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sexta-feira, 25 de março de 2011

O Vampiro

A Burguesia é como o Vampiro: Com ânsia.
Aproveita a noite atroz da ignorancia
E, há séculos, exaure a pobre humanidade,
E dorme pachorrenta e calma como um frade

Que acabou de comer a ceia suculenta,
Regada de Bordeaux, picada de pimenta...,
Lá no Oriente, porém, marcando um nôvo dia,
A Estrela alviçateira e bela da Anarquia

Começa a despontar, resplandente e risonha,
O Vampiro, que à luz tem aversão medonha,
Quando o astro cintilar, as trevas espancando,

Buscará, com pavor, o seu covil nefando!
Livres, enfim, do trasgo infame que os devora,
Os homens gozarão a luz da Nova Aurora! (1)

Dr. Raimundo Reis

(1) De "Voz do Povo" - Rio. Veda do Mundo Nôvo - 22-9-1920

Extraido:
livro: Nacionalismo e cultura social
Autor: Edgar Rodrigues
Pagina:344
Edtora: Laemmert

Porque sou anarquista

"Sou anarquista porque o anarquismo é um sentimento social e humano, fôrça inacabavel, luz vencedora, alvorada da felicidade que desponta para a humanidade.
Sou anarquista porque sou humanista e adoro a doutrina que alenta e salva o agonizante, que rasga as trevas da ignorancia, que rompe as cadeias da escravidão, que oferece o direito, a justiça, a igualdade como forma de vida.
Sou anarquista porque é a doutrina do amor mútuo, porque repudia a guerra, a mentira, a hipocresia, a corrupção e acaba com a exploração do homem pelo homem; porque se propõe a organizar uma sociedade de homens livres e iguais". (1)

Oscar Silva
(1) "Voz do Povo" - Rio, 11-9-1920.
Extraído:
Livro: Nacionalismo e cultura social
Autor: Edgar Rodrigues
Pagina: 343

A Sociedade

No rosto me imprimiste o degradante
Estigma de assassino e de ladrão,
Por ter roubado a tempos um só pão,
Por só haver matado um semelhante...

Mas se eu fôsse um general, um almirante,
E que assaltado houvesse uma Nação;
Esmagando-a brutal, por certo então,
De mim dirias: - "és cavaleiro andante".

E logo cá ao velho herói do crime,
Levantarias um padrão sublime,
Deixando prós mosquitos a prisão!

Pois quem só faz um crime é criminoso,
Quem faz mil, é um ente valoroso,
A quem apertas com prazer a mão! (1)


(1) Enviada a redação apenas com as iniciais A.J. e publicado em 17-3-1920, na "Voz do Povo", órgão da Federação Operaria do Rio de Janeiro.

Extração:
Livro: Nacionalismo e cultura social
Autor: Edgar Rodrigues
Paginas: 298 á 299
Editira: Laemmert
Ano: 1972

O Primeiro Equivoco

"O Papa está investido de dois poderes
O Soldado defende ambos
O cidadão paga por todos três.
O Operário trabalha por todo quatro
O Padre come por todos cinco
O médico mata a todos seis.
O Ladrão rouba a todos sete.
O Confessor absorve a todos oito.
O Coveiro enterra a todos nove.
E o Diabo carrega a todos dez." (1)
.
Assim é, também, a organização social do mundo moderno:
.
"O Estado tem um poder ditatorial.
O Soldado defende e garante.
O contribuinte paga pelos dois.
O Proletário trabalha pelos três.
O Medico esfola os quadro.
O Fisco rouba os cinco.
E... o Anarquismo liquida os seis..." (2)
.
(1) Cartaz de autor desconhecido colocado na estátua de Pasquino, em Roma.
(2) Réplica publicada pelo jornal "O Sindicalista" _ Órgão da Federação Operária do Rio Grande do Sul. 27-5-1919. Pôrto Alegre.
.
Extraído do livro:
Nome: Nacionalismo e Cultura Social
Autor: Edgar Rodrigues
Editora: Laemmert
Paginas: 234

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Pacto Maldito*

O Diabo

Belzebu, Satanaz, Lúcifer, o Danado,
O Anjo descaído, o Diabo simplesmente,
conforme te agrada, está na tua frente,
e quer falar contigo, austero tonsurado.

Tu conheces de cor a minha negra historia,
E sabes como fui do céu arremessado,
Quando ergui contra Deus meu punho rebelado
Supondo conquistar os louros da vitória;

Tu sabes que tentei os rudes cenobitas,
Indo mesmo ao deserto, à sua solidão,
Enchê-lo de tortura e medo, e aflição,
Com minhas invenções astutas e malditas,

E fui, na Idade Média, um rei em todo o mundo,
Quando a fome e a lepra, esse “fogo sagrado”,
Que a terra viu surgir no ano amaldiçoado,
Geravam o terror, o pânico profundo,

Quando à luz do luar, pelas encruzilhadas,
Em noites de Sabbath, vinham as feiticeiras,
Que iam depois morrer na chama das fogueiras,
Pedir o meu conselho, em vassouras montadas,

De gorro carmezim, com penas enfeitado,
Eu lhe vinha aparecer, ao trágico clarão
No seio da floresta, ao trágico clarão
Das tochas a arder, sobre um trono sentado...

E enquanto no silêncio austero dos conventos,
Nas celas glaciais, brancas e desoladas,
Erguiam para o Cristo as faces torturadas
Os monges a tremer, tristes e macilentos;

Enquanto sob a neve, esplêndida e sombra,
Das vastas catedrais, os aterrados crentes,
Rojavam-se no chão, juntando as mãos trementes;
- tonto de sonho e luz, de amor e de alegria,

Eu andava pela terra – eterno revoltado –
Insensível e forte, a rir, sonoramente,
Lançando em toda a parte, à luz do sol ardente,
A semente bendita e doce do pecado!

Ao fúnebre terror dos vossos cantochões,
Que enchiam de amargura as almas timoratas,
Eu opunha – jovial – as doces serenatas,
Em noites de luar, sob ogivais balcões.

O cheiro do incenso – o místico perfume,
Fazia-o esquecer aos tristes namorados,
Dando-lhe a aspirar os cravos avinhados,
Que lembram corações sangrando de ciúmes.

Eu era assim, o Amor, a Força, a Rebeldia,
E merecia ser, portanto, excomungado,
Mas acima de tudo, o meu maior pecado
Era opor a Verdade à vossa Hipocrisia.

Exorcismo, latins, água-benta, polés,
Nada o clero me poupou para me aniquilar!
E pretendo expor-me ao riso tolo, alvar,
Pintava-me cornudo e de caprinos pés...

Eu não morria nunca! E quando a Renascença
Trouxe um novo esplendor à terra entristecida,
Os artistas geniais, de fama mais subida,
Beberam no meu riso uma alegria imensa!

Mais tarde, em plena França, em das agitados,
Conversei com Voltaire, andei com Mirabeau;
Vinha-me procurar o célebre Rousseau,
E vi cair por terra os reis e os potentados!

Vai cumprindo o discurso e não estás satisfeito.
Devo, pois, concluir, senão eu poderia
Discorrer toda a noite, até nascer o dia,
Se fosse a enumerar tudo o que tenho feito...

O inferno, há muito tempo é casa abandonada,
Onde não desço mais, cujo calor me aterra.
Prefiro, amigo meu, andar por sobre a terra,
Podendo contemplar a abóbada estrelada!

Não mercadejo mais as almas corrompidas
E não vou procurar – porque me sinto exausto,
Ao fundo de uma cela o velho doutor Fausto,
O torpe sedutor das castas Margaridas...

Nada disso, meu caro... Há um século pra cá,
- falo-te francamente, a mão na consciência –
Vivo entregue de tudo às artes e à ciência,
Leio Darwin e Haekel, Victor Hugo e Zola!

Adoro as capitais, a vida tumultuosa,
Em que se luta e sonha, e se odeia e se ama,
E em que anda pelo ar e até na própria lama
A febre de viver, quente e vertiginosa!

O homem sem terror, tornando livre e forte,
Tendo um culto na terra, o culto da beleza,
Encantado a sonhar, amando a Natureza,
E num sonho de luz penetrando na morte...

Assim o quero ver, em face do Infinito.
E vós que reduzir a um ser mesquinho, informe,
Porque vos sou hostil, tendes-me um ódio enorme
E chamais-me o tinhoso e o maldito!

E lançai sobre mim, suprema vilania!
Os sentimentos mais do vosso coração,
Julgando que ainda hoje a vossa excomunhão
Causa o fundo terror que outrora produzia...

E tentais conservar as bárbaras ficções
Das caldeiras de pez, do prêmio e do castigo,
Expondo ao olhar do crente aquele Diabo antigo,
Que serviu de espantalho para tantas gerações!

Ah! Contanto que o Crente escravizado reze,
Que vos dê o seu sangue e vos dê o seu pão,
Tudo pode fazer, que há de encontrar perdão...
Assim o ensinas tu, na tua diocese.

Mas, ai! Se ele quiser mostrar-se revoltado,
Se da mão que o prime, ele se cansa, ao cabo!
Apelais para mim e invocando o Diabo,
Falais logo no Mal, na Morte e no Pecado!

Eu não tolero mais um tal procedimento.
Deixam-me agora em paz; já basta de suplício.
Façam vocês render esse sagrado oficio
De vender, a retalho, o vasto firmamento;

Seja cada vigário um nédio Sancho Pança,
Torne-se cada templo um rendoso balcão,
Onde, ao cheiro do incenso, ao som do cantochão,
Se venda, a quem quiser, a bem-aventurança;

Isso tudo esta bem e dá goso às beatas...
Até que um certo dia a voz indignada
Da consciência humana, enfim emancipada,
Voz obrigue a cavar e a plantar batatas!

Mas deixam-me sucegado... atenta neste aviso:
Não te metas comigo e eu nada te farei.
És o Bispo, eu o Diabo... Eu cá nunca tretei
De vos ir perturbar no vosso paraíso.

O que agora te fiz, é uma amostra apenas.
Goza a vida a fartar... abandona os rigores.
Há lá nada melhor que os olhos pecadores
Das loiras idéias, das cálidas morenas!

E enquanto vós pregais as mentiras divinas,
E andais a saciar vossa imensa cobiça,
Eu ando a propagar o verbo da Justiça,
Na ânsia e no rumor das vastas oficinas!

Vós dais o Paraíso e eu quero – a Liberdade.
Em vez da vida eterna, a vida lá na altura,
Eu quero sobre a terra a paz e a aventura,
Como frutos de luz de Amor e da Verdade.

E o Diabo olhou o bispo, a rir, irreverente,
Sentindo-se o mais forte e sempre o vencedor...
E eis o que então disse o servo do Senhor
Ao demo que Eli estava, altivo, impertinente,

O Bispo

“Confesso: tens razão. Nós temos abusado
Das velhas invenções dos vigários de cristo.
Exploramos ainda o original pecado,
E mostramos um Deus que tem um olhar sinistro.

És tudo para nós; se nos fechas o inferno,
Não podemos vender as nossas orações.
É com medo de ti, do sofrimento eterno,
Que o crente vai largando, a custo, alguns tostões.

Não seremos sem ti, confesso, quase nada.
A água-benta não rende; a missa não produz,
O nosso latinório é drogo avariada,
E está muito explorado o corpo de Jesus!

Prescindimos de ti? Sem Diabo quem nos quer?
Entendamo-nos, pois, e seja de uma vez!
Il y des accommodements avec l’enfe,
Segundo ensina alguém, em ótimo francês.

Embora eu te fulmine, em gestos furibundos,
Eu serei teu amigo e tu me estimarás;
Bem unidos os dois – eis-nos donos do mundo,
E verás como sou um ótimo rapaz.

O que eu quero é viver contente e regalado.
Se o outro mundo é bom, acho a esse excelente.
Essa historia do inferno e o medo do pecado,
Não são cá para mim; servem só para o crente!

A diocesse é nossa: a sorte nos congraça.
Tudo nos vai unir. “Aperta a minha mão...”

Nesse instante, batia na vidraça
O radioso e límpido clarão
D’aurora a despontar.
E toda branca, toda envolta em luz,
Na janela que abriu, de par em par,
Mais doce do que os lírios ao luar,
Surge a visão serena de Jesus!


* Capitulo VI da obra de Antonio Gomes Da Silva, cujo o poema satírico "A Tentação do Bispo" de sua autoria, esse livrinho aproximadamente cem paginas, ainda hoje é uma beleza de ler e se constitui no mais contudente liberlo ja publicado entre nós contra o clericalismo e sua variada gama manifestações.


Extraído:
Livro: Os anarquistas no Rio Grande do Sul
Autor: João Batista Marçal
Pagina: 165 á 171
Ano: 1995

Anarquismo e Vegetarianismo: sinônimo de liberdade

Aqui vai um artigo que eu fiz ficaria muito grato em divulga-los,abraços.
Anarquismo e Vegetarianismo:
sinônimos de liberdade

Podemos dizer que o anarquismo e o vegetarianismo são o maior significado de liberdade.Talvez muitas pessoas vêem isso como loucura ou como coisa de quem não tem o que fazer,mas esses que criticam são aqueles mal informados,são escravos do Estado+Capital+Igreja ou não aceitam tal atitude por temer que o povo abra os olhos para verdade.
Pois sabemos que tanto o anarquismo quanto o vegetarianismo querem acabar com essas mazelas destruidoras da classe dos menos favorecidos e dos animais.
Há séculos o anarquismo luta para que o homem seja livre sem se apoiar em muletas religiosas e estatais,por serem elas alienadoras da mente humana,levando cada vez mais o ser humano para seu mundo.Muitos consideram que anarquia é o mesmo de baderna;mal sabem essas pessoas que o significado vem do grego onde An=não e Arkê=governo onde se nega qualquer tipo de autoridade ou governo,onde os anarquistas vivem em autogestão,eliminando totalmente os exploradores,patrões,governantes ou chefes clericais dos locais onde a anarquia será implantada.Ninguem irá impor idéias ou vontades próprias em fabricas ou em qualquer local de trabalho,pois a administração será pelo sistema de rodízio com cada encargo dado e aceito livremente,cada contribuição não será de mando mas de trabalho,sempre havendo substituição de cargos,contribuindo assim para a educação de todos e quebrando desejos de lideranças.*
Sabemos que não é facíl vivermos em um mundo livre,por que para isso o homem também tem que ser livre.
E isso não é diferente com o vegetarianismo,a unica diferença é para salvar os animais para que eles também sejam livres,pois eles não podem se defender,então só resta a nós mesmos para acabar com o sofrimento dos nossos amigos.
Muitas pessoas acham que o animal ao ser abatido não sente dor ou sofre,só que isso é nítido ao vermos suas atitudes,berros até no jeito de olhar;eles são como qualquer ser vivo desse planeta,eles amam,sentem e dão carinho,amam,são amigos e porque não sentem dor?É claro que sentem,tá na cara.
É ridiculo quando uma pessoa fala que os animais foram feitos para nos servir em seus pratos,em suas peles até mesmo para servirem de cobaia em experiências ciêntificas ou usados como entretenimento em circos e em zoologicos.
Nossos amigos só precisam de nossa consciência do nosso amor para com eles.Apenas nós podemos lutar pelos animais pelo seus direitos de serem livres.
Por isso o anarquismo e o vegetarianismo lutam pelo mesmo ideal:a liberdade de viver,de ser livre sem exploração,sem escravidão,dor,sofrimento ou qualquer coisa que reduza a vida animal e humana.Podemos citar alguns anarquistas vegetarianos que assumiram essa luta pela liberdade como por exemplo:Élisee Reclus,Liev Tolstoi,Hans Ryner,Isaac Puentes,José Oiticica,Maria Lacerda de Moura,Diego Gimenez Moreno entre outros que lutaram pela liberdade humana e animal.
Pensem sobre isto,todos nós merecemos ser livres.


*trecho do livro:Pequeno Dicionário de Idéias Libertárias,do autor anarquista Edgar Rodrigues.


Aqui estão dois anarquistas vegetarianos:esq.para dir.Éliseé Reclus e José Oiticica.

Autor: Paulo Ricardo

domingo, 20 de março de 2011

FIM DO MUNDO EM 2012

FIM DO MUNDO EM 2012 –
A ARCA DE NOÉ (brasileira)
Quem escreveu isso merece nota "10"!


Um dia, o Senhor chamou Noé que morava no Brasil e
ordenou-lhe:
- ANTES DE 21.12.2012 , 6 meses antes ,( NOVO FIM DO MUNDO ) farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que o Brasil seja coberto pelas águas.
Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal. Vai e constrói uma arca de madeira. No tempo certo, os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu.
Noé chorava, ajoelhado no quintal de sua casa, quando ouviu a voz do Senhor soar furiosa, entre as nuvens:
- Onde está a arca, Noé?- Perdoe-me, Senhor suplicou o homem. Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas:
Primeiro tentei obter uma licença da Prefeitura, mas para isto, além das altas taxas para obter o alvará, me pediram ainda uma contribuição para a campanha para eleição do prefeito.
Precisando de dinheiro, fui aos bancos e não consegui empréstimo, mesmo aceitando aquelas taxas de juros ...
O Corpo de Bombeiros exigiu um sistema de prevenção de incêndio, mas consegui contornar, subornando um funcionário.
Começaram então os problemas com o IBAMA e a FEPAM para a extração da madeira.
Eu disse que eram ordens SUAS, mas eles só queriam saber se eu tinha um "Projeto de Reflorestamento " e um tal de "Plano de Manejo ".
Neste meio tempo ELES descobriram também uns casais de animais guardados em meu quintal..
Além da pesada multa, o fiscal falou em "Prisão Inafiançável " e eu acabei tendo que matar o fiscal, porque, para este crime, a lei é mais branda.
Quando resolvi começar a obra, na raça,apareceu o CREA e me multou porque eu não tinha um Engenheiro Naval responsável pela construção.
Depois apareceu o Sindicato exigindo que eu contratasse seus marceneiros com garantia de emprego por um ano.
Veio em seguida a Receita Federal, falando em " sinais exteriores de riqueza " e também me multou.
Finalmente, quando a Secretaria Municipal do Meio Ambiente pediu o " Relatório de Impacto Ambiental " sobre a zona a ser inundada, mostrei o mapa do Brasil.
Aí, quiseram me internar num Hospital Psiquiátrico! Sorte que o INSS estava de greve... Noé terminou o relato chorando,
mas notando que o céu clareava perguntou:
- Senhor, então não irás mais destruir o Brasil?
- Não! - respondeu a Voz entre as nuvens - Pelo que ouvi de ti, Noé, cheguei tarde!
O governo já se encarregou de fazer Isso!

Conceitos de Pátria

“Para mim, a idéia de nação se dissolve na idéia de humanidade, e não conheço nada mais do que uma Pátria: a luz”.
Vitor Hugo

O que é Pátria?
Eis uma pergunta capaz de forçar diversas respostas, igual número de explicações e uma difícil definição...
Para o elaborador de dicionários é sem dúvida o país onde nascemos marca da nossa nacionalidade.
Mas para os “Mestres” do civismo, Pátria é uma coisa “sagrada” que merece morrer por ela! Milhões de cidadãos sadios, jovens, no vigor da idade, têm dado a vida, matando e morrendo para “defendê-la”. Para essas ilustres personalidades, Pátria quer dizer raça, idioma, nação, orgulho.
A Pátria na concepção mais acanhada atinge um estado de embriagues alienante, chauvinista e sob sua influência o homem chega à prática de grandes desatinos.
Em nome da Pátria declaram-se guerras, e para defender seu pavilhão o berço da nacionalidade, fabrica-se a bomba atômica e de hidrogênio!!!
Exércitos imensos estão permanentemente alerta, dispostos a matar e morrer em defesa de algo que acreditam ser-lhe “sagrado”, a Pátria!
Desde os bancos escolares se aprende a falhar da terra onde nascemos e a cantar hinos nem sempre agradáveis aos gostos musicais da inocência da idade de alfabetização.
A idade de Pátria levada a tais extremos só servidos para armar o braço do homem e levá-lo a grandes demandas, a criminosas aventuras. O nosso século está assinalado por duas grandes guerras e inúmeras batalhas capazes de cobrir o chão de cadáveres, a humanidade consciente de vergonha e, os peitos de certos “heróis”, de empáfia e de medalhas onde só poderia caber o estigma da vergonha e da repulsa!!!
Pátria é a idéia dos privilégios, responsável por uma desigualdade demográfica, de riquezas naturais, de fome e de exploração dos fortes sobre os fracos. Em nome, sob sua proteção, ou melhor, dito, por trás de falsos princípios patrioteiros, montem-se férreos regimes, governos intolerantes, conselhos de segurança, campos de trabalho forçados, manicômios políticos, batalhões de policias especiais para descobrir os “traidores” e prendê-los.
Bilhões de bilhões custam aos cofres públicos, que o mesmo é dizer ao esforço honrado de quem trabalha a sustentação dessa palavra, que em ultima instancia serve para intranqüilizar e dividir os povos irmãos.
“Pátria – afirmou o ilustre pensador - ´w uma bandeira esfarrapada que tem servido para esconder interesses espúrios; é uma filha bastarda de uns poucos egocêntricos que num passe de mágica conseguiram fanatizar povos inteiros e levá-los a esquecer o essencial para defender o supérfluo”.
“A Pátria é uma expressão negativista que só tem servido para dividir os homens, os povos, colocando-os em estado permanente de alerta contra supostos inimigos do outro lado da cerca divisória”.
Nesta ordem, Pátria é por útil, necessária. Indispensável aos fabricantes de armas, que teriam de buscar novas ocupações no dia que os povos não se virem mais como supostos inimigos e, se derem as mãos numa confraternização de irmãos, voltando-se para os princípios e a pratica da solidariedade humana universal, constituindo-se numa grande família, numa aldeia global, mundial.
A terra é uma só, nasceu antes do homem com todas as suas riquezas naturais! Sem fronteiras, marcos ou divisas. A natureza deu-a de graça, ao homem, não lhe exigiu nada em troca!!!
Dividida e fracionada por uns poucos ambiciosos: ganhou formas de desenvolvimento diferentes e distanciou os homens dor idiomas e por interesses.
Na ordem lógica dos universalistas, Pátria é a humanidade, o mundo sem divisas. Para eles é reprovável o orgulho de nacionalidade, diferencias de mentes oportunistas, doentias conceberam e os são princípios reprovam!
Sem a idéia de Pátria não existiam fronteiras, demandas entre atravessadores, e o homens, e os homens poder-se-iam espalhar pelo espaço terrestre de uma forma mais conforme com as necessidades produtivas e de consumo, e desapareceriam algumas das mais sérias desigualdades que mantém os povos em permanentes conflitos sociais.
“Os antropólogos estabeleceram um acordo geral sobre o reconhecimento de que a humanidade é uma só; que todos os homens se permanecem à mesma espécie, “Homosapiens”. É ainda comumente reconhecido e aceito entre antropólogos que todos os homens são provavelmente originários do mesmo tronco ancestral da espécie humana; e que as diferencias existentes em diversos grupos em que as espécies humanas se dividem são divididas, à atuação evolutiva de fatores de diferenciação, como o isolamento, a mutação, a hibridação, a fixação ocasional de partículas de hereditariedade (chamada gens) e a seleção natural. Em conseqüência da atuação desses fatores, vários grupos de diversos graus de estabilidade e diferenciação têm classificados de diferentes modos para diferentes finalidades”.
“A cultura e as realizações culturais dos povos deferem entre si não por causa de diferenciação herdada, mais em conseqüência – das peculiaridades históricas da experiência cultural de cada grupo. O traço que acima de todos mais claramente vem permitindo a evolução mental do homem tem sido sua educabilidade, sua praticidade. Esse caracterísco, por ser inerente à espécie Homosapiens, todo ser humano igualmente possui.
Nenhuma das diferenças que se tem alegado existir entre membros das diferentes “raças” mesmo que acaso se pudesse provar que tinham fundamento, não poderem ter qualquer pertinência nos problemas de organização social e política, de vida moral e de associação entre seres humanos”.
Estamos então diante de dois conceitos de Pátria. Da conceituação de Pátria – política, Pátria – interesses comerciais. Pátria – nação, cantada e ensinada pacientemente, metodicamente nas escolas primarias, secundarias, nas universidades, nos quartéis, nos cursos de civismo apregoados exaustivamente na rádio, na televisão, na imprensa, finalmente por gente de interesses inconfessáveis, da Pátria das guerras e das desigualdades entre os homens!
Do outro lado, baseado nos estudos dos antropólogos e nos conceitos da sociologia humanista, temos a Pátria – humanidade, Pátria – igualdade dos povos que só comporta o sentimento que liga o homem ao lugar onde nasceu através de laços de amizade, às coisas que se habituou a ver e a sentir, às recordações da infância e da adolescência, marcadas por alegrias, tristezas, amor, decepções, carinhos, costumes, tradições, culturas, aos objetos que lembram o curso da vida, episódios para sempre gravados na mente humana.
O autor concluiu com Graça Aranha:
“O gênio humano é universal... A Pátria é o aspecto secundário das coisas, uma expressão da política, a desordem, a guerra. A Pátria é pequenina, mesquinha, uma limitação para o amor dos homens, uma restrição que é preciso quebrar”. Em verdade existe um só homem – a humanidade, uma só nação – o universo!

(Gazeta do Sul, Montijo/Portugal, 30 de Maio de 1981)
Extraido:
Livro: Rebeldias Vol 3
Autor: Edgar Rodrigues
Editora: Opusculo Libertários
Paginas: 44 á 47
Ano: 2005

quinta-feira, 17 de março de 2011

Diego Giménez Moreno – Um Exemplo de Atuação Anarquista


Marcolino Jeremias

Tierra y Libertad, número 264, julho de 2010


Negando a oportunidade de ter uma vida cômoda dentro da sociedade capitalista, a trajetória de Diego Giménez Moreno no movimento anarquista foi edificada com dedicação, coerência, força de vontade e muita coragem para lutar contra a violência, a repressão, a injustiça, as ditaduras (de direita e de esquerda) e toda espécie de obstáculos que se apresentaram no decorrer do caminho.
Viver clandestinamente, abdicar da companhia de seus familiares, abandonar seu país de origem, ser julgado e condenado a ser preso em campos de refugiados (construídos com dinheiro público), foi o preço que Diego teve que pagar por semear as idéias libertárias de igualdade e solidariedade humana.
Diego Giménez Moreno nasceu no dia 10 de abril de 1911, na Vila de Jumilla, província de Murcia. Filho mais velho de Maria Moreno Muñoz e de Diego Giménez Guardiola, seu pai era trabalhador rural e filiado a União Geral dos Trabalhadores (U.G.T.). Na residência familiar viviam também seu irmão (Roberto Giménez Moreno), suas irmãs (Ana Giménez Moreno e Maria Giménez Moreno, essa última ainda viva) e sua avó materna (Ana Muñoz Avellán).
Na infância Diego Giménez estudou em uma escola pública em Jumilla, onde havia aulas religiosas. Certa vez, o professor castigou fisicamente Diego por não ter respondido uma pergunta sobre o catecismo. Ao informar o episódio ao seu pai, Diego foi transferido para uma escola do sindicato, onde seu pai era filiado. Estudou até os 8-9 anos e foi ajudar seu pai no trabalho agrário.
Na seqüência, a família de Giménez fixou residência em Badalona (Barcelona-Catalunha), buscando melhores condições de trabalho.
Inicialmente, Diego (aos 12 anos) começou a trabalhar numa fábrica de velas, para ajudar seu pai que trabalhava na empresa francesa Cros de produtos químicos. Pouco tempo depois Diego já estava trabalhando na empresa italiana Metagraf, que reunia trabalhadores gráficos e metalúrgicos.
Nessa época, seu pai trouxe o livro “Manolín – Leyenda Popular” de Estéban Beltrán Morales (4ª edição, 1910, Espanha) e esta foi sua primeira leitura socialista.
Em 1928, Diego Giménez (com 17 anos) perdeu seu pai, que morreu aos 42 anos por intoxicação aos produtos químicos com os quais trabalhava e se tornou o homem mais velho de sua família, redobrando sua responsabilidade.
Após o final da ditadura espanhola (1923-1930) e das eleições de 14 de abril de 1931, com a vitória do Partido Republicano, surgiram diversas publicações de caráter anarquista, das quais Diego Giménez Moreno teve acesso, entre elas: La Novela Ideal (de Federico Urales, Pseudônimo de Juan Montseny), La Revista Blanca, El Luchador, Generación Consciente (posteriormente Estudios) e a partir dessas leituras sobre pedagogia libertária, medicina natural, educação ambiental, tecnologia, entre outros, tornou-se anarquista e começou a militar no Sindicato das Artes Gráficas, onde tornou-se tesoureiro, secretário e depois presidente do Sindicato.
Nas palavras do próprio Giménez: “Fui presidente do Sindicato das Artes Gráficas e isso não é um orgulho para mim! Não é um prêmio! É uma obrigação que eu tive no terreno do sindicalismo… Durante a guerra civil, tentei deixar meu cargo e não me permitiram. Naquela noite chorei… Chorei sim, na assembléia, porque vi que eles queriam que permanecesse ali”.
Em 1934, Diego se casou com Maria Roger Aguilar, e no ano seguinte nasceu seu primeiro filho Helios Giménez Roger.
Em 17 de julho de 1936, quando o exército do general Franco se levantou contra a República e Barcelona se insurgiu contra o golpe de Estado, Diego Giménez Moreno participou da revolução armada nas ruas.
No dia 26 de julho de 1936, o Sindicato de Barcelona proclamou a volta ao trabalho. Na fábrica onde Diego trabalhava (Metagraf) juntamente com cerca de mil operários, o patrão fugiu e nomeou-se um comitê autogestionário composto por um trabalhador de cada secção industrial, para dar continuidade ao trabalho fabril. Diego coordenou uma pequena secção na indústria de embalagens.
Em setembro de 1937, Diego Giménez chegou ao front de guerra, a 30 quilômetros de Zaragoza (capital de Aragão) na Brigada 21 da Coluna Durruti, setor Bajo Abril. O capitão, que era um amigo e companheiro anarco-sindicalista, queria enviar Diego para a Escola de Guerra em Barcelona e em três meses ele voltaria com grau de tenente. Diego comenta o episódio: “Eu falei para o capitão que ele sabia que nós não havíamos sido educados para isso e, portanto, não aceitei o convite. Hoje eu estaria recebendo um salário mensal de tenente, é um dinheiro, não? Mas eu não estou preocupado, eu fiz o que minha consciência anárquica me aconselhava”.
Segundo o próprio Diego, o setor onde ele estava “não era um lugar de luta constante porque não tínhamos armas suficientes para o enfrentamento. Não recebemos ajuda, nem fuzis, passamos meses nessa situação”. Posteriormente, esse grupo foi substituído pelas Brigadas Internacionais e a nova linha de defesa passou a ser em Montsec (Lérida), província de Catalunha. Diego fez parte de um grupo de defesa contra gazes na Brigada 21 da 26ª Divisão (antiga Coluna Durruti), que além de conservar o equipamento, treinava a utilização de máscaras, simulando situações de emergência, e transmitia esses conhecimentos para grupos de soldados em hora de descanso.
Em 20 de novembro de 1938, durante as homenagens do segundo ano da morte do anarquista Buenaventura Durruti, ao sair de madrugada para Barcelona, Diego foi ferido com um tiro e, após os primeiros socorros, levado para um hospital na cidade de Manresa (Bages-Barcelona). Foi justamente quando recomeçou a ofensiva franquista, chegando muitos feridos neste hospital.
Diego foi evacuado para o Monastério de MontSerrat (Bages-Barcelona), onde ficou por quinze dias e depois o levaram para Santo Hilário, recebendo a visita de sua mãe e esposa.
Em dezembro de 1938, com o avanço dos fascistas, Diego foi levado para o hospital de Ripoll (Barcelona-Catalunha), onde ficou mais 15 dias e seguiu para Puigcerda (Gerona-Catalunha), depois Bourg-Madame (já na França) e de trem até Auch (Gers-França), num quartel que tinha sido adaptado para um hospital.
No dia 31 de abril de 1939 (final da guerra civil espanhola), Diego foi enviado para o Campo de Refugiados Sept Fonds, e lá esteve (entre outros) com um companheiro de 16 anos chamado Juan.
Em Sept Fonds, pode manter correspondência com a família, porém, esteve o tempo todo mal alojado (não tinha leito para dormir, entre outras coisas) e tinha acesso a pouco alimento.
Durante alguns meses, participou de uma companhia de trabalho na construção de uma estrada de ferro entre as cidades de Le Mans (capital de Sarthe) e Le Loar, e outra nas proximidades de Bourdeaux (capital de Aquitania).
Em 1940, quando os alemães invadiram Bordeaux, Gimenez foi transferido para um campo de refugiados em Le Vernet (Ariège) e depois Melilesben, onde pode visitar os companheiros Fernando e Aurora, em Pamiers (Ariége).
Diego trabalhou ainda no rescaldo do rio Tet (sul da França) e na construção de uma central elétrica.
No dia 12 de fevereiro de 1942, Giménez saiu clandestinamente em direção a fronteira da Espanha. Sua companheira, Maria Roger Aguilar, havia lhe informado que a polícia espanhola não sabia de sua atuação sindicalista (naquela conjuntura social, participar de sindicato era considerado crime) e, portanto, não constava nenhuma punição contra ele.
Diego foi até a cidade de Figueras (Gerona-Catalunha), onde a polícia o levou algemado até um quartel de Barcelona. Ficou durante dez dias num Campo de Depuração em Reus (Tarragona-Catalunha) e foi libertado em 24 de fevereiro de 1942, quando pode novamente se reunir com sua esposa, seu filho e sua filha Luz Giménez Roger.
Em Barcelona trabalhou 10 anos em uma fábrica onde a carga horária chegava até 16 horas por dia. A situação econômica era muito difícil e mesmo com o trabalho de sua companheira, de seu filho (com 16 anos) e de sua filha (com 12 anos) não era o suficiente para superar as dificuldades.
No dia 16 de março de 1946, nasceu sua nova filha, Rosa Giménez Roger, e no dia 10 de abril de 1952, Diego resolveu embarcar para o Brasil com seu filho. Quinze dias depois, chegaram ao Porto de Santos.
Fixaram residência na Vila Santa Clara, na cidade de São Paulo, e em poucos dias, Diego e seu filho já estavam trabalhando.
Após oito meses, a esposa e as duas filhas puderam também imigrar para o Brasil.
Por intermédio de um amigo (Joaquim Vergara), Diego fez contato com a Sociedade Naturista Amigos de Nossa Chácara (que na época, era o local onde se realizava os Congressos Anarquistas no Brasil) e com o Centro de Cultura Social, desde então contribuindo e participando das atividades de ambos.
Entre 1972-1973, escreveu artigos para o periódico anarquista “Le Combat Syndicaliste” (Paris-França), com os pseudônimos de “El Buscador” e “El Exiliado”. E em 5 de outubro de 1975, escreveu e publicou em português (dividindo a autoria com seu irmão Roberto Giménez Moreno) o livro “Mauthausen – Campo de Concentração e de Extermínio” (tiragem de 2.300 exemplares), pela Ediciones HispanoAmericanas no Brasil.
Diego Giménez Moreno também proferiu diversas conferências em São Paulo (a maioria no Centro de Cultura Social) e em outras cidades paulistanas, sobre sua experiência libertária na guerra civil espanhola, assim como procurou sempre estar em contato com os jovens.
Um forte traço do caráter de Giménez era sua irrefutável autonomia, sendo adversário ferrenho do tabagismo e do alcoolismo. O vício constitui uma fraqueza de vontade e, por sua vez, o consumo de álcool e tabaco, além de prejudicar a saúde, fortalece a indústria dessas drogas e do próprio capitalismo.
Nas palavras de Diego: “Ao comprar cigarro e álcool você está alimentando o patrão, que se aproveita de sua debilidade”.
Também era adepto do vegetarianismo, afirmando ter sido influenciado pelos escritos do dr. Isaac Puente Amestoy (C.N.T./F.A.I.), na revista Estudios.
Assim como outros de sua geração, Diego seguiu um velho lema anarquista: “Enquanto vivermos sob o capitalismo, devemos consumir o mínimo necessário”.
Com o mesmo vigor que combateu os fascistas na revolução espanhola, também lutou contra um novo inimigo: o mal de Parkinson. Murreu no último dia 2 de junho, aos 99 anos de idade, em São Bernardo do Campo, deixando filhos, netos, bisnetos, muitos ensinamentos libertários e um impressionante exemplo de atuação anarquista.
Diego, lutando te recordaremos.

1º de abril de 1939, Hospital de Auch (França), Diego Giménez Moreno (o primeiro à esquerda)com uma enfermeira e um companheiro que também foi ferido.

Extraido: http://ateneudiegogimenez.wordpress.com/quem-foi-diego-gimenez/

entre no link e veja também a entrevista com Diego Giménes.

domingo, 13 de março de 2011

Na inquisição de Salazar, introdução 1° parte

Esboço do movimento operário em Portugal


Quando pensamos em reunir no livro as cartas que adiante apresentamos, animou-nos a intenção de exibir à execração do mundo civilizado os abomináveis aspectos inquisitoriais da situação política reinante em Portugal. Porém, depois, compreendemos que este trabalho ficaria incompleto se não recordássemos, ainda que em ligeiros traços, os antecedentes desse odioso e anacrônico regime.
E’ certo que a tarefa não é fácil não é fácil, pois, exilados no Brasil, onde concatenamos os dados deste trabalho, não dispomos da documentação indispensável. Temos por isso de limitar-nos a um ligeiríssimo esboço histórico, visando proporcionar aos leitores uma visão da vasta gesta de renovação social, no sentido da libertação e da dignificação humanas, que os inquisidores Salazar e Cerejeira paralisaram. Dizemos “paralisaram” porque não consideramos destruído, mais simplesmente retardado no movimento operariado português. Apesar da policia fascista haver assaltado e roubado os arquivos e as bibliotecas operarias de estudos sociais e desorganizados grupos anarquistas e os sindicatos, prendendo e deportando os mais destacados militantes, a idéia não morreu. Esta vive e viverá com vigor, pois o homem morre, mais o pensamento rola, de tal modo que, quando parece de todo extinto, ressurge das próprias cinzas, como Fênix mitológica.
Todos os grandes movimentos políticos e sociais têm sofrido revezes, mais nem por isso deixarão de, um dia, ter a sua eclosão vitoriosa no seio da população. Quando se principiou a falar da idéia republicana, era como se falar da pior coisa imaginável. Tal, como hoje, da Anarquia, dizia-se, atribuindo-lhe o significado de desordem: “isto é uma republica!” Os propagandistas mais acérrimos do regime republicano sofreram maus-tratos e prisões sem conta, o que não impediu o seu triunfo. Outro caso acontece com o socialismo. Em 28 de Setembro de 1864 (comício de St. Martin’s hall, em Londres) nasceu a 1.° Associação Internacional dos Trabalhadores (A.I.T.), do qual os Bolchevistas e alguns historiadores ignorantes consideram Karl Marx como fundador. A verdade apurada nos debates históricos sobre o assunto, é que Karl Marx não passou de um dos incentivadores desse movimento, mas apenas depois do célebre comício e não antes. Os membros do comitê que promoveu o comício de Longres por proposta dos franceses foram: Blackmore, Whithock,Peter Fox Nicass, Noble, Hartwell, Gray, Stainby , Weston, Cremer, Wheeler, Leno, Domênico Lama, Eccarius, Trimlett, G. Howde, Julius Denoal, Shaw, Shearmann, Osbiorne, Richason, Facey, Goddard, Kethrik, Bacquet, Mayor Wolff e o dr. Marx E’ este dr. Marx que os bolchevistas querem identificar como Karl Marx, o judeo alemão. Contudo, J. Guilhaume, na referência que fês ao comício de st. Martin’s Hall, em nota alucidativa ao texto de sua “Historia da internacional”, frisa que Karl Marx não assistiu sequer aquela reunião. Claro que para os partidários do autor “O capital” todos quantos tomaram parte em lugares de destaque no movimento operário e revolucionário são Karl Marx, mais nenhum dos Marx que tomaram parte do mesmo movimento representando papéis nefasto é Karl Marx....

Livro: Na Inquisição de Salazar
Autor: Edgart Rodrigues
Paginas: 25 á 26
Editora: Germinal

Ano: 1957

segunda-feira, 7 de março de 2011

O cotidiano e a mulher e o mercado de trabalho

A cada dia que se passa a mulher vai se igualando ao cotidiano da rotina profissional, apesar de muitas, ainda como escrava do lar, mais agora, mais do que nunca, vemos a mulher nos trens, apertada, esmagada pela multidão que passa pelo mesmo cotidiano masculino.
No dia 28 de fevereiro perante a multidão no Braz para pegar o metro no sentido Sé, uma mulher quebrou a mão as 06h30min da manhã, pois antes mesmo do trem parar a multidão já começou a empurrar, para entrar no trem e não se atrasar no serviço, levando a mulher pressionada ao trem em movimento e quebrar a mão, enquanto pessoas disposta á ajudar, sendo empurradas pelas outras para seguir o seu cotidiano no mercado de trabalho.
Logo a frente, em algumas estação após um senhor se exaltou dizendo para todos: “Isso aqui é pior do que uma ditadura, pois tudo acontecendo para todo mundo ver, e ninguém faz nada, todos atrás de seus interesses pessoais, e ignorando que na verdade os seus interesses pessoais são comuns, são de todos, e isso aqui esta pior do que uma ditadura, pois pelo menos lá o povo era unido a lutar por interesse comum” enquanto uma moço ao meu lado diz; “olha ele pensa que só ele que passa por tudo isso, mais todo passa e ninguém esta satisfeito, agora só ele quer chamar atenção dando uma de revoltadinho, mais que pode se acostumando, que é assim mesmo!” dando risada, quando outro disse “mais na verdade há um milhão de revoltados, mais cadê os revolucionários?engraçado as pessoas aceitam com muita naturalidade os problemas da rotina do seu cotidiano e se revolta com as pessoas que se indignadas com os problema do cotidiano”.
Todo ano aumenta a passagem do transporte público, sem nenhuma melhora apenas as ilusórias, fazendo assim o povo a cada dia mais separados, divididos de formas inimigas, enquanto isso os reajustes dos “poderosos” é de 62% com o valor de 26.000,00, mais e o do povo? Reajuste de 5,8% valor de 540,00 e o transporte “publico” que TEMOS QUE PAGAR é de 2,90, e sempre quem paga as contas é o trabalhador, mais até quando???
Aquele que produz é o que deve decidir, não podemos aceitar SANGUE SUGAS, pois a emancipação dos trabalhadores só pode ser obro dos próprios trabalhadores deixando assim todas as carestias, os acidentes no local de trabalho, até mesmo no percurso até o trabalho, boicotando todos os males que o estado e o patronato empoem, só assim que os trabalhadores se unam pelo triunfo dos seus interesses comuns, sem hierarquia, nem estado, nem religião!

Cleber Aleixo

Sindivarios do Alto Tiete filiado-a:
FOSP/COB-ACAT/AIT