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sexta-feira, 1 de maio de 2015

Pedagogia da violência (Eduardo Galeano)

     Segundo o general Marshall, somente dois de cada dez soldados de seu exército utilizavam os fuzis durante a Segunda Guerra mundial. Outros oito portavam de armas como adorno. Anos depois, na guerra do Vietnã, a realidade era bem outra: nove de cada dez soldados das tropas invasoras faziam fogo, e atiravam para matar.
     A diferença estava na educação que havia recebido. O tenente-coronel David Grossman, especialista em pedagogia militar, sustentava que o homem não está naturalmente inclinado à violência. Ao contrário do que supõe, não é nada fácil ensinar a matar o próximo. A educação para a violência exige um intenso e prolongado adestramento, destinado a brutalizar o soldados e a desmantelar sistematicamente sua sensibilidade humana. Segundo Grossman, esse ensino começa, nos quartéis, aos dezoito anos de idade, mas fora dos quartéis começa aos dezoito meses: a televisão dita esses cursos a domicílio.
     -Foi como na tevé - disse um menino de seis anos que assassinou uma companheirinha de sua idade, em Michigan, no inverno neste ano.

Extraído:
livro: O teatro do bem e do mal
Autor: Eduardo Galeano
Edtora: L&PM Pocket
Pagina: 113 á 114
Ano: 2014

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