Pesquisar este blog

domingo, 13 de março de 2011

Na inquisição de Salazar, introdução 1° parte

Esboço do movimento operário em Portugal


Quando pensamos em reunir no livro as cartas que adiante apresentamos, animou-nos a intenção de exibir à execração do mundo civilizado os abomináveis aspectos inquisitoriais da situação política reinante em Portugal. Porém, depois, compreendemos que este trabalho ficaria incompleto se não recordássemos, ainda que em ligeiros traços, os antecedentes desse odioso e anacrônico regime.
E’ certo que a tarefa não é fácil não é fácil, pois, exilados no Brasil, onde concatenamos os dados deste trabalho, não dispomos da documentação indispensável. Temos por isso de limitar-nos a um ligeiríssimo esboço histórico, visando proporcionar aos leitores uma visão da vasta gesta de renovação social, no sentido da libertação e da dignificação humanas, que os inquisidores Salazar e Cerejeira paralisaram. Dizemos “paralisaram” porque não consideramos destruído, mais simplesmente retardado no movimento operariado português. Apesar da policia fascista haver assaltado e roubado os arquivos e as bibliotecas operarias de estudos sociais e desorganizados grupos anarquistas e os sindicatos, prendendo e deportando os mais destacados militantes, a idéia não morreu. Esta vive e viverá com vigor, pois o homem morre, mais o pensamento rola, de tal modo que, quando parece de todo extinto, ressurge das próprias cinzas, como Fênix mitológica.
Todos os grandes movimentos políticos e sociais têm sofrido revezes, mais nem por isso deixarão de, um dia, ter a sua eclosão vitoriosa no seio da população. Quando se principiou a falar da idéia republicana, era como se falar da pior coisa imaginável. Tal, como hoje, da Anarquia, dizia-se, atribuindo-lhe o significado de desordem: “isto é uma republica!” Os propagandistas mais acérrimos do regime republicano sofreram maus-tratos e prisões sem conta, o que não impediu o seu triunfo. Outro caso acontece com o socialismo. Em 28 de Setembro de 1864 (comício de St. Martin’s hall, em Londres) nasceu a 1.° Associação Internacional dos Trabalhadores (A.I.T.), do qual os Bolchevistas e alguns historiadores ignorantes consideram Karl Marx como fundador. A verdade apurada nos debates históricos sobre o assunto, é que Karl Marx não passou de um dos incentivadores desse movimento, mas apenas depois do célebre comício e não antes. Os membros do comitê que promoveu o comício de Longres por proposta dos franceses foram: Blackmore, Whithock,Peter Fox Nicass, Noble, Hartwell, Gray, Stainby , Weston, Cremer, Wheeler, Leno, Domênico Lama, Eccarius, Trimlett, G. Howde, Julius Denoal, Shaw, Shearmann, Osbiorne, Richason, Facey, Goddard, Kethrik, Bacquet, Mayor Wolff e o dr. Marx E’ este dr. Marx que os bolchevistas querem identificar como Karl Marx, o judeo alemão. Contudo, J. Guilhaume, na referência que fês ao comício de st. Martin’s Hall, em nota alucidativa ao texto de sua “Historia da internacional”, frisa que Karl Marx não assistiu sequer aquela reunião. Claro que para os partidários do autor “O capital” todos quantos tomaram parte em lugares de destaque no movimento operário e revolucionário são Karl Marx, mais nenhum dos Marx que tomaram parte do mesmo movimento representando papéis nefasto é Karl Marx....

Livro: Na Inquisição de Salazar
Autor: Edgart Rodrigues
Paginas: 25 á 26
Editora: Germinal

Ano: 1957

Nenhum comentário:

Postar um comentário