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domingo, 5 de maio de 2013

Federalismo anarquista (Miguel Bakunine)


     Assim como estamos convencidos de que, abolindo o matrimonio regulamentado, restituindo a vida, a realidade, a moralidade ao matrimonio natural, unicamente fundado sobre o respeito humano e a liberdade dos dois indivíduos homem e mulher, que se amam; e de que, reconhecendo a cada liberdade de se separar do outro quando quiser, sem necessidade de pedir licença seja a quem for, negando igualmente a necessidade dessa licença para unirem os dois, e repelindo em geral toda intervenção de qualquer autoridade em sua união, nós os tornaremos mais estreitamente unidos, bem mais fiéis e legais em para o outro – assim também estamos convencidos de que, quando deixar de existir o maldito poder do Estado para obrigar os indivíduos, as associações, as comunas, as províncias, as regiões a viverem juntos, eles se ligarão muito mais frequentemente e construirão entre si uma unidade muito mais viva, mais real, mais real, mais poderosa do que aquela que têm hoje de formar, sob a pressão, para todos igualmente esmagadora do Estado.
     Quando tiverem desaparecido os Estados – haverá a unidade viva fecunda, benéfica, tanto das regiões como dos povos; e a internacionalidade de todo o mundo civilizado, primeiro, e de todos os povos da terra depois, por meio de livre federação e de organização de baixo para cima, desenvolver-se-á em toda a sua majestade, não divina, mas humana.
     Mas convém distinguir federalismo de federalismo... O federalismo burocrático não poderia ser senão uma instituição aristocrático-oligárquica, porque, em relação ás comunas e ás associações operarias – industriais e agrícolas – seria ainda uma organização política de cima para baixo, como um fato de baixo – com a associação e com a comuna. Organizado, assim, debaixo para cima, o federalismo torna-se então a instituição política do socialismo, a organização livre e espontânea da vida popular.

Livro: Anarquismo roteiro da libertação social
Autora: Edgard Leuenroth
Editora: Mundo Livre
Paginas: 50 á 51
Ano: 1963

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