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quarta-feira, 16 de março de 2016

Depois da Guerra

     A industria de armamentos, após a guerra, não se limita ás armas e as munições.
     Hoje faz parte do integrante da industria de armamentos - material das estradas de ferro, industria químicas, óleos, gasolina, petróleo, fabricas de celulose, de adubos, de material corantes, minas de carvão, toda industria pesada de aço e ferro, a industria óptica, construções aeronaves,  estaleiros navais, navios mercantes, tudo quanto se refere á industria dos transportes, laboratórios de pesquisas no domínio da física da bacteriologia, etc. etc.
     O afan com que toda aquela gente trabalha para resolver o problema da gasolina procurando-lhe um sucedanio, é a prova de que os exercito e fuzis e metralhadoras passaram a anacronismo em relações as guerras modernas, as nações mais palheiradas para a luta armada não são mais o que possuem mais couraçados ou mais soldados ou mais canhões: são as que têm gasolina.
     Todas as industrias mais inocentes são transformadas em armas de guerra, no momento desejado, inclusive adubos, inclusive fabricas de tintas. Tirem-se gazes de todas as industrias. Impossível, pois, o desarmamento geral. Todos o segredo das guerras modernas está no petróleo e na gasolina, si colocarmos em parte o período mortal da eletricidade nos "raios invisíveis" e nos "raios da morte".
     Casa dia inventam-se novas armas de guerra. Não ha vantagem na fabricação de grandes "stoks". A técnica moderna está em saber aproveitar tudo, no momento preciso, transformar toda industria de material bélico.
     E´inútil pensar no desarmamento. Inútil mesmo o desarmamento total.
     "A guerra chegou a ser tão técnica, tão mecânica que toda grande Empresa industrial é um arsenal em potencia. A fabrica que produz maquinas de imprensa ou hélices, pode, em qualquer momento, produzir granadas."
     Seria necessário "destruir a industria em sua totalidades."
     Mesmo isso, absolutamente inútil.
     A conclusão do general inglês J. H. Morgan, em um livro publicado em 1924:
     "Ha três coisas que é impossível destruir: O homem, a Industria e a ciência,"
     Assim, logica é a conclusão:
     "A guerra só desaparecerá, quando deixar de ser um negocio."
     E, cada vez que se intensifica mais a produção de material bélico, e, longe dos grandes armamentistas, se afastarem da imprensa, tal como propôs alguém da Sociedade das Nações, pelo contrario firma-se mais os laços de ferros contra os consórcios da Internacional de Armamentos e os Consórcios dos grandes Diários Associados.
     As pequenas industrias, os pequenos jornais não se aguentam: absorvidos pelos "trusts" dos grandes industriais.
     Também a imprensa faz para hoje do material belico da Internacional Armamentista; do mesmo modo das Agencias Telefônicas.
     O O meio de combater a guerra não pode ser o preconizado por Otto Lehmann ou outros também sinceros, resumindo nesses princípios:
     1.º Que o material de guerra não constitua fonte de benefícios particulares.
     2.º Que o material de guerra não seja objeto de exportação.
     3.º As fabricas particulares, de munições, serão obrigadas a publicar regularmente as contas em que se reflete a marcha do negocio, as quais serão objeto de comprovação.
     4.º Aos possuidores de ações de fabricas particulares de munições e seus conselhos  é proibido interessar-se em empresas análogas de outros países.
     5.º Tanto a essas pessoas como às fabricas particulares de munições e seus conselhos é diretores é proibido adquirir propriedade de periódicos, dirigi-los ou exercer influencia sobre eles."
     O meio de combater a guerra não se resume em coloca-la fora da lei, nem na "defesa nacional"... dos pacifistas da Sociedade das Nações, nem no desarmamento.
     O meio único, eficaz, é individual; é a objeção de consciência, é a deserção heroica, é a proteção aos objetores, é a assistência aos desertores. E´não contribuir, de nenhum modo, para a loucura coletiva do massacre do gênero humana.

Extraído:

Livro; Civilização Trancos de Escravos
Autora: Maria Lacerda de Moura
Editora: Civilização Brasileira
Paginas: 97 á 101
Ano: 1931

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