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segunda-feira, 16 de julho de 2012

VIVER HARMONIOSAMENTE...

A covardia mental é a mais poderosa das armas reacionárias.
O caminho único do gênero humano, si não queremos ser devorados pela reação, pejada de violência cientifica e tecnocracia – é a “suprema resistência” à covarde domesticidade e à imbecilidade humana, aos exploradores da consciência, aos vendilhões de todos os templos.
Não sejamos livres-pensadores de rebanho, desses que protestam entre amigos, no seio da família ou nos recintos das Lojas teosóficas ou maçônicas, mas, casam-se na Igreja, são devotos de Sta. Terezinha, batisam os filhos, servem de padrinhos e testemunhas de casamentos, mandam rezar missas pelos seus mortos, celebram funeral religioso, confessam-se. Comungam na hora das aperturas, ou dão dinheiro para as cerimonias da Igreja, sob a capa covarde de dever social.
E, o que é pior, educam os filhos nos colégios religiosos e assistem à sua primeira comunhão – porque é “chic” e elegante e pretexto para reuniões mundanas.
A cada instante, ouço dizer que nem sempre a família está disposta a acompanhar os militantes.
E conheço delas que são a negação absoluta das doutrinas pregadas pelos seus chefes. Entretanto, tais militantes procuram ardorosamente fazer prosélitos e exigir que outros companheiros e principalmente outras companheiras se comprometam pela causa que eles defendem.
Essa incoerência equivale à do que prega para o publico, reservando-se o direito de não seguir os seus próprios conselhos.
Si a minha família não quer ou não pode seguir os meus sonhos de libertação humana, um dilema traça à minha consciência uma base de conduta. Si sou fraca e dominada pelos sentimentos afetivos limitados ao egoísmo da família de sangue – que nem sempre é a nossa família – que nem sempre é a nossa família – não tenho o direito de pregar ou exigir dos outros, aquilo que eu mesma não fui capaz de realizar. Retiro-me. Não me posso fazer agitador e militante.
Nada posso exigir, si não dou exemplo integral.
O segundo caminho é mais íngreme, é mais doloroso, é mais escarpado: coloco os interesses humanos, coloco a minha consciência acima da família, não a acuso nem defendo e reivindico para mim o direito á deserção.
Isolo-me da família e, pelo exemplo, demonstro que vivo individualmente em harmonia comigo mesma e ponho de acordo o pensamento e ação.
Não tenho o direito de impor ou exigir nem da família nem do próximo.
Mas, tenho o dever de reivindicar os meus direitos individuais, de ser livre, de desertar, de fugir de todos os detetives morais, cuja missão é dominar, é escravizar – para reduzir à rotina, à imbecilidade, à cretinice e à covardia.
Muitos menos me assiste o direito de formar uma família cuja educação eu descurei, e depois, vir impor o meu pensamento ás famílias dos outros, buscando prosélitos ou exigindo de outros consciências o lema das minhas verdades individuais.
“Cada qual só pode iluminar a si mesmo...” E, antes de exigir d quem quer que seja, eu tenho a obrigação de exigir de mim mesma, cuidando da minha própria realização.

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Já é tempo de comemorarmos Ferrer de outros modo. Não se educa com discursos. E, si as Escolas Modernas são fechadas pela policia clerical, cada um de nós tem uma pequena escola moderna dentro do lar e ... dentro de nós mesmos.
, si a educação do lar falhou. Repito, só há dois caminhos a seguir – si não queremos corar deante dos olhares perfurados das consciências clarividentes.
Ou resignar-se estoicamente em uma retirada honrosa e profunda iluminar-se a si mesmo, desertando da ação social por incapacidade – preparando-se para uma atitude futura mais coerente com os próprios ideias – e escravizar-se ao afeto da família, por fraqueza confessa, ou – desertar da família.
Ninguém tem o direto de impedir que eu me conheça e me realize – para o gesto individual isolado, para a harmonia integral isolado, para a harmonia integral entre o meu pensamento e a minha ação, e a “suprema resistência” ao espirito de autoridade incrustado no subconsciente da família e da sociedade.
E’ comodismo, quase sempre, essa desculpa de que a família não quer seguir a orientação da corrente ideológica que nos parece verdadeira: pode ter sido o nosso descuido, a nossa incúria, o nosso comodismo a causa do desacordo entre o que desejamos e o contraste dos desejos que orientam os nossos filhos.
E, si não temos confiança na educação, em se tratando da nossa família, é estranho que preguemos essa ou aquela educação para as famílias dos outros.
Gandhi acaba de dar ao mundo o mais belo, o mais heroico, o mais eficaz dos exemplos: perguntaram-lhe quais seriam os continuadores da sua obra de “suprema resistência” à reação burguesa-capitalista para a libertação da India, Gandhi respondeu: - a minha companheira e os meus filhos. Só assim temos o direito de procurar persuadir a companheira e os filhos dos nossos camaradas. Ou então, desertar...
Sejamos os desertores da família, os desertores sociais, o individualista livre – para pensar e sonhar e viver em harmonia com a nossa própria consciência.
Esperamos sempre que outros façam aquilo que nos dá prazer ou que não fomos capazes de realizar.
E’ utópica a sociedade ideal, sonhada pelos sonhos de equidade, enquanto não tenhamos, nós mesmos, realizado, dentro de nós, esse ideal e essa equidade.
Cada qual pode resolver o milagre de realizar o homem perfeito ou a mulher emancipada que as nossas ilusões criam no tipo futuro das sociedades ideais.
Conhecer-se ... educar-se... realizar-se ... Só pode semear, quem já colheu de si mesmo.
Para educar, é preciso ter-se educar a si próprio, na tortura gloriosa do domínio das paixões e dos espirito de autoridade.
Longe de mim a ideia de exigir a perfeição próximo, si u reconheço todas as minhas fraquezas e todos os meus defeitos, si me envergonho de não ter podido ainda burilar as arestas grosseiras da minha astuta interior e me apresentar em publico digna dos mais altos sonhos de beleza que palpitam dentro de mim.
Mas, quem pode afirmar que a minha vida não tem sido um esforço continuo para me conhecer e para me realizar?
Por isso mesmo, a maior homenagem que podemos prestar a Ferrer, como a todos os apóstolos e mártires do ideal de emancipação humana – pela educação – é a busca interior, é a realização da própria consciência no anseio do conhecimento – para o exemplo da força e do poder por sobre nós mesmo, na escalada de uma consciência sempre mais alta – voltada para o Amor e a Sabedoria.
“Conhece-te a ti mesmo”. Ainda é a divisa do Templo de Delfos.
“Conhece-te a ti mesmo” – “para aprenderes a amar” – é a suprema sabedoria, na escalada suprema em busca dos abismos de lus da nossa consciência profunda.
Cada um de nós tem seu caminho, as suas verdades, e sua vida...
Que cada qual se ilumine a si mesmo e realizará o milagre sem par de iluminar, pelo exemplo, as verêdas de todos os jovens corredores da lenda.

Só crio nessa educação...
Só crio nessa revolução...

Livro: Ferrer o Clero Romano e a Educação Laica

Autora: Maria Lacerda De Moura

Paginas: 81 á 90

Ano: 1934

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A ALMA FEMININA E’ A PRESA DILETA DAS GARRAS DO CLERO

Todos reivindicam a escola, como arma voltada para o futuro das suas ambições.
Todos querem todos se arrogam o direito à exploração da alma da criança.
E, no momento histórico que atravessamos, já o clero brasileiro se arregimentou para poluir a alma das gerações novas – através de ensino católico na escola nacional.
A mais alta homenagem que os intelectuais livres e proletários conscientes poderiam prestar a Ferrer, seria defender os filhos e a escola das garras do fascismo e do clericalismo, resíduos teratológicos da monstruosidade de uma evolução às avessas.
O mais, pensamento sem ação, discursos sem expressão na vida – palavras que o vento leva, orações vazias ou atitudes de políticos profissionais, demagogias retumbante de sons vazia de sentido, na exploração oportunista, para galgar posições ou satisfazer a vaidade pequeninas – através das multidões que aplaudem os histriões e os demagogos, tiranos e magaretes de carne humana.
falar apenas, é exibição ridícula. Estamos todos fartos de ouvir dissertar em torno de ideias maravilhosas e ver praticar as mais torpes baixezas.
Os homens já sabem ler no rosto uns dos outros a falsidade e o tartufismo.
Por que continuar eternamente a indignidade dessa comedia repugnante?
Os tempos são chegados de se colocar cada qual na arena ao lado de um dos dois exércitos gigantescos da moderna cruzadas.
Um deles defende a civilização do bezerro de outro, o progresso material, a técnica industrial, o passado, a Rotina, a Reação, a Autoridade da Fé Fascista ou Racista.
O outro saúda, nobremente, heroicamente, o alvorecer de uma Alba Nova – para respeito à vida, para o advento da Liberdade individual e a livre expansão da consciência Humana.
Não ha meio termo. Quem cala, acovarda-se, e é apostata de si mesmo.
Porque, a covardia e a imbecilidade humana não mais podem descer... rastejaram aos últimos degraus da baixeza e da miséria moral.
Honro-me, neste momento, de ocupar o lugar a que tenho direito, como consciência livre de quaisquer muletas, frente a todos os detetives sociais.
Honro-me de prestar a Ferrer a homenagem publica da minha imensa admiração.
Como mulher, sou-lhe profundamente reconhecida pela nobreza e pelo carinho com que pugnou pela educação racional feminina, para arrebatar o cérebro e o coração da mulher das garras do dogma, da superstição e da ignorância.
Demais, algumas mulheres notáveis, participarão da obra do eminente educador. E a sua gratidão e a sua ternura a Mlle. Meunier e a Soledad Villafranca, fazendo-as suas colaboradoras e considerando-as sempre com iguais direitos e como indivíduos de credor do afeto e do reconhecimento da mulher consciente.
Dizia o apostolo do ensino racionalista, referindo-se à mulher, que o mundo só caminhará para uma evolução mais alta, quando realizar o matriarcado moral, isto é, quando o impulso sentimental feminino contribuir diretamente para a conquista da consciência.
Como Ferrer compreendia a necessidade urgente de tirar partido da energia conservadora da mulher, não para cristalizar o seu pensamento em formulas rotineiras, mais para desperta-la para a vida e para beleza!
Explica a antítese flagrante, funda, repugnante na maioria dos seres humanos, homens mulheres, entre a inteligência e a vontade, donde derivam todos os males que nos oprimem, explica-a na origem do sentimento materno deturpado pela educação clerical.
Diz ele: “Esse sedimento primário dado por, nossas mães é tão tenaz, tão duradouro, converte-se de tal modo em medula de nosso ser, que, energias fortes, caracteres poderosamente reativos que hão retificado sinceramente de pensamento e de vontade, quando penetram de vez em quando recinto do eu, para fazer inventario de suas ideias, topam continuamente com a mortificante substancia de jesuíta que lhes comunicara a mãe.”
Essa é a tonica predominante da Obra de Ferrer: o desvelo com que ardorosamente procurou fazer sentir a necessidade arrebatar a alma feminina das garras do clericalismo voraz.
Queria a educação racional, mais, não podia dispensar, na mais vasta cultura, o sentimento humano. Porque, si Ferrer não disse, o pressentia com Rebelais: “ Ciência sem Consciência é a Ruína da alma.”

Livro: Ferrer o Clero Romano e a Educação Laica
Autora: Maria Lacerda De Moura
Paginas: 75 á 80
Ano: 1934

quinta-feira, 12 de julho de 2012

VERSOS PARA O INTERNACIONALISMO

Produzir e partilhar
Entre o povo harmonia.
E nos lábios d@ operári@
Um sorriso de anarquia.

Trabalhamos em conjunto
Respeitando a sociedade
Que, com força, construímos
Ao buscar a liberdade.

Já findamos monopólios,
Hoje a terra é coletiva.
Nosso bem é bem de tod@s.
É de tod@s boa vida!

Hierarquias derrubadas,
Nada abaixo ou acima!
Ambiente igualitário
Com o fim da tirania.

O trabalho é ferramenta
De igualdade, de prazer!
Pois com ele permitimos
Que tenhamos mais lazer

E com a força do trabalho,
Que hoje é horizontal,
Produzimos mil sorrisos
Com o fim do patronal.

Sem fronteiras, sem barreiras
Que nos possam separar,
O lugar em que me encontro
Também é vosso lugar.

Numa paz jamais sentida
Quando então havia Estado,
Nós brindamos alegrias
Ao Socialismo Libertário!


Por Mao Punk
http://oourodamiseria.blogspot.com/

Da Falta de compromisso ao autoritarismo da disciplina

Em uma sociedade baseada na hierarquia escravocrata, não é de admirar que o conformismo, a resignação e o medo sejam uma constante. Prevalece o comodismo, mesmo entre aqueles que se autodeterminam “revolucionários” ou “anarquistas”, mas que se submetem a uma disciplina “quartelar” autoritária. Isso é um grave problema que se deve corrigir.
Ao assumir como anarquistas, muitos sem muitas referências culturais, históricas e sem se preocupar em entende-las, assumem a primeira rotulagem empregada e ao afirmarem anarquistas, estão na verdade, dizendo liberais, que não querem assumir nenhum compromisso social e só satisfazerem suas necessidades, sem nenhuma preocupação ao redor. Qualquer insinuação que é necessário agir de forma coletiva, ter compromisso social e uma associação com outros indivíduos para abolir a opressão e exploração, respondem com desconfiança e se afastam das lutas sociais de emancipação. Em muitos casos, agem de forma rebelde mas sem ser revolucionária e se tornam um nicho de mercado, com visuais próprios, linguagens, sons e estéticas estereotipantes, mas que continuam dentro de uma lógica de mercado, consumindo-se em toda uma rebeldia sem sombra de rompimento com o modelo dominante.
Podemos identificar também em outros casos, uma enorme dedicação no uso de entorpecentes lícitos e ilícitos, uma veneração por shows e eventos culturais e esportivos, mas quando se trata de assumir compromisso com ações simples, manifestações construtivas de uma nova proposta social, anarquista, sem lideres, de forma autogestionária, onde cada um é responsável conjuntamente do processo, poucos conseguem manter o compromisso de agir, de se manter dentro de uma metodologia anarquista, onde o equilíbrio e o respeito para com a vida, com os outros sere vivos é deixado de lado por um vício qualquer ou alguma ilusão capitalista.
Disso leva a um outro extremo que é a “disciplinamento do movimento anarquista”, onde a influência partidária e hierarquizante está muito presente. Em documentos, podemos ler que se descrevem como uma “minoria ativa”, que lembra a um trotskismo mal disfarçado. Usam de conceito “disciplinares”, como se ao usar um processo disciplinador e organizado sobre seus militantes compensasse o vazio da falta de compromisso desses militantes. É uma herança autoritária que devemos banir de nossos meios, assim como o liberalismo e a libertinagem que erroneamente se associam ao anarquismo. Em nenhum desses casos, os meios levaram aos fins que propomos, de uma vida sem opressão e sem exploração, onde cada ser vivo é igual a outro, e o fim de todas as classes sociais.
Na construção do anarquismo, devemos gerar, usar e compartilhar um compromisso pela erradicação das classes sociais, da abolição da propriedade, do fim da herança, produção e distribuição de riqueza entre tod@s na satisfação de suas necessidades. E nesse sentido, nenhuma disciplina pode ser aceita, já que pode ser usada como meio de controle sem nenhum compromisso, e como anarquistas, é algo inaceitável. Nos educando sempre, evitamos a necessidade do mandar e obedecer, mesmo de organizações que se digam “anarquistas organizadas”. Lutamos contra isso, e é sempre importante lembrar que qualquer união de pessoas, de base igualitária e princípios anarquistas já é uma organização. O fato de se reafirmar o caráter organizativo no meio anarquista; enfatizar que são “anarquistas organizados”, serve como um meio de segregação tipico de uma “partidarização” e vemos com grande decepção que em muitos casos conseguem se aliar com mais facilidade com partidos políticos do que com outros grupos anarquistas.
Entenda-se de resumo que nem a esbórnia leviana que muitos fazem pode ser considerada como parte de um movimento anarquista e nem uma rígida estrutura de alguns “iluminatis” anárquicos cheirando a troskalha pode igualmente ser levada como o movimento anarquista. Em ambos, há muito excesso, de uma lado, de uma total falta de compromisso com a luta e pelo outro de uma disciplina alienante em que o militante deixa de entender o que faz em prol de uma “organização minoritária vanguardista” ou em seus termos “minoria ativa” ou “agentes do vetor social”.
Dessa reflexão, chama-se a reflexão a história do anarquismo, da luta de nossa gente e de que nossos interesses em nada tem em comum com partidos, com o Estado, com religiões.
Nos vemos nas ruas, com compromisso, sem disciplina e sem irresponsabilidade!

sábado, 7 de julho de 2012

A covardia mental dos anti-clericais católicos...

A homenagem máxima que nós autros podemos prestar a Ferrer, à sua vida heroica é não pactuar com os erros e os crimes de lesa-felicidade, sendo cumplices da reação clerical e da superstição dogmática dos que sufocam a razão humana e manietam a livre expansão da consciência.
Não sejamos maçons, ateus ou livres-pensadores de fachadas, discutindo problemas transcendentais apenas dentro de “lojas”, e educando (!) os filhos nos colégios de padres ou freiras, deixando que o clero todo poderoso e astuto se apodere das almas, da consciência, da dignidade humana das mulheres e das crianças, afins de cultivar a ignorancia – na rêde da imbecilidade e do servilismo, no acarneiramento da domesticidade – para aprisionar toda a sociedade dentro dos cofres fortes do poder temporal dos magnatas e dentro do tartufismo espiritual da Santa Madre Igreja Catolica Romana.
A força do clero reside nas concessões de todos os livres-pensadores de rebanho, machos e ateus que frequentem a Igreja – por dever social...
Não nos rotuleos de anti-clericais indo à missa açambarcador, comparecendo a batizados ou entronizações de santos, ou TE-Deum ou procissões, casamentos religiosos ou extrema-unção – multiplicando o numero de covardes mentais que pasmam as suas ações em desacordo com as suas ideias, porque seremos responsáveis pelo fascismo, pelo terror que, como um polvo, ameaça garrotear a liberdade e estrangular a consciência.
Nenhum de nós seria capaz de sair daqui para assistir um fuzilamento de uma criatura humana, por mais víl bandido que fosse, porquanto nos repugna o espetáculo do martírio de quem quer que seja.
Pois bem: vai-se à igreja por dever social, sabendo-se que o seu papel ´o abastardamento da consciência, certos de que as virtudes teoligais são a hipocrisia, o tartufismo e a cupidez, cientes de que o clero sufóca as energias latentes do indivíduo, cultiva calculadamente a ignorância e é sustentáculo da perversidade, moralmente, legalmente organizada. O crime da Igreja, massacrando as energias latentes da juventude e acovardando a consciência humana é muito mais feroz, é muito mais repugnante que o crime da policia fuzilando o corpo.
Porque a mim me poderiam tirar a vida, mais, ninguém, absolutamente ninguém me pode fazer a voz da consciência.
E a coragem de convicções se imortaliza na vida intelectual, embora todos os fuzilamentos.
Chegamos à fatalidade inexorável do dilema: ou nos acovardamos deante da invasão clerical internacional, ameaçando-nos com todas as torturas físicas e morais da inquisição moderna, quiçá mais perversamente requintada, ou teremos de assumir a atitude digna e nobre e heroica de um Ferrer, para opôr um dique moral ao extravasar da loucura e da ferocidade clerical piedosa – a querer ressuscitar a noite de mil anos dos Torquemadas e dos Autos da Fé.

Livro: Ferrer o Clero Romano e a Educação Laica
Autora: Maria Lacerda De Moura
Paginas: 71 á 74
Ano: 1934