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sexta-feira, 13 de julho de 2012

A ALMA FEMININA E’ A PRESA DILETA DAS GARRAS DO CLERO

Todos reivindicam a escola, como arma voltada para o futuro das suas ambições.
Todos querem todos se arrogam o direito à exploração da alma da criança.
E, no momento histórico que atravessamos, já o clero brasileiro se arregimentou para poluir a alma das gerações novas – através de ensino católico na escola nacional.
A mais alta homenagem que os intelectuais livres e proletários conscientes poderiam prestar a Ferrer, seria defender os filhos e a escola das garras do fascismo e do clericalismo, resíduos teratológicos da monstruosidade de uma evolução às avessas.
O mais, pensamento sem ação, discursos sem expressão na vida – palavras que o vento leva, orações vazias ou atitudes de políticos profissionais, demagogias retumbante de sons vazia de sentido, na exploração oportunista, para galgar posições ou satisfazer a vaidade pequeninas – através das multidões que aplaudem os histriões e os demagogos, tiranos e magaretes de carne humana.
falar apenas, é exibição ridícula. Estamos todos fartos de ouvir dissertar em torno de ideias maravilhosas e ver praticar as mais torpes baixezas.
Os homens já sabem ler no rosto uns dos outros a falsidade e o tartufismo.
Por que continuar eternamente a indignidade dessa comedia repugnante?
Os tempos são chegados de se colocar cada qual na arena ao lado de um dos dois exércitos gigantescos da moderna cruzadas.
Um deles defende a civilização do bezerro de outro, o progresso material, a técnica industrial, o passado, a Rotina, a Reação, a Autoridade da Fé Fascista ou Racista.
O outro saúda, nobremente, heroicamente, o alvorecer de uma Alba Nova – para respeito à vida, para o advento da Liberdade individual e a livre expansão da consciência Humana.
Não ha meio termo. Quem cala, acovarda-se, e é apostata de si mesmo.
Porque, a covardia e a imbecilidade humana não mais podem descer... rastejaram aos últimos degraus da baixeza e da miséria moral.
Honro-me, neste momento, de ocupar o lugar a que tenho direito, como consciência livre de quaisquer muletas, frente a todos os detetives sociais.
Honro-me de prestar a Ferrer a homenagem publica da minha imensa admiração.
Como mulher, sou-lhe profundamente reconhecida pela nobreza e pelo carinho com que pugnou pela educação racional feminina, para arrebatar o cérebro e o coração da mulher das garras do dogma, da superstição e da ignorância.
Demais, algumas mulheres notáveis, participarão da obra do eminente educador. E a sua gratidão e a sua ternura a Mlle. Meunier e a Soledad Villafranca, fazendo-as suas colaboradoras e considerando-as sempre com iguais direitos e como indivíduos de credor do afeto e do reconhecimento da mulher consciente.
Dizia o apostolo do ensino racionalista, referindo-se à mulher, que o mundo só caminhará para uma evolução mais alta, quando realizar o matriarcado moral, isto é, quando o impulso sentimental feminino contribuir diretamente para a conquista da consciência.
Como Ferrer compreendia a necessidade urgente de tirar partido da energia conservadora da mulher, não para cristalizar o seu pensamento em formulas rotineiras, mais para desperta-la para a vida e para beleza!
Explica a antítese flagrante, funda, repugnante na maioria dos seres humanos, homens mulheres, entre a inteligência e a vontade, donde derivam todos os males que nos oprimem, explica-a na origem do sentimento materno deturpado pela educação clerical.
Diz ele: “Esse sedimento primário dado por, nossas mães é tão tenaz, tão duradouro, converte-se de tal modo em medula de nosso ser, que, energias fortes, caracteres poderosamente reativos que hão retificado sinceramente de pensamento e de vontade, quando penetram de vez em quando recinto do eu, para fazer inventario de suas ideias, topam continuamente com a mortificante substancia de jesuíta que lhes comunicara a mãe.”
Essa é a tonica predominante da Obra de Ferrer: o desvelo com que ardorosamente procurou fazer sentir a necessidade arrebatar a alma feminina das garras do clericalismo voraz.
Queria a educação racional, mais, não podia dispensar, na mais vasta cultura, o sentimento humano. Porque, si Ferrer não disse, o pressentia com Rebelais: “ Ciência sem Consciência é a Ruína da alma.”

Livro: Ferrer o Clero Romano e a Educação Laica
Autora: Maria Lacerda De Moura
Paginas: 75 á 80
Ano: 1934

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