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sexta-feira, 8 de abril de 2016

DISCORRENDO SOBRE A ANARQUIA

     Anarquia soa aos ouvidos da maioria das pessoas como uma catástrofe, e\ou na melhor da hipóteses, como uma ideia ingênua, uma "saborosa" utopia.
     Falar de Anarquia significa, para muita gente, pregar o fim do mundo!!!
     E, curiosamente os que a temem, combatem ou denigrem, sem se lhes perguntar o que é Anarquia, não sabem defini-la concretamente. Assim mesmo são contra!!!
     Anarquia tem adversários e inimigos, à esquerda, à direita, ao centro e os que ouviram os outros dizer que é irrealizável. Muitos cursaram universidades, são professores eméritos, escritores, historiadores, poetas, advogados, políticos, bem falantes, autoridades altamente credenciadas e premiadas; outros são simplesmente comerciantes, burgueses, socialistas, bolchevistas, fascistas, artistas, formados nas faculdades de oficinas, da fabrica, do campo, do mar, e\ou condidatos a governantes, todos "grandes" conhecedores das ideias anarquistas colhidas nos dicionários, nas enciclopédias e nos relatórios policiais.
     Seus críticos raramente se dão ao trabalho de ler as obras dos anarquistas, a sua imprensa. Formam uma imagem negativas da sua doutrina antes de a conhecer, de a ter estudado. Procedem de forma inversa dos católicos. A maioria destes acredita no que diz a Bíblia sem tê-la lido. Os adversários do Anarquismo não leram sobre ele. Daí usar-se, frequentemente, o vocábulo Anarquia como sinônimo de desordem, e o de anarquista como um amante da violência, um demolidor da Sociedade!
     Para os mais generosos, o anarquista é "um visionário, sonhador, utopista".
     Por contar com tantos inimigos - apesar de nunca ter deflagrado nenhuma guerra, nem construído campos de concentração e\ou manicômios para discordantes políticos - muitos anarquistas sofreram longos anos de cativeiros, foram condenados a morte nos Estados Unidos (mártires de Chicago, Sacco e Vanzetti, etc), na Russia (Fany Baron, Lidia Kortneva e outros), na Espanha ( F. Ferrer e centenas de companheiros), no Brasil (Polenice Mattei, Pedro A. Mota, Nicolau Parada, etc.), em Portugal (Arnaldo S. Januário, Mário Castelhano, e outros) e ninguém se dá ao trabalho de conhecer o anarquista como ser humano, de investigar seu comportamento, suas convicções ideológicas, humanistas, as idéias que defende e divulga em forma de mensagem e emancipação humana, de igualdade social.
     A sociedade mercantilista e bélica em que vive oferece-lhe contraste chocantes: gente demasiado rica e gente cheia de fome, morrendo lentamente de fome; governo e povo fabricando e comprando armas para se defenderem de gente que compra armas; homem planejando belos aparelhos com riqueza de detalhes, dentro da mais avançada tecnologia e incapaz de construir a sua própria felicidade; estudiosos da natureza que não fazem outra coisa senão destruir cada dia um pedacinho desse bem precioso que nos deu a vida.
     Opondo-se a sociedade onde o homem é o maior inimigo do homem, as distância porventura existentes na atualidade vêm sendo propagadas a longos anos pelos que desejam poder explorar e estragar o produto do trabalho alheio, "direito" consolidado pelos Governos e pelo Estado.
     Dentro deste quadro, o Anarquismo é uma ideologia temida e respeitada.
     Seus inimigos são muitos! Uns têm medo de perder privilégios econômicos, hierarquias profissionais, sociais e de conforto; outros por indolência mental, por incapacidade intelectual de entendê-lo, e os dotados de rasgos autoritários e\ou aninhados em seus inconscientes, preferem as ditaduras. Dentro destas não precisam de raciocinar, terão quem o faça por eles... será só mandar e\ou obedecer.
     Espremido entre a realidade e a fantasia, entre o SER e o PARECER, vamos discorrer livremente sobre deformações do homem, ver quem são os seus inimigos e até onde Anarquia e ordem podem conviver juntas sem se acotovelar e agredir. Até onde o homem é responsável pela violência e a desigualdade em nossos dias.

Extraído:

Titulo: Quem tem medo do anarquismo?
Autor: Edgar Rodrigues
Editora: Achiamé
Paginas: 13 á 14
Ano: 1992

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