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quinta-feira, 23 de junho de 2011

O CONGRESSO ANARQUISTA DE AMSTERDAM

Não nos consta que o Movimento Anarquista do Brasil enviasse delegação ao Congresso de Amsterdam, realizado em 25 a 31 de agosto de 1907. Todavia, o grupo “Terra Livre” dirigiu àquele conclave uma proposta que se resumia na “fundação de um Boletim Internacional” que servisse de órgão de informação e divulgação do ideal ácrata. Por outro lado, a ordem do dia do Congresso foi largamente divulgada no Brasil, onde encontrou grande receptividade, pelos temas a debater:

1.°- “O Anarquismo e o Sindicalismo”; relatores: Pedro Monatto (Paris) e João Turner (Londres);
2.°- “”Greve Geral e Greve política”; relatores: R. Friedeberg (Berlim) e H. Malatesta (Itália);
3.°- “Anarquismo e Organização”; relatores: Jorge Thonar (Liége) e Amadeu Dunois (Paris) ;
4.°- “O Anti-Militarismo como Tática do Anarquismo”; relatores: R. de Marmande (Paris) e Pedro Ramus (longres);
5.°- “A Associação Produtora e o Anarquismo”; relatores: Gustavo Landauer (Alemanha), F. Van Eder (Holanda), E. Chapelier (Bélgica) e I. I. Samson (Holanda);
6.°- “A Revolução na Rússia”; relatores: a designar pelos grupos russos;

7.°- “Alcoolismo e Anarquismo”; relatores: Dr. J. Van Rees (Holanda);
8.°- “A Literatura Moderna e o Anarquismo”; relator: Pedro Ramus (Longres).

Outros pontos foram postos em discussão tais como: “Organização da Internacional Libertaria” e a “Redação duma declaração de princípios comunista-anarquista”.
Os anarquistas estão preocupados em acoimar as tendências autoritárias que, desde a Associação Internacional dos Trabalhadores (A.I.T.), vinham influindo e provocando polemicas no seio das suas agrupações e nos meios sindicais, principiavam a traçar rumos de divulgação do anarquismo dentro e fora dos sindicatos. No Brasil, a influencia anarquista no sindicalismo foi mais eficiente em Santos. Todavia, São Paulo, Rio de Janeiro e outros Estados sofrerão a sua orientação ideológica. A greve geral para oitos horas de trabalho, deflagrada no dia 1.° de maio de 1907, na capital paulista, teve a orientação dos anarquistas e, embora seus objetivos fossem puramente de redução da jornada de trabalho, os próprios governantes perceberam a ação firme e convicta dos libertários, motivo porque passaram a difamar os trabalhadores, a denegrir o movimento.
O proletariado paulista lançava-se então numa luta desigual para reduzir as horas de trabalho, enfrentando as mais revoltantes perseguições, espancamentos e, não raro, a prisão por muitos meses. Tão gritantes se tornaram as torturas e a caça ao trabalhador que o governo paulista viu-se forçado a enviar à Câmara Estadual uma _falsa _ mas uma explicação que principiava com estes termos: “GREVE – nos princípios de maio último,, os operários de diversos misteres declaram-se em parede, desejando muitos aumento de salário e todos os estabelecimento das oito horas de trabalho. Funcionava na capital, à travessa da Sé, n.° 2, a chamada Federação Operaria, composta, segundo se dizia de representantes das diversas profissões, com existência legal, mais com assistência numerosa que deliberava imposições e enviava ultimatos aos patrões, dirigindo, enfim, o movimento paredista em São Paulo, que logo se propagou a Santos, Campinas e Ribeirão Preto.
A princípio calma e dentro da lei, logo a parede (greve) começou a se manifestar por ameaças e violências. Teve então a polícia a intervir, fazendo dissolver esses ajuntamentos de operários, que se tornaram ilícitos, dos quais partiam movimentos que com ameaças e violências matérias, perturbavam a ordem pública, e mandando recolher à prisão preventiva diversos cabeças, que foram depois postos em liberdade. A ordem pública se restabeleceu imediatamente, sem haver necessidade da força armada, que esteve aquartelada durante o tempo da agitação”.
Desta vez, sem falar dos anarquistas, o governo estadual afirma “heroicamente” ter mantido a “ordem publica “ e salvando a pátria. Só não diz que a ordem pública era essa que autorizava a polícia a roubar livros e prender operários indefesos, só porque reivindicavam a redução do horário de trabalho.

Extraído:

Livro: Socialismo e Sindicalismo no Brasil
Editora: Laemmert
Autor: Edgar Rodrigues
Paginas: 208 á 210
Ano:1969

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