro “Os Deserdados”. De Tomás da Fonseca, edição da Livraria Lello & Irmão Porto, com prólogo de Guerra Junqueiro.

Extraído:

Livro: Na Inquisição do Salazar

Pagina: 51 á 54

Autor: Luiz Portela e Edgart Rodrigues

Ano: 1957

Editora: Germinal

Martins Fontes



Médico, anarquista, com mais de trinta obras publicadas, o poeta José Martins Fontes Morreu em 25 de junho de 1937, na cidade de Santos, São Paulo.


Martins Fontes nasceu poeta, libertário e bom. Para aqueles que supõem que anarquia é sinônimo de desordem, baderna, o poeta decepcionava: tudo o que fazia e/ou escrevia carregava bondade, pureza, apesar de ateu e anarquista, como Kropotkine de quem reproduzia de cor: “A revolução francesa foi obra dos enciclopedistas, porque é lenda, mas eficaz, ação dos filósofos, O terror acabou por não aterrorizar. Nela surgiu a idéia de transformação social. A comuna é sua filha. Anarquismo, socialismo, coletivismo, tudo é comunismo (não confunda com o governo soviético), cooperação para o bem comum. O sol nasce para todos, a água, a luz, o ar, a terra; na morte são patrimônios gerais; porque a terra na vida, hoje, não será também; se já foi? O espírito gregário e a conformidade estabelecerão a paz definitiva. A nova revolução será na Rússia porque é a mais supliciada, sofrida, depois da confraternização da Europa inteira, talvez no mundo inteiro.


-Profético!Karl Marx fundador em leis matemáticas, positivando, guiando-se pela razão, acreditou que a transformação social se faria – ao cantar do galo gaulês – Kropotkine, orientando-se pelo coração acertou, porque o sentimento é que ilumina os povos. Viver é amar.”


Para Martins Fontes, “o anarquismo devia ser construído sobre as bases da ciências naturais, não por analogias como entendia Spencer, mais por induções aplicadas às instituições humanas.”


Sentimental, humanista, o poeta libertário dúzia de si mesmo: “Nada sou, nada tenho. E noite e dia o meu espírito vive a imaginar o consolo indivisível que eu teria em dar, em dar, continuamente a dar.


E povoa-me no sono esta alegria, enche-o de sonhos o prazer sem par de ser um raio de ouro e de harmonia em cada coração e em cada lar.


Dar tudo a todos, com fervor fraterno! Dar, não olhando a quem, sem refletir: ser como o sol, que lembra o amor materno, multiplicado sem se dividir”.


Para os biógrafos, nenhum deles anarquista; os que deram o seu nome a ruas e avenidas em Santos, São Paulo e em praça pública erguendo o seu busto, Martins Fontes foi um homem tão extraordinário quanto para os pobres a quem atendia e em vez de cobrar consultas pagava-lhes os remédios a até alimentos. Para estes últimos o poeta foi um “santo” e, para nós um anarquista.



(A Batalha, Lisboa/Portugal, Janeiro/Março de 1990)


Extraído:


Livro: Rebeldias – volume 3
Pagina: 269 à 270


Autor: Edgar Rodrigues


Editora: Opúsculo Libertário


Ano: 2005

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Anarquismo Militante

O anarquismo militante não aceita o voto nem colabora em farsas eleitorais e se promulgamos a organização dos trabalhadores em organismo de classe, também nos desejamos inserir na vida da sociedade onde exemplifiquemos a prática de um convívio tolerante e sociável e, tanto quanto possível fazer aflorar no ânimo dos nossos convivas o verdadeiro sentido da liberdade.



A autoridade, a violência, o dogmatismo e a intolerância são defeitos que combatemos e provém deste combate todo um peso incompreensível e maldoso dos nossos adversários, que explorando a ignorância do povo ou nos marginam ou falam de nós depreciativamente. O anarquista é um combatente leal e frontalmente enfrenta os seus adversários, procurando convencê-los se possível, mas aceita e compreende com tolerância quantos não possam ou não saibam compreendê-lo. A nossa noção de liberdade não é fictícia nem dogmática e para o anarquista não há hipótese para delitos de opinião, todo e qualquer indivíduo tem direito a ter as opiniões que quiser, cuja condição única é a de reconhecer aos outros o direito de outras opiniões ter. As religiões não as cremos precisas para o curso da vida normal de um povo ou de todos os povos e têm até aspectos que afectam extraordinariamente a marcha do progresso social ou a libertação humana, no sentido integral dessa libertação. O indivíduo que crê vê limitadas as suas faculdades de independência e se houve um Tolstoy que foi crente e genial, a sociedade não é feita de gênios e a crença é uma subordinação em potência onde a faculdade de ser livre e independente se perde. Acreditar num Deus é não compreender o Universo nem leis cosmogònicas que Universo regem! Quando Copérnico concebeu o seu sistema heliocêntrico feriu de morte todo um sistema geocêntrico no qual radicavam as principais crenças relligiosas. As ciências, em todos os campos, mas em especial as ciências humanas, alargaram o conhecimento humano e afastaram positivamente das velhas concepções do mundo e do Universo o pensamento do homem, levando-o a novas concepções que se irão reflectindo em novos conceitos de liberdade e independência, fazendo com que as velharias milenárias que pesavam na mente humana se pulverizem e novos rasgos das totais realidades do homem e do Universo nos bafejem.

As religiões vivem e apoiom-se no dogma, todas se confundem numa intolerância que o ambiente social viciam e corrompem e só o ódio prolifera onde as religiões intensamente e só o ódio prolifera onde as religiões intensamente vivem. Do dogma religioso provém o dogma político e o sectarismo, que tanto danos motivam no sentido das relações humanas. São aspectos que o anarquismo militante não aceita, são factores de desagregação humana que o progresso e a revolução combatem, exatamente porque a solidariedade e o espírito de cooperação são módulos de uma vovência que o dogmatismo e a intolerância destrói!

Sempre foi norma das religiões a dogmas outros dogmas se apôr e se a intolerância política na intolerância religiosa se inspirou, ambas são expressões de vida falsa e negativa e ambas têm de ser combatidas.

Da autoridade divina promana a autoridade do Estado e ambas são a negação da vida natural e o tronco da árvore genealógica do mal social!

A propriedade privada, o Estado e a religião, sempre foram tripé onde a exploração, a opressão e a ignorância tiveram assento, não permitindo a natural evolução do indivíduo e da sociedade, determinam que a luta revolucionária as vá corroendo até à explosão inevitável da revolução. O combate à propriedade privada celebrizou um dos maiores pensadores de todos os tempos – Proudhon e o que a si mesmo pela primeira vez se chamou anarquista. Foi o mais ousado dos economistas de sempre, e classificando a propriedade privada de roubo, demonstrou com larga argumentação “que, na ordem da justiça, o trabalho destroi a propriedade”. Como reforço da sua tese Proudhon diz-se ainda “que o homem isolado não pode suprir senão uma pequena parte das suas necessidades; toda a sua potência está na sociedade e na combinação inteligente do esforço universal”. No desenvolvimento da sua tese dá-nos a noção objetiva do impossível isolamento do homem. Em sociedade o homem complica as suas relações perde o direito de chamar seu o que é de todos, circunstância que nos obriga a uma dependência comunitária que nos será favorável se à mesma presidir um critério de justiça e equidade social.

Se em qualquer tempo ou lugar o isolamento foi impossível, com o desenvolvimento das ciências tecnológicas e mais compreensivelmente com a revolucção industrial as sociedades mudam de face e a propriedade privada passa ser um embaraço não só ao progresso como impossível no contexto das sociedades, onde se introduz o uso de novas técnicas dde produção que a revolução industtrial nos traz. As contradições do sistema capitalista perturbam todo o equilibrio economico dos povos e só o recurso à guerra o Capitalismo aceita como acidente inevitável do seu sistema. Os economistas são máquinas que só veêm números e só o rendimento é fator válido nos seus cálculos e planejamentos, que vão sempre bater nas situações de crise que as novas guerras conduzem.

Aí pelos anos 1840 Proudhon no seu livro “O que é a Propriedade?” procurou minar as bases do sistema capitalista e produziu a célebre frase que ecoaria como uma bomba que jamais outra teria feito “A Propriedade Privada é um Roubo”. Cremos que na história das lutas políticas e sócio-economicas outra não foi mais célebre e na interpretação desta frase está definido todo um sentido de luta e abarca um conceito de justiça e igualdade, que a cento e vinte anos ainda é atual, porque o mundo não mudou como desejaria Proudhon. Nas dez sentenças que Proudhon exterioriza parece-nos ter demonstrado a impossibilidade da propriedade. Vejamos:

-1 “ A propriedade é impossível porque de nada exige alguma coisa”.

-2 “ A propriedade é impossível porque onde quer que seja admitida a produção custa mais do que ela vale”.

-3 “ A propriedade é impossível porque sobre um capital dado, a produção é em razão do trabalho, não em razão da propriedade”.

-4 “ A propriedade é impossível porque é homicida”.

-5 “ A propriedade é impossível porque com ela a sociedade devora-se a si própria”.

-6 “ A propriedade é impossível porque é mãe da tirania”.

-7 “ A propriedade é impossível porque consumindo o que recebe perde-o, poupando-o anula-o, capitalizando volta contra a produção”.

-8 “ A propriedade é impossível porque o seu poder de acumulação é infinito e porque só se exerce sobre qualidades finitas”.

-9 “ A propriedade é impossível porque é impotente contra a propriedade”.

-10 “ A propriedade é impossível porque é a negação da igualdade”.

Este dez axiomas, numa interpretação justa, formam um tratado de filosofia socio-economica e foi efetivamente base de larga e indestrutível influência das ideias socialistas, não excluindo a marxista que fez de Marx discípulo de Proudhon na sua juventude, mas que a sua mentalidade e formação autoritária depressa o faria obsecado adversário de Proudhon e que fora a sua famosa obra “O que é a Propriedade?” que o trouxera ao socialismo, o que está historicamente provado e o “Manifesto Comunista” que em 48 escreveu de colaboração com Engels prova-o ao observador menos atento, lendo o “Manifesto” com atenção (além da Tcherkesoff que já o dissera ser, confirmado por Labriola marxista italiano, um trabalho plagiado) verifica-se que nadda tem de original, nem de importância que lhe atribuem os marxistas de hoje. De resto se atentarmos nos 10 pontos fundamentais do “Manifesto” onde Marx e Engels exprimem toda a ação revolucionária e objetiva, coincidência curiosa com os 10 pontos com que Proudhon define a impossibilidade da propriedade privada! As 10 sentenças nada nos parecem revolucionárias e todavia menos se as compararmos com toda uma temática revolucionária que se produziu em toda a última metade do século passado.

-1 “ Expropriação da propriedade territorial e emprego da renda da terra para os gastos do Estado”.

-2 “ Forte imposto progressivo”.

-3 “ Abolição do direito de herança”.

-4 “ Confiscação da propriedade dos emigrados e sediciosos”.

-5 “ Centralização do crédito nas mãos do Estado por intermediário de um Banco Nacional com capital do Estado e monopólio exclusivo”.

-6 “ Centralização em mãos do Estado de todos os meios de transporte”.

-7 “ Multiplicação das empresas fabris pertecentes ao Estado e dos instrumentos de produção, roturação dos terrenos incultos e melhoramento das terras, segundo um plano geral”.

-8 “ Obrigação de trabalhar para todos (?); organização de exércitos industriais, particularmente para a agricultura”.

-9 “ Combinação da agricultura e indústria; medidas encaminhadas a fazer desaparecer gradualmente a oposição entre cidade e o campo”.

-10 “ Educação pública e gratuita de todas as crianças; abolição do trabalho destas nas fábricas tal como se pratica hoje; regime de educação combinado com a produção material, etc., etc”.(Manifesto Comunista 1848).

Qualquer estudioso atento ou um simples aprendiz de problemas ou questões sociais verifica a diferença entre os 10 axiomas ou sentenças de um Proudhon e as 10 sentenças de Marx e Engels no tão apregoado “Manifesto Comunista” que ainda hoje é catecismo comunista. Nada tem de original e muito menos de revolucionário, mesmo remontando ao tempo que o produziram enquanto o que Proudhon setenciou tem e terá sempre atualidade. O que nos diz Proudhon resiste no tempo e no espaço e ainda não foram excedidas nas já muitas revoluções ou em qualquer dos “comunismos” que conhecemos e ainda tem atualidade o que dele disse Varlan Tcherkesoff na apreciação que dele faz e considerando-o mesmo assim um plagiato, reconhecido também por Kautsky, embora corifeu destacado do “socialismo científico”.

Qualquer observador atento ou um simples aprendiz de sociologia verifica a diferença de conteúdo e como a doutrina de um Proudhon resistiu no tempo e no espaço e ainda hoje não foram excedidas e muito menos ultrapassadas. Compare-se os seus fundamentos com as sentenças do “catecismo” marxista e ver-se-á a diferença. O que postula o “Manifesto Comunista” além de nada original, é no fundo anti-revolucionário e só o fanatismo doentio da obtusa mentalidade política permitiu tanta audiência. Varlan Tcherkesoff, na sua celebre apreciação que faz do marxismo, no seu livo “Marxismo antes de Marx”, diz que pasma como o trabalho que diz ser cópia de um outro de V. Considerat (referindo-se ao “Manifesto”) tenha feito tanto ruído quando nada tem de profunamente crítico e construtivo. Os 10 ponto que Engels e Marx recomendam ao povo não passam de uma simples programação política, inviáveis sem o poder nas mãos e simples rudimentos sem conseqüências reformadoras em qualquer sistema mesmo reacionário ou conservador. A exatidão deste raciocinio prova-o a série de alterações que em vida dos autores foi sofrendo nas sucessivas edições que foi tendo, nada mais que sete, além de notas e alterações que foi sofrendo. A não grande importância e vulnerabilidade do “Manifesto” está aí bem patente e, não é necessária grande cultura sociológica nem profundos conhecimentos da temática revolucionária para que nos apercebamos , que é preciso muita boa vontade ou ignorar toda a literatura revolucionária, que milhares de pensadores antes e depois de Marx no legaram, páginas revolucionárias que sobre elas passarão muitas dezenas de anos e serão sempre valiosas e revoluncionariamente construtivas!

A própria definição que nos dá da propriedade privada já não foi no tempo original, outros já o teriam feito e as soluções que sugere não chegam a ser soluções. Vejamos: “ A revolução francesa, por exemplo aboliu a propriedade rural em proveito da propriedade burguesa. O rasgo distintivo do comunismo não é abolição da propriedade privada geral, senão a abolição da propriedade burguesa, é a última e mais acabada expressão do modo de produção e de apropriação do que se produz à base dos antagonismos de classe, na exploração de uns pelos outros”. Na edição inglesa de 1888 já vem “a explicação da maioria pela minoria”.

Tudo isto está certo e certo está ter-se enganado Engels e Marx na sua conclusão de que “a propriedade privada atual, a propriedade burguesa, é a última e mais acabada expressão dos antagonismos de classe, na exploração de uns pelso outros”. Milovan Djilas prova-o no seu livro “A Nova Classe”, de uma forma insuspeita, porque também é marxista, e com fatos que são os últimos tempos e todos nós conhecemos. O importante a considerar é que a propriedade coletiva ou estatal não deixa de ser privada e a experiência dos sistemas comunistas prova-o de maneira eloquente.

Até nos países capitalistas se têm nacionalizado empresas e bancos e nem por isso a situação dos trabalhadores se modificou, como aconteceu nos países ditos socialistas, de maneira bem frizante. Estes fatos não surpreendem ninguém e muito menos os anarquistas. O importante é assinalar o fato e instruir que socialização sem liberdade não é nada nem é possível liberdade sem socialização. A transformação social que se impões está na base de uma transformação séria da sociedade e está radicada insofismavelmente na defesa do indivíduo, que, célula livre, determinará que a sociedade livre seja, de baixo para cima.

Se a liberdade é a saúde do corpo social, no indivíduo é a faculdade de estar atento e agir em obediência à satisfação total das suas necessidades e valorização da sua personalidade. Deste pressuposto partem os anarquistas e o livre acesso ao uso da propriedade só a revolução o pode assegurar quando feita no sentido comunitário e destruição completa de todo o poder coletivo ou Estatal.

Não é puxar a brasa à sardinha, dizendo que só o anarquismo combate efetivamente a propriedade privada, sabendo-se que a nacionalização ou estatização da propriedade não deixa de ser privada por esse fato e a socialização é coisa bem distinta, e só pode haver socialização quando todos os organismos de relação, produção e distribuição sejam livremente dirigidos em base federalista ou libertária e em clima de cooperação integral. No uso da liberdade o indivíduo não será privado do uso da propriedade necessária e o socialismo é o modo pelo qual todos poderão considerar-se com o direito do uso ou posse do que lhe é necessário, indispensável. Poderá parecer paradoxo, mas a destruição da propriedade privada que o anarquismo advoga é precisamente a antevisão da possibilidade e garantia de toda a gente ser dono de tudo e ninguém possuir o privilégio de ser senhor do que a todos pertença.

O anarquismo é contraa propriedade privada na medida em que não só um privilégio de poucos em detrimento da grande maioria, ao mesmo tempo que causa de toda a desigualdade e injustiças sociais. A propriedade é um mal ou praga social, nas mãos dos que parasitariamente vivem, explorando os que trabalham e produzem, no sentido do enriquecimento dos possuidores e manutenção de um mundo parasitário e tirânico.

A propriedade privada não é aceitável por prejudicar o livre desenvolvimento da riqueza social e ser o entorce ao direito e liberdade do cidadão.

Os anarquistas querem que tudo seja de todos não só por regras e exigência da vida segundo a natureza, mas porque representa a maior degradação humana.

O anarquismo não pode nem deve suportar ou consentir a propriedade privada porque é causa de uma infinidade de males sociais e impede o progresso social no sentido não só de uma solidária convivência universal, como acirra sentimentos de ódio e predispõe e arma os homens e as sociedades para a guerra.

Os anarquistas não admitem a propriedade privada como não aceitariam, que a água, o ar, o sol, os jardins, as praias e tudo mais que a natureza ao homem e a todos os seres que na terra vivem legou, por antenatural e forte injustiça social.

A revolução francesa extinguiu a propriedade feudal e criou a propriedade burguesa ao mesmo tempo que permitiu que o trabalhador usasse da “liberdade” de morrer de fome, escolhendo o patrão que o explorasse e o político que o oprimisse.

A revolução russa extinguiu a propriedade burguesa e criou a propriedade do Estado, mas fez do operário uma máquina e criou uma nova classe de burocratas e opressores quantas vezes mais tiranos e social e humanamente mais nocivos que os burgueses e os feudais!

Os anarquistas aceitam como necessária e inevitável a revolução social e visam a extinção da propriedade e do Estado, porque só a liberdade e o livre acesso à Natureza e patrimônio social é condição que satisfaz e garate que o homem e a sociedade se identifiquem consigo mesmos, e traga ao mundo a paz e alegria de viver que desde que o mundo é mundo o homem luta e aspira por encontrar!

José Correia Pires

extraido do site:

http://cob-ait.net/fosp/index.php/publicacoes/15-artigos/25-anarquismo-militant

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Fascismo

Sistema político implantado na Itália em fins de 1922 por Benito Mussolini. Nasceu, porem, no final do século XIX à sombra do Vaticano. Foi encomendado para tranqüilizar a alta burguesia, que andava apavorada com o desenrolar da luta de classes na Europa.
Seus teóricos modelarem durante os 40 anos que antecederam a sua implantação a mentalidade de algumas gerações, que viriam marcar a sua presença na Itália poças de sangue, graças ao catecismo saído da mente de Gabriel d’Annunzio e os Balillas tinha de decorar a cantar em coro, diariamente.
Tendo como emblema o feixe de varas usado pelos clássicos litores romanos, na realização e idéia fascista é uma idéia de sistematização psicológica com o com objetivo econômico e político.
Encomendado, desenvolveu-se protegido pela Igreja e financiado pelo maiores industriais e banqueiros, interessados em salvar suas posições, a qualquer preço.
De início, contagiou crianças e jovens, exaltou potencialidades aninhadas nas mentes frágeis da mocidade, que esperava a ocasião para se auto-afirmar; depois finatizou-os pela repetição, até a deformação psíquica; por fim, fardou-os na rua para agirem livremente.
Estava assim formada uma imensa ordem de delinqüentes, iniciados na categoria de Balillas (dos 8 aos 14 anos), passando a Fascio-Juvenis (18 aos 21 anos) e, finalmente, recebiam o Maximo diploma de Legionários (a partir dos 21 anos), formando os Cohortes (batalhões), Centúrias (Companhias), Manípulos (secções) e, então, podiam juntamente com a policias especial, invadir, prender, torturar, matar, incendiar, destruir, tudo o que incomodasse os seus chefes e os seus patrões, que lhes pagavam bem!
O Fascismo ultrapassou todas as espectativas da igreja e dos seus financiadores. Tornou-se um monstro ameaçador! Correu mundo, negou os mínimos princípios de liberdade e respeito mútuo e desenvolveu a opinião de que qualquer discordante ou opositor teria que ser tratado como criminoso!!! Assim não hesitou em cometer milhares de assassinatos à sombra dessa teoria clerical!
A meta do Fascismo era reduzir o homem à expressão mais insignificante; a números que respondessem automaticamente à voz do comando; que estivessem presentes, sempre que fossem chamados; que sofressem e morressem em silêncio! Sem perguntar para quê ou por quê.
Salazar, Franco, Hitler, Mussolini, Vargas, Lenine e Staline foram alguns dos advogados da teoria de (Quem não é por mim, é contra mim), de quem se opõem às minhas idéias (é antiprogressista, contra-revolucionário). E (para os opositores só resta um recurso: tratá-los como criminosos e eliminá-los).

Extraído do livro: ABC do ANARQUISMO
Editora: assírio & alvim
Autor: Edgar Rodrigues
Ano: 1976
Paginas: 49 a 51

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

COMUNICADO SOBRE IX ELAOPA

Encontro Latino Americano de Organizações Populares Autônomas,22, 23 e 24 de Janeiro de 2011, São Paulo.

A CONFEDERAÇÃO OPERÁRIA BRASILEIRA organização sindical autônoma da classe trabalhadora, seção da Associação Continental Americana dos Trabalhadores e da Associação Internacional dos Trabalhadores, tem por objetivo a Resistência Social.

Através da ação direta, e da autogestão dos trabalhadores com base na organização coletivista sindical federalista busca a união e a emancipação dos trabalhadores, do jugo do Estado e do Capitalismo.

A COB, herdeira do internacionalismo proletário e do anarco-sindicalismo no Brasil há 105 anos, denúncia a realização do IX Elaopa como uma ação que qualificamos como entrismo, articulado pelo Estado que busca sua legitimação junto a burguesia através dos movimentos sociais domesticados.

Atacam a luta histórica pela autonomia da organização e emancipação da classe trabalhadora, expropriando nossa história, nossas bandeiras de luta, nossa identidade, dividindo os trabalhadores, mascarando a luta de classes, defendendo propostas especifistas de “ascensão do poder popular” através de ações financiadas pelo Estado Capitalista, auto - qualificadas como “autonomistas”.

Encontram um campo fértil para domesticar os Movimentos Sociais, pois se utilizam de um discurso acabado, de “infiltração” que patrocinado pelo legalismo institucional, de alianças entre a burguesia. Esvazia a luta pela autonomia de classe.

O Estado legisla sobre tudo, inclusive sobre as relações entre o trabalho e o capital.

Política de Governo, sustentada com recursos oficiais e privados, inseridos em programas sociais que induzem o trabalhador acuado, ao fracasso.

Este modelo seletivo tem por objetivo enganar, mentir e tirar vantagem do trabalhador desinformado transforma-o em lacaio do PODER, chegam a defender um Sindicalismo pela base.

A COB sustenta a legitimidade da sua luta com um esforço alimentado pelo velho sonho de realização das individualidades, caracterizado por suas diferenças que através da união sindical coletiva buscam alcançar as mudanças sociais


Mantém acesa a Resistência Social, contra o ataque permanente dos agentes do Capital e do Estado que nos afligem cotidianamente através da opressão do salário, das normas de trabalho e das condições de vida.

A COB saúda aos que lutam, aos que acreditam na autonomia e na livre organização dos trabalhadores, repudiando os objetivos dos organizadores do IX ELAOPA.


Denuncia sua ação como fraudulenta e ataque às conquistas históricas dos trabalhadores no Brasil.

Pelo

Secretariado da Confederação Operária Brasileira

Fabio Luz

Organização operária de ação direta

PRINCIPIOS BÁSICOS


A organização de ação direta é baseada no mais amplo federalismo libertário, que se articula

de baixo para cima, da base para o ápice, da unidade para o todo, do indivíduo para a coletividade, do simples para o composto.

Partindo dos comitês radicados nos locais de trabalho (fábricas, oficinas, obras, usinas, estaleiros, minas, fazendas, sítios, armazéns, escritórios, etc.), vai-se ampliando através dos organismos de bairros, subúrbios, cidades, Estados, regiões, nação, culminando na Internacional.

Assegurando a autonomia do indivíduo no sindicato, do sindicato na federação, em seus vários graus, na confederação, que, por sua vez, é autônoma no seio da Internacional, americana e mundial, tem a força de sua ação na solidariedade voluntária e consciente de cada um e de conjunto de seus membros.

Assentada nessas bases fundamentais a organização operária de ação direta articula a sua estruturação com a necessária liberdade de movimentos, repelindo o estorvo do burocratismo e orientando a sia administração de maneira mais simples possível, de forma servir também de exercício de capacitação associativa para o que todos os seus mandatos são imperativos e revogáveis, exercidos desinteressadamente, salvo casos excepcionais, como um esforço em prol da causa coletiva, que é a causa de cada um de seus membros.

A organização operária de ação direta, ou sindicalista libertária reúne todos os trabalhadores da industria, do comércio, da lavoura, dos meios de transportes, dos centros em que se cuida da saúde, da educação, das artes e diversões, enfim, todo os assalariados, todos os elementos que vivem do ganho do seu trabalho manual ou intelectual, sem explorar o trabalho de ninguém nem perceber renda de capital acumulado.




Orientação




A organização operária de ação direta não admite a intromissão da política partidária nos meios proletário, repelindo o predomínio, a interferência ou a influência de qualquer partido, mesmo que se apresente como proletário, não podendo exercer em seu seio qualquer mandato os dirigentes de partidos políticos ou seitas religiosas, nem quem ocupe cargos políticos ou a eles faça candidato.




Tática

Baseada na lição de um longo período de experiências feitas em toda parte onde o proletariado tem desenvolvido atividade em prol de seus direitos, demonstrando-se que sua emancipação não pode vir de fora de sua vontade e ação, o sindicalismo libertário repele como danosa a delegação de poderes com a participação do operariado nas disputas eleitorais para sua intervenção nos parlamentos ou municipalidades, instituições integrantes na organização do estado capitalista, propugnando, ao contrário a ação direta como a única eficiente na luta contra o regime burguês, e sem qual nem mesmo as mais insignificantes medidas legais serão aplicadas em favor dos trabalhadores.




Obra educativa

Alimentado os laços de solidariedade entre trabalhadores no ambiente emancipador da atividade de sua organização de luta, fazendo com que repudiem todos os vícios, maus hábitos que os prejudicam moral e fisicamente, bem como todos os preconceitos e superstições, sustentando paralelamente uma permanente obra de edução e instrução, a organização operária de ação direta desperta-lhes o senso de responsabilidade, elevando-lhes o nível dos conhecimentos intelectuais, profissionais e sociais, de maneira a serem todos elementos valiosos no movimento pela emancipação da classe trabalhadora.




Finlidade

A organização operária de ação direta tem por fim estreitar os laços de solidariedade entre os proletários, dando mais força e coesão nos seus esforços na luta pela reivindicação de seus direitos morais e sociais. Unindo o proletariado para a sua ação de resistência á exploração e opressão patronal e dos elementos e instituições que a sustentam, e para a ação em prol da melhoria de sua situação presente, o sindicalismo libertário objetiva a completa emancipação da classe trabalhadora do domínio do capitalismo e do Estado que mantém o regime da exploração do homem pelo homem.

Assim, a organização operária de ação direta tem por finalidade estabelecer uma sociedade baseada no princípio de justiça social, na qual o produto do esforço de todos que trabalham se destina a proporcionar o bem-estar a toda a coletividade produtora.

XXX

Baseada em princípios que correspondem á necessidade da união da classe trabalhadora com o respeito da individualidade de seus membros e da autonomia de seus organismos; articulando sua estruturação sem os entraves do centralismo burocrático e corruptor, o que lhe assegura a precisa elasticidade de movimentos, a organização operária de ação direta proporciona á organização da sociedade um imenso organismo econômico com a eficiência capaz de permitir assegurar a todos e a cada um dos que trabalhem e produzem o bem-estar a que fazem jus, pondo termo ao império da injustiça e estabelecendo o regime da igualdade social.

Edgard Leuenroth

Artigo retirado da A Plebe, 01 de outubro de 1947 -

Digitado pelo Coordenação de Imprensa do Sindivários Campinas – associada a FOSP-COB.

Bem-vindo/a ao maravilhoso mundo do Carrefour!




Companheiros/as da CNT-AIT Caen e da nova CNT-AIT Lisieux se encontraram
no sábado, dia 8 de janeiro de 2011, na frente de um “Carrefour City” em
Caen em solidariedade com o companheiro despedido da CNT-AIT espanhola e
para denunciar as condições de trabalho e a lógica da multinacional
Carrefour (não muito diferente do Mercadona, falando do setor de
distribuição). O panfleto abaixo foi distribuído nesta ocasião.

“Querido/a cliente”, ao cruzar os limites de uma loja do Carrefour você
entra no que há de melhor. Por trás de sua decoração em cores suaves que
fazem você se sentir em casa, uma loja do Carrefour continua sendo um
lugar de altos negócios! Salários miseráveis, horas extras não pagas,
horários de trabalho picados atrapalhando a vida cotidiana, trabalho aos
domingos e feriados, automatização fazendo cortes de funcionários/as,
novas técnicas de administração e assédio moral até a porta do banheiro.
As pessoas mais velhas da região irão se lembrar com nostalgia dos “bons
tempos” da PROMODES, uma companhia de Caen que deu origem à multinacional
Carrefour. A cultura corporativa mudou, assim como a operação, mas ela
permanece uma constante como qualquer empreendimento capitalista; a
multinacional Carrefour tenta alcançar o máximo de lucro. Mantendo os
menores salários possíveis enquanto aumenta sua margem de lucro na venda
de bens, seus acionistas e outros tecnocratas engordam às custas dos/as
clientes, e os/as empregados/as são também clientes.

“Nós fazemos o trabalho, mas são os acionistas que estão colhendo os frutos.”
Uma funcionária do Carrefour

Então pergunte à caixa se ela está satisfeita com o seu salário e com o
seu último aumento! E quanto ao seu carrinho de compras: você ainda enche
ele sem esvaziar a carteira? Nesta sociedade capitalista nós sempre
teremos: trabalhadores/as explorados/as, consumidores/as roubados/as,
impostos extorquidos de 19,6 % para lucrar, repagar as dívidas dos bancos
ou pagar qualquer tipo de soberano, nós também somos mais vigiados/as,
reprimidos/as, envenenados/as por nosso meio ambiente, dominados/as pela
mídia, moramos mal, recebemos poucos cuidados, etc., etc. Lucraram 3
bilhões de euros em 2010, e você?

Mas nós não podemos reclamar: nossos ancestrais serviram como mais que
bucha de canhão para as guerrinhas dos líderes mundiais... Pela cobertura
do bolo, nós também devemos calar a boca! No Carrefour, como em todo
lugar, as reclamações são colocadas em um armário... De outra forma, eles
acabam com você. Logo, em Pilar de la Horadada, na Espanha, um ativista de
nossa Associação Internacional dos/as Trabalhadores/as (AIT) foi demitido
recentemente por causa de suas atividades sindicalistas que causavam dor
de cabeça aos patrões. Para expressar nossa solidariedade com ele e também
denunciar como o Carrefour agiu nós estamos aqui.

Assim como fizemos em 2010 perante a multinacional StartPeople, de
trabalho precário, que havia demitido outro militante espanhol de nossa
associação, estas práticas devem ser reveladas à luz do dia como a
exploração e a vulnerabilização que são exercidas além das fronteiras. Em
todo lugar, nos locais em que vivemos e trabalhamos, pessoas jovens e
aposentadas, estudantes, empregadas e desempregadas, donas de casa e avós
isoladas: nos organizamos e lutamos contra a exploração, a desigualdade, a
exclusão, o que começa com a gente mostrando solidariedade uns/mas com
os/as outros/as.

NÃO OS DEIXAMOS NOS ESMAGAR! RESISTÊNCIA POR TODO LUGAR!

CNT-AIT
Confédération Nationale du Travail
Association Internationale des Travailleurs
BP 2010
14089 CAEN CEDEX
http://cnt.ait.caen.free.fr
cnt.ait.caen@free.fr

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O verdadeiro socialismo esta com o anarquismo

Socialismo, em sua definição histórica, é a socialização da propriedade e dos meios de produção, isto é, a reversão dos bens sociais, à comunidade humana, para serem postos em proveito de todos, visto serem produto do esforço de todos. Não altera essa significação a atividade desvirtuadora desses partidos rotulados de socialistas, surgidos por toda parte e que se perdem no emaranhado da politicagem.
Por comunismo, também de acordo com sua significação histórica, os anarquistas entendem o sistema de convivência social que, dentro do socialismo, se estrutura de acordo com o principio – “de cada um segundo sua capacidade e a cada um segunda as suas necessidades”. Com a denominação de comunista existe o partido, hoje com ramificações internacionais, surgindo durante a revolução russa, quando o partido bolchevista assim passou a se chamar-se. Entretanto, a existência e a atuação desse partido, cuja ditadura domina a Rússia, os países balcânicos, a China e parte da Alemanha, não modificam o sentido daquela denominação.
O movimento socialismo, que se corporificou na segunda metade do século passado, definiu-se em três escolas, ou correntes, durantes, durante a atividade da Associação Internacional dos Trabalhadores, a hoje chamada Primeira Internacional: socialismo democrático, socialismo ditatorial e socialismo libertário ou anarquista. Tanto os socialistas democráticos como ditatoriais participam da política eleitoral na disputa de lugares nas câmaras legislativas e municipais, bem como, nos órgãos governamentais e burgueses.
Após a transformação da sociedade, os socialistas democráticos admitem o Estado como gestor dos bens sociais e da administração publica. Os ditatoriais têm no Estado o seu principal objetivo, para transformá-lo em detentor e gestor de os bens sociais, dominando pela ditadura absoluta todos os setores da sociedade. Ambas essas correntes alegam que o uso do Estado é transitório e que um será extinguido. Os bolchevistas dominantes na Rússia dizem que chegaram ao comunismo, passando, antes, pelo socialismo. Mas é um absurdo em face de todas as leis físicas e sociais pretender extinguir um órgão fortalecendo-o até a hipertrofia.
Os socialistas libertários ou anarquistas, condenando o estado como órgão parasitário, explorador e tirânico, e a instituição do monopólio da sociedade, como iníqua e anti-social, lutam por uma organização que considera o individuo como sua unidade essencial e que, repudiando todas as normais autoritárias e ditatoriais, seja baseada no livre consenso, determinada e regulada pelas necessidades, aptidões, idéias e sentimentos de cada qual, dentro de uma vasta confederação socialista-libertaria de comunas livres, estruturadas pelas organizações profissionais, técnicas, cientificas, artísticas, culturais, recreativas etc. esse é o verdadeiro socialismo, obediente aos seus fundamentos históricos, que os anarquistas propagam, lutando para que seja aceito e posto em pratica pelo povo.
A política orientada pelo jesuítico lema de que o fim justifica os meios, que pauta a ação dos socialistas estadistas, vem arrastando o socialismo como os acontecimentos têm demonstrado, para um desastroso desvirtuamento de suas finalidades.
A liberdade só se chega seguindo o roteiro da liberdade.

Edgard Leuenroth

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

OITICICA CONTESTA RUI BARBOA


José Oiticica, então uns dos mais brilhantes articulistas do “Correio do Amanhã”, e um dos mais aguerridos polemistas, manejava a sua pena com invulgar inteligência a serviço da questão social. Poder-se-ia dizer que transformara sua caneta numa espada que, esgrimia contra os demais contra os mais hábeis espadachins da política e das letras, que de algum modo se valiam ou exploravam o trabalhador, a sua boa fé, a sua ingenuidade, a sua falta de instrução e de cultura. São peças de grande importância nesses duelos, os discursos e os artigos que escreveu contra as eleições, principalmente contra o Dr. Evaristo de Morais que se dizia candidato do proletariado, que falava em nome do proletariado com o aval do Papa do direto romano, o Dr. Rui Barbosa.
Contra estes dois tribunos de projeção, mais que desejavam que continuasse o governo, o estado com toda a sua complicadíssima engrenagem burocrática, que queriam conquistar lugares no parlamento sem pensar em modificar as condições sub-humanas em que viviam os explorados, famintos e analfabetos operários, marginalizados da sociedade, classe aparte, que produzia riquezas em nome do dever e que não insufruiam seu quinhão em nome de um falso e velhaco direito.
É, pois, para darmos uma idéia do lutador, do idealista, do gigante do saber que foi José Oiticica, do polemista que empunhava a sua pena como um estilete em defesa desse proletariado, que transcrevemos um dos seus artigos institulado:

“Ao Sr. Dr. Rui Barbosa
Extraordinário mestre:
Desde os quinze anos, habituei-me a ler tudo quanto V. Ex. (1) escreve ou diz livros, discursos, conferências, pareceres, artigos, acompanhando o pensamento de V. Ex. da campanha abolicionista à civilista, das lições de calkins às finanças da republica, do prefacio do Guliver às cartas de Inglaterra, de O papa e o concílio ao parecer sobre o ensino, do célebre artigo Pornéa à série de Liquidação final, à famosa Réplica, a conferencia de Buenos Aires, etc. etc...
Esse culto é tanto mais honroso para mim quanto somos, em tudo o mais, diariamente oposto: V. Ex., apesar do prefácio ao livro de Janus, é católico, apostólico e romano, não sei porque ainda não excomungado; V. Ex. Sempre foi, é e será político, e eu sempre detestei, detesto e detestarei a política; V. Ex., é homem do direito, das leis, advogado incomparável, eu anti-jurista, sujeito para quem a fonte das desgraças é o direito, e um dos malfeitores da sociedade o advogado; V. Ex., resumamos, é republicano ou monarquista (não sabemos bem, nem eu nem V. Ex.), em todo caso conservador, amigo do Estado, defensor da ordem legal, anti-socialista; eu nem republicano, nem monarquista, nem democrata, vendo como vejo na ordem legal a compressão legal, na democracia a seleção das incompetências.
“Anarquista”! Gritará V. Ex. e, em torno, os amigos de V. Ex., padres e juristas, generais e condes, políticos e comerciantes, ouvirão trons de dinamites, sentirão fedor de pólvora, verão punhais erguidos. O Sr. Arcoverde benzerá V. Ex., o Sr. Chefe de policia alarmará secretas, o Sr. Modesto Leal reforçará a burra ou as burras.
Peço a todos calma. Nunca surrei ninguém, nunca matei ninguém, honro pai e mãe, não cobiço a mulher do próximo, dou pão a quem tem fome, visto os nus, não cobro a ninguém, obedeço fielmente as leis do meu país, cumpro os meus deveres meticulosamente, não faço operação por quatro contos, não exijo vinte por cento de inventários, não prorrogo sessões da câmara remuneradas, não ganho mil réis de cada firma reconhecida, não faço contrabandos, não especulo, não fumo, não bebo, não jogo, não conheci Bolo-Pachá.
Creio-me, modéstia à parte, um sujeito sofrível, nem ótimo para santo (tenho bom gosto), nem ruim para xadrez, V.Ex., esta tranqüilo, não? Ouça-me, pois. Li a expressiva carta de V. Ex., ao Sr. Evaristo de Morais, candidato popular, candidato, ainda mais, do operariado. Rogo permissão para lamentar, antes de tudo, o operariado, o operariado brasileiro. Volvamos, porém, à carta expressiva.
V.Ex. diz que nunca fui socialista, e ninguém mais longe de o ser, acrescenta: “Mas reconheço, pondera, com todas as almas justas, que, entre as reivindicações das classes operarias, muitas há equitativas, irrecusáveis , necessárias à boa organização da sociedade”. Infelizmente, não declara quais as reivindicações justas; basta, a confissão de serem justas algumas delas para concluir-se que exagerou asseverando que ninguém mais longe de ser socialista do que V. Ex; i isso porque a gente no mundo que não reconhece nenhuma. Tomo, portanto, a liberdade de supor V. Ex. um bocadinho socialista, uns dois por cento, mais ou menos. E sem querer, vai na estrada do anarquismo, porque anarquista é o socialista que requer cem por cento das tais reivindicações. Vai, não, iria se diante de V.Ex. não se levantassem dois Andes de preconceitos favoráveis ao conforto, ao lucro, à paz de espírito, à superioridade; à religião e o direito. São eles que mantêm a organização atual para V. Ex., e para os de cima e honrosa para os trabalhadores. Essa organização permite que V. Ex. exija, cem, duzentos, trezentos contos por causa, para mostrar, nos tribunais , que os dois mil contos que fulano tem, pertencem a sicrano. Esse extraordinário trabalho ( podia referir-me, por exemplo, ao engenhoso parecer de V.Ex. sobre os bens de mão morta) merece o prêmio de um quinhão farto de riqueza humana. Quem produziu essa riqueza? Os trabalhadores do mundo inteiro, nacionais ou estrangeiros.
Dirá: “Para escrever tal parecer, para intentar uma ação, tive de estudar como ninguém, meu pai gastou muito dinheiro com educar-me, dispendi somas grossas com a biblioteca enorme que possuo. Tudo isso é capital acumulado e eu cobro os juros capital e do meu talento”.
Ouso inquirir de V. Ex. o seguinte: “Quem sustentava V. Ex enquanto estudava no colégio e na academia?” “Meu pai”, dirá V. Ex. e eu contesto: “Não. O pai de V.Ex. pregava o colégio, a academia, vestia V. Ex,; comprava livros, gastava dinheiro. Dinheiro é riqueza, representação social da riqueza produzida pelos trabalhadores. Enquanto V. Ex., felizardo, estudava, estudava, desenvolvia o seu espírito, milhares de crianças sem papai rico não podiam estudar, e não podiam estudar porque a sociedade os obrigava a trabalhar para viver nas oficinas, nas fazendas, nas senzalas. É verdade: no tempo de V.Ex. estudante acadêmico era a senzala, o negro escravo, os molequinhos que não tiveram a fortuna de nascer brancos como V. Ex. e filho de homem rico ou influente. V. Ex. se educou com as mortificações desses desgraçados, com o sangue do proletariado negro que sustentava senhores déspotas.
Conheço toda a Campânia de V. Ex. pela abolição. Confesso que dá me a impressão de uma defesa apenas de jurista, que se envergonha de ver a escravidão porque os juristas a condenam, as leis burguesas a repelem, os Estados a repudiam. Não vejo o homem que sente e se revolta. Exatamente como agora. Reconhece certas reivindicações porque os tratadistas o proclamam depois, a ameaça coletiva dos trabalhadores, os parlamentos o aceitam por não ter remédios, os capitalistas os toleram para evitar maior mal. Pois, os trabalhadores de hoje são os escravos de ontem. Eles continuaram a manter V. Ex., a trabalhar para os filhos e netos de V. Ex. São eles as mãos fabricadoras de tudo de tudo quanto concorreu para que V. Ex. desse aos filhos regalos e repimpa-mento. Enquanto os netos de V. Ex. vão à escola, ao colégio caro, ao cinema, a Petrópolis, os netos dos Ex-escravos vão para oficinas, para as obras, para o eito, produzir essa riqueza que V. Ex. aufere defendendo os Guinle ou os Matarazo. V. Ex. nem sequer pesquisa a origem dos cabedais a defender, frutos, em geral, da fraude e da torpeza. V. Ex. patrocina, com o mesmo sangue frio ou o mesmo calor profissional, o óbulo da viúva e a extorsão dos Mãozinhas Ladravazes. Contanto que os documentos estejam limpos. Em suma, extorque aos parasitas o que os parasitas roubam aos trabalhadores: Ora, isso seria impossível num regime sem exploração capitalista. E como os socialistas avançados, digamos antes, os anarquistas, querem tal regime, V. Ex. lhes recusa o seu apoio.
De deus uma: ou V.Ex. não é justo, ou não compreende o anarquismo. Porque, se fosse justo, sentiria a dor universal, palpitaria com o proletariado sofrendo a se revoltar-se-ia contra uma sociedade em que é possível um caso do “satélite”, (2) um Canudos, (3) uma guerra mundial. E se V. Ex., realmente, se magoa e se revolta, é anarquista de índole, e se permanece na defesa da igreja e do estado, é que não percebe o problema social. È, o que me parece. V. Ex. embrenho-se pelo direito a dentro, sem fio de Ariadane e foi devorado pelo Minotauro. Daí, dessa absoluta inconsciência da questão social, decorre os conselhos mirabolantes que transmite aos operários pela boca do Sr. Moraes.
Prega-lhe que acima do povo e das multidões, da força, do poder, do numero, das soberanias, esta o direito. V. Ex. não sabe historia, porque a historia conta que o direito sempre esteve com a força, o poder, as soberanias e quanto, por acaso, os povos e as multidões modificam o direito a seu favor, o fazem pela força dos trabalhadores contra os opressores, quer diretamente quer indiretamente, por meio de concessões de potentados em luta contra potentados.
Acima do direito, diz V. Ex. que está o dever. Não entendo. Ensinam nos livros que só a dever onde há direitos. V. Ex. está dando cincas inacreditáveis ou então os mestres erram. O melhor, porem, de tudo, é a asseveração seguinte: a sociedade tem suas bases eternas na historia, na autoridade, na religião, na pátria, na família, na acumulação, na inviolabilidade e na herança dos frutos do trabalho, e que as nações abandonam esses princípios se desonrariam, anarquizariam e dissolveram como a Rússia, este.
Bases eternas na historia! Lembro a V. Ex. que a historia não é eterna e o não são assim as bases da sociedade. Os operários de hoje, sabem muito bem que a base da sociedade é a exploração da minoria dos acumuladores dos frutos do trabalho contra os produtores de tais frutos, que ficam na miséria. Sabem muito bem, sem precisar de conselhos dos Evaristos de Morais, que o sustentáculo dessa sociedade são a religião, a autoridade, a família e a pátria, o direito de propriedade, a inviolabilidade mantida pela forço publica ( e V. Ex. diz que o direito esta acima da força!) das riquezas entesouradas por qualquer gatuno. V.Ex. não lhes ensina nada de novo. Sabem de tudo isso e é isso que lhes ensinam os propagandistas da sociedade nova. Mas é justamente contra esse arranjo que o proletariado se levanta, contra essas bases mesmas que protesta.
V. Ex. fala com patrono da classe parasita, sem suspeitar sequer que os da classe parasita, sem suspeitar sequer que os da classe parasitada não podem ouvir tais vozes, porque essas vezes são sempre falsas, enganadoras, ludibriantes. Enquanto fala assim milhares de assalariados exigem que se cumpra uma lei favorável aos criados de hotéis e botequins e o Sr. Chefe de Policia, em vez de cumprir a lei (ele que brasona de cumpridor das leis contra os operários perigosos), chama as duas classes empregados e patrões, um acordo pulha com todos os acordos já tentados e desfeitos.
Reconhecem que os frutos do trabalho são acumuláveis para a coletividade, não para o gozo de alguns espertos; reconhecem a injustiça clamorosa dos filhos privilegiados, que se instruem com o labor dos pobres, para serem grandes ricos, respeitados à custa deles; reconhecem o quanto vai de astúcia, cálculo, engordo, força, nos políticos sagazes que, firmes no sufrágio dos ignorantes e simplórios, se fazem socialistas, candidatos, representantes, dirigentes da mesma sociedade exploradora dos votantes.
V. Ex. dá mão forte ao Sr. Evaristo de Morais e faz bem. Os operários vêm nisso o apoio justo de um legista ao colega recém-famoso. Desgraçadamente, é quase certo que os operários brasileiros analfabetos quase todos, se apalermem diante dos conselhos mansos de V. Ex e votem no Sr. Evaristo de Morais. Pagam, assim, os hábeas-corpus e mais serviços grátis.
Sou de V.Ex. adm. Sincero e perigoso. (4)

José Oiticica.



(1) Na época em que este ártico foi escrito e publicado (26-2-1918), o tratamento dos homens mais ilustres era, sempre acompanhado de um V. EX., que hoje se tornaria massador. Assm, eliminamos31 vezes esse tipo de tratamento. Que nós perdoem os amigos, dessa “cortezia”.
(2) Trata-se do Navio Satélite, que serviu como prisão dos marinheiros amotinados e tantas discussões causou no parlamento e na Imprensa durante o governo de Marechal Hermes.
(3) Referem-se à guerra de canudos contra Antonio Conselheiro, o Tolstoi brasileiro, na opinião do Dr. Fábio Luz, descontadas as propulsões culturais. (ver “Ideólogos”- 1903).
(4) Publicado na 1.ª pagina do “Correio da Manhã”, 26-2-1918.

Extraído do livro:
Nacionalismo e cultura social
paginas:220 á 226
Autor: Edgar Rodrigues