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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Um pai para o ateísmo - Jean Meslier (1664-1729)

Jean Meslier nasceu em Rethel (Champagne) em 1664 e, inexplicavelmente, dado o que eu então vá para explicar (só descobriu depois de sua morte), exerceu suas funções como pastor silenciosamente em Etrépigny, nas Ardenas belgas, ao final de sua dia em 1729. Em seu livro de Michael Onfray Tratado Manifesto Ateísta (Anagram, 2006) menciona o "pai" Meslier como ponto de partida da verdadeira história do ateísmo, Meslier, tendo servido durante décadas como um padre católico sem suspeita de falta de fé, no que diz respeito Onfray, deixou uma obra volumosa de cerca de 3.500 páginas, Testamento. Memória de pensamentos e sentimentos de Jean Meslier (1779), e duas cartas, que ataca a Igreja, a religião, Jesus, Deus, mas também contra a aristocracia, monarquia, o Antigo Regime, a queixa de violência sem precedentes injustiça social, idealista, a moral cristã da dor, enquanto que professam uma espécie de anarquista comunalismo, uma verdadeira filosofia materialista e hedonista abertura e ateísmo surpreendente hoje. Meslier abrigou, em suma, uma feroz oposição ao estabelecimento, tanto civil como eclesiástico, considerando-se que economicamente oprimidos e explorados do povo. Foi muito difícil para todas as religiões, apresentando "exibe clara e evidente da vaidade e falsidade de todos os deuses e todas as religiões do mundo", mas sobretudo o cristianismo, como instrumentos de exploração e de falsidades, mentiras conjunto formado e inculcada, para manter o povo sob a tirania. Eles são reivindicações Meslier inestimável sobre a religião cristã: as Escrituras são falsas, a tradição é espúria, são dogmas absurdos, não há Deus, nem céu, nem inferno, ou a imortalidade da alma, também não há design no universo: toda a realidade é matéria em movimento e matéria obedece a leis mecânicas, e não divina. Alguns argumentam que Meslier foi influenciado por Spinoza, interpretada do ponto de vista de um ateu. O trabalho deste "pai do ateísmo", em uma contribuição não desprezível na corrente de pensamento livre eo desenvolvimento do materialismo na França do século XVIII, o naturalista e materialista Holbach, outro crítico persistente das crenças cristãs e os preconceitos de todos os tipos, e também aderindo ao ateísmo sem hesitação, acolhidos como libertadores Meslier opiniões de todas as superstições e toda a opressão, e parte do seu trabalho publicado em 1772, Voltaire também anunciou em 1762 em aspectos anti-cristã e anti-clerical, mas silenciando seu ateísmo, o materialismo e revolucionárias idéias sociais.
Consideramos Meslier, aparentemente tão distante, e até certo ponto, abrindo em certas correntes de pensamento. Original foi também a considerar a religião como fonte e causa distúrbios fatal e eterno divisões entre os homens, só tinha de ver a perseguição de fogo e sangue entre os diversos proponentes de crenças sem sentido e cego e conduta também lamentável, sob o falso pretexto da bela, defender e manter a suposta verdade de suas religiões, todos os tipos de males e males.
Não é preciso ir muito longe para encontrar um paralelo entre as reivindicações fundamentais da Meslier e sangrento mundo em que vivemos.Não se esqueça que o sacerdote viveu nos séculos XVII e XVIII, o tempo eo país onde desenvolveu o Iluminismo, que procurou trazer a humanidade ao progresso final (hoje vemos que, ou não, ou se refere desde o início um progresso científico e tecnológico, que é questionável em muitos aspectos, e inacessível para grande parte da humanidade em sua prestação de cuidados), o direito de instalar e deixou para trás a tradição, superstição e da tirania. Alguns aspectos do Iluminismo deu esperança para Meslier sonhos emancipatórios, que foram logo truncado: a luta de classes continua a ter sentido pleno (e continuam a fazê-lo, por mais que a classe política a se esforçar para usar retórica democrática, liberal e progressista respeito, incutindo uma espécie de crença de que existe apenas um caminho) ea religião continua a enfrentar e dividir, talvez mais do que nunca. Todos e cada um das queixas que Meslier que a Igreja Católica, seus dogmas absurdos e sua grande responsabilidade em tentar manter as pessoas em um estado de submissão e imaturidade, é óbvio pensar que ainda em vigor, o caso das crenças religiosas com base em dogmas, pouco pode ter mudado ao longo dos séculos (para muitas nuances que se aplicam, o interesse, ou por gerar pouco de prática, dada a força do senso comum). Pode ser tudo mais difusa sobre seu conluio com os poderes civis de exploração (embora não se esqueça que o Vaticano é um estado), mas é importante notar a tremenda responsabilidade histórica, a tão propalada memória é propriedade de todos, eo buscando assumir os vencedores. Há uma história também o ateísmo libertadora e libertária e uma amostra é o "pai" Meslier, que parecia tributo a algumas palavras, o que fazemos com ele como com muitos outros que se atreveu a ir ao fundo denunciando injustiças .
Mais uma coisa que Meslier teve um lugar na história é uma frase familiar, que sofreu muitas variações, em muitos casos atribuídos a outras figuras, que "a humanidade só pode ser feliz no dia do último tiranos têm sido penduradas com as tripas do último padre. " Se o sacerdote francês simplesmente usou uma metáfora violenta é algo que nunca saberemos.

Paniagua Jose Maria Fernandez

(Artigo publicado no jornal anarquista Terra e Liberdade núm.226 (Maio 2007)



domingo, 9 de outubro de 2011

ERNESTO, UM COMERCIARIO, NOSSO PRIMEIRO MILITANTE

A primeira categoria de trabalhadores que se organiza em associação em Porto alegre, para a defesa de seus direitos, é a dos comerciários. Sua trincheira é o clube caixeiral Porto-Alegrense, fundado em de novembro de 1882. Os caixeiros trabalhavam de sol a sol, sete dias por semana. Daí a primeira grande luta e conseqüentemente a primeira vitoria dos trabalhadores gaúchos: a conquista da Lei de Fechamento de Portas, Conseguida em 1884, espécie de Lei Áurea do balcão, que obrigava os comerciantes locais a darem folga aos operários, nos domingos.

Esta conquista se deve a um balconista de farmácia – Ernesto Silva, nosso primeiro dirigente operário, um adepto do mutualismo, uma das correntes mais antigas do anarquismo, com raiz ideológica nos textos de Pierre-Joseph Proudhon. Além de dirigente, ele também pode ser considerado nosso primeiro militante da causa proletariado.
Seu nome completo era Ernesto Francisco de Souza e Silva. Nasceu em Porto Alegre, no bairro Belém Novo, em 16 de Janeiro de 1855, filho de Justiniana Silva e Eleutério Francisco de Souza e Silva. Foi poeta teatrólogo e depois farmacêutico prático. Usou o pseudônimo de Nestor em seus trabalhos literários. Se assinava Ernesto Silva .
Seus primeiros textos em defesa de sua categoria profissional foram publicados no semanário Social, em 1874, editado aqui por Joaquim Alves Torres (1883-1910), jornalista, teatrólogo e amigo. Em 1877 editou a revista Colibri e, em 1878, Caixeiro, em cujas páginas colocou com clareza a situação absoluta escravidão em que viviam os comerciários. Em 1880 editou O Telefone. “Foi assim que Ernesto Silva escreveu bons contos, narrativas agradáveis, quantidade de versos excelentes, dramas e comédias e muitos artigos doutrinários, a maior parte deles em prol da classe a que pertence e nos quais revelou habilidade, pois enchia-se de argumentação vigorosa, tornando-os em razão disso convincentes”, informa Alves Torres em O Atleta, de 1° de novembro de 1885.
Diz a mesma fonte: “Ernesto Silva foi em Porto Alegre um dos primeiros que advogou a modesta e distinta casse dos caixeiros. Pugnou com fervor pela sua união. Demonstrou a necessidade de congraçarem-se para o benefício de todos. Em 1882 pôs-se à frente da mocidade caixeiral e alentado, intrépido, disposto aos obstáculos que se opusessem, propôs a criação do Clube; e esse ideal dos caixeiros, esse ideal que lhes parecia sempre uma utopia, deveu sua realização à máscula vontade de Ernesto. Fundou-se o Clube Caixeiral e coube a ele, por direito, por justiça, a honra de presidi-lo.”
A categoria estava unida e tinha a sua organização vencida esta etapa, era hora de partir para luta pelo descanso semanal para os trabalhadores de balcão. Era preciso levar essa luta para além dos muros profissionais. Ernesto Silva funda, então, O Atleta, porta voz dos balconistas da cidade, cujo o numero inicial sai em 7 de novembro de 1883. Órgão declaradamente mutualista, tinha por lema instrução e Beneficência.
Com a pressão que se cria e com a ajuda do pequeno comerciante português Antonio Correia de Souza Peixoto, um ano depois era conseguida polemica Lei de Fechamento de Portas, na realidade um parágrafo incluído no Código de Posturas Municipais e que só entrou em vigor efetivamente em 1885, mesmo assim muito claudicante, uma vez que o presidente da Câmara de Vereadores – Felizardo José Rodrigues Furtado – era comerciante, profissão também de outros vereadores metropolitanos.
Vencida esta batalha, Ernesto Silva se transferiu para São Leopoldo, onde estabeleceu sua própria farmácia, editou a revista Lélia e acabou vereador e juiz distrital. Pertencia então à Academia Rio-Grandense de Letras. Deixou esparsas algumas peças de teatro, representadas no próprio Club Caixeiral, e um livro de poesias: Lampejos Efêmeros (Porto Alegre,1889). Faleceu em 12 de Janeiro de 1909.

O Atleta, de 7 de novembro de 1885, traz este seu poema:


AVE-LIBERTAS


-Quem és? Que buscas tu na pátria brasileira?
-Eu venho do passado e vou para porvir.
-Silêncio! Tu não tens horror á gargalheira?

-Eis o meu ideal- lutar, vencer, subir!

-Temerária, não tens receio da mordaça?
-Venho da escuridão e marcho para luz...
Para abafar o grito horrível da desgraça
Quebro o cetro real e calco os pés na cruz.
.
Combato com ardor os monstros sanguinários,
A Cruz-superstição! O cetro – tirania!
Nas forjas do dever em fundo abecedários
dos ferros da Opressão, da treva – Idolatria!

- Mas dizer-me quem és q’afrontas sobranceira
A vingança, o terror, a maldição e o ódio?
-Tu és o povo, escuta a minha historia inteira,
Eu sou, sublime herói, o teu anjo custódio.

Eu venho reunir a sacrossanta liça
os moços varonis, a forte mocidade...
Trago na mão potente o gládio da Justiça,
Trago na fronte altiva os dogmas da Verdade.

Eu quero destruir o velho preconceito
Sagrando em seu lugar a santa Idéia Nova...
Trabalhando pelo bem, luto pelo Direito
E tudo que for meu hei de lançar à cova!

Eu quero resgatar do látego inclemente
O mísero sujeito ás leis da escravidão...
Ele conhece o pranto – o negro também sente,
Ele conhece o amor – o negro é o nosso irmão.

Eu quero libertar da torpe prepotência
Este vasto país tão belo e tão pujante!
É livre o pensamento, é livre a consciência,
Não se esmaga a razão num cérebro pensante.

Eu venho proteger a Arte – a gloriosa,
A indústria, e o comércio, essa riqueza pública;
eu quero ensinar-te, povo, a senha vitoriosa:
-Pela federação, fundada na republica.

Há mais de meio sec’lo esta província heróica
Terrível levantou-se em face do despotismo,
Opondo resistência aos áulicos, estóica,
Escrevendo com sangue os feitos do heroísmo.

Essa revolução provou aos opressores
Que o povo riograndense é livre como pompas!
eu tenho fé que em breve, ao’rufo dos tambores,
Os heróis d’esse dia hão de se erguer das campas!

Marchemos ao combate; ingente vai a luta...
É só de teu valor que espera a salvação
A pátria. Vamos, segue, ó turba resoluta,
Á conquista do bem para a infeliz nação.

Não mais padres nem reis – os frutos da Ignorância,
Não mais o Opróbio, o Crime, a Submissão, a Fome!
Eu trago-te o Progresso, eu trago-se Abundância.
- Mas dize-me quem és, quero saber teu nome?

-Não sabes quem sou, ó povo grande e forte?
Não me conheces tu, gloriosa mocidade?
Se tu fores vencido – eu hei de ser a Morte;
Mas sendo vencedor- serei a Liberdade!


Extraído do:
Os anarquistas do Rio Grande do Sul
Autor: João Bastista Marçal
Paginas: 23 á 27
Ano: 1995
Editora: Unidade Editorial Porto Alegre

Cristiano Fettermann, A Verdade à Luz de Lampião

Destacado militante anarquista gaúcho. Professor. Tradutor de latim e grego. Natural de Porto Alegre, irmão de Djalma Fetterann. Foi aluno do renomado professor Aquilles Porto Alegre, que o considerava um menino-prodígio. Cedo mostrou divulgar talento – informa Marat Badaszewski – e, antes de terminar os preparatórios, já dominava o latim e o grego, de cujas traduções tirava o sustento para si e seus irmãos. Sendo bem mais velho, depois da morte de seu pai, tratava-os como filhos.

Foi professor e um dos fundadores da Escola Eliseu Reclus, em 1906, onde lecionou português, alemão e francês. Concluídos os preparatórios, ingressou na faculdade de Direito, mais não veio a formar-se tardiamente, três anos antes de falecer, tais as dificuldades que enfrentava.
“Djalma costumava repisar na importância de Cristiano para as lutas anarquistas, quando este traduzia, oralmente, para seus camaradas As mentiras convencionais da nOSSA CIVILIZAÇÃo, do anarquista, judeu alemão, Max Nordau. Muitas destas leituras, para grupos maiores, de rapazes, eram realizadas sob a luz dos lampiões da Praça de Matriz”.
Cristiano Fettermann, que faleceu em Porto alegre, “exerceu forte influencia sobre professores e alunos da Escola Parobé, onde se formou um grupo de ativistas e simpatizantes anarquistas”. Colaborou em o “O Exemplo” (1911), deixando ali vários textos de divulgação do anarquismo.


Extraído do:
Os anarquistas do Rio Grande do Sul
Autor: João Bastista Marçal
Paginas: 73 á 74
Ano: 1995
Editora: Unidade Editorial Porto Alegre