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sábado, 17 de janeiro de 2015

Ferrer visto no Brasil

     Francisco Ferrer y Guardia, nasceu em 10 de janeiro de 1859, em Alella, povoação situada a 20 quilômetros de Barcelona. Sétimo filho de uma família católica de pequenos agricultores e torneiros, aprendeu as primeiras letras na escola de Alella e chega a cantar coro. Mais foi também nessa fase de sua infância que toma conhecimento das idéias libertárias por intermédio de um tio. Com essa nova visão contesta o professor e é severamente punido. Esta fato levou Ferrer a pensar no ensino oposto - nem prêmio e nem castigo - que iria por em pratica com a sua fundação da Escola Moderna.
     Passa depois a escola de Teia. Ali encontra um professor laico , mais liberal e por influência chega estudar no com os jesuítas. Mais as idéias anticlericais de seu irmão José e seu Tiu Antônio impedem o projeto do padre.
     Aos 13 anos perde seu pai e deixa a escola para trabalhar nas vinhas familiares. Lê o Diário, jornal de tendencia liberal. Começa admirar Pi y Margall e entusiasma-se pela proclamação da 1° republica espanhola. Sua nova visão incompatibiliza-o com a sua familia, tradicionalista e católica. Vai para Barcelona com seu irmão José. Emprega-se como escriturário de um republicano. Começa a frequentar  as reuniões com ele e conhece a maçonaria.
     Inicia então a leitura dos autores revolucionários, sofrendo influência de Anselmo Lourenço de quem se tornou amigo.
     Aprende francês, inglês e naturismo em cursos noturnos.
     Em 1886, exilou-se na França, com a familia e começa a dar aulas particulares no Circulo de Ensino Laico, da Associação Politécnica. Em seguida ministra cursos noturnos no liceu Condorcet e na loja maçônica do Grande Oriente.
      Por essa mesma época (1887) "nascia" o Ateneu Obreiro de Barcelona com o fim de difundir a "educação integral", Em Madrid, no ano de 1888, funda-se a sociedade livre- pensador Los Amigos Del Progresso que propõe a criação de escolas laicas de  ambos os sexos dirigidas por Francisco Giner.
     Em 1894, Ferrer é contratado para dar aulas para uma viúva católica muito rica chamada  Meunier e à sua filha Jeanne-Eenestine, que não esconde sentimentos pelo professor.
     Fizeram-se excelentes amigos, empreenderam uma viagem por Espanha, Itália, Bélgica, Inglaterra, Portugal, Suíça. Viagem muito proveitosa para Ferrer pelos contatos que fez com Eliseu Reclusão, Pestalozzi ao mesmo tempo que conhecia os mais avançados centros de ensino.
     Em Turim, ensinou num curso de "línguas assimiladas", francês, espanhol, português, e em Bruxelas fez palestra que deixou Reclusão admirado.
     Com a morte de Meunier em 1901 Ferrer recebe uma herança de um milhão de francos de ouro, importancia que lhe permitiu fundar a Escola Moderna em Barcelona.
     Sua intensão – disse-o em sua obra póstuma: "A  Escola Moderna pretende extirpar do cérebro dos homens tudo que os divide, começando pela fraternidade e a solidariedade indispensável para a liberdade e o bem-estar geral de todos".
     Forma então o comitê de honra da Escola Moderna, com o jurista Rodrigo Méndez, reitor da Universidade de Barcelona, o naturalista Odón de Buen, o biólogo Ramón y Canal, os médicos Llria y Martinez Vargas e o militante libertário Anselmo Lorenzo, tendo Jose Prat como administrador. Entre os professores estavam Salas Anton, Corominas, Maseras e a francesa Clémence Jacquinet. Para a sede, foi escolhido um antigo convento na rua Baillén. As aulas começaram em 8 de outubro de 1901, com 30 alunos 12 meninas e 18 meninos.
     Em pouco tempo aumenta a freqüência para 70 alunos no ano de 1902 e 126 em 1904. Em 1905, a Escola Moderna tinha 147 sucursais, na província de Barcelona e três anos depois 1000 alunos em 10 escolas de Barcelona e capital. Criaram-se Escolas Modernas na Espanha ( Madrid, Sevilha, Málaga, Granada, Cadiz, Córdoba, Palma, Valencia), Portugal, Brasil (São Paulo), Lausane e Amsterdam.
     Impedido de continuar sua experiência Ferrer viaja a Londres onde convive com Kropotkine. No começo de 1909 deixou a capital inglesa fixando-se com a familia em Alella, seu lugar de nascimento.
     Surpreendido pela Semana Trágica de Barcelona, é preso a 1.° de setembro, julgado em Conselho de Guerra a 9 de outubro "como autor e chefe da rebelião" e condenado à morte. Foi executado a 13 de outubro de 1909, no fosso de Santa Eulália gritando em frente ao pelotão de fuzilamento: "Viva lá Escuela Moderna".

Livro: Quem tem medo do anarquismo?
Autor: Edgar Rodrigues
Editora: Achiamé
Pagina: 43 á 45
    

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