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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Martins Fontes



Médico, anarquista, com mais de trinta obras publicadas, o poeta José Martins Fontes Morreu em 25 de junho de 1937, na cidade de Santos, São Paulo.


Martins Fontes nasceu poeta, libertário e bom. Para aqueles que supõem que anarquia é sinônimo de desordem, baderna, o poeta decepcionava: tudo o que fazia e/ou escrevia carregava bondade, pureza, apesar de ateu e anarquista, como Kropotkine de quem reproduzia de cor: “A revolução francesa foi obra dos enciclopedistas, porque é lenda, mas eficaz, ação dos filósofos, O terror acabou por não aterrorizar. Nela surgiu a idéia de transformação social. A comuna é sua filha. Anarquismo, socialismo, coletivismo, tudo é comunismo (não confunda com o governo soviético), cooperação para o bem comum. O sol nasce para todos, a água, a luz, o ar, a terra; na morte são patrimônios gerais; porque a terra na vida, hoje, não será também; se já foi? O espírito gregário e a conformidade estabelecerão a paz definitiva. A nova revolução será na Rússia porque é a mais supliciada, sofrida, depois da confraternização da Europa inteira, talvez no mundo inteiro.


-Profético!Karl Marx fundador em leis matemáticas, positivando, guiando-se pela razão, acreditou que a transformação social se faria – ao cantar do galo gaulês – Kropotkine, orientando-se pelo coração acertou, porque o sentimento é que ilumina os povos. Viver é amar.”


Para Martins Fontes, “o anarquismo devia ser construído sobre as bases da ciências naturais, não por analogias como entendia Spencer, mais por induções aplicadas às instituições humanas.”


Sentimental, humanista, o poeta libertário dúzia de si mesmo: “Nada sou, nada tenho. E noite e dia o meu espírito vive a imaginar o consolo indivisível que eu teria em dar, em dar, continuamente a dar.


E povoa-me no sono esta alegria, enche-o de sonhos o prazer sem par de ser um raio de ouro e de harmonia em cada coração e em cada lar.


Dar tudo a todos, com fervor fraterno! Dar, não olhando a quem, sem refletir: ser como o sol, que lembra o amor materno, multiplicado sem se dividir”.


Para os biógrafos, nenhum deles anarquista; os que deram o seu nome a ruas e avenidas em Santos, São Paulo e em praça pública erguendo o seu busto, Martins Fontes foi um homem tão extraordinário quanto para os pobres a quem atendia e em vez de cobrar consultas pagava-lhes os remédios a até alimentos. Para estes últimos o poeta foi um “santo” e, para nós um anarquista.



(A Batalha, Lisboa/Portugal, Janeiro/Março de 1990)


Extraído:


Livro: Rebeldias – volume 3
Pagina: 269 à 270


Autor: Edgar Rodrigues


Editora: Opúsculo Libertário


Ano: 2005

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