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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A JUSTIÇA, LEI DA FILOSOFIA (Proudhon)

     A lei da minha filosofia... Procurá-la-ei... Numa relação entre mim e um outro eu que não seja eu...
     Eu que qualquer homem, meu semelhante, é um eu; penso igualmente que os que os animais... São também eus, de uma dignidade inferior, é certo, mas criados no mesmo plano... Como já não faço uma demarcação nítida entre o animal e a planta, entre esta e o mineral, pergunto a mim mesmo se os seres inorgânicos não são ainda... Membros dum eu de que ignoro a vida é as operações.
     Sendo pois o ser classificado em eu e não-eu, que posso eu fazer de melhor, nesta ambiguidade antológica, senão tomar para o ponto de partida da minha filosofia a relação, não de mim a mim mesmo... mas de mim a um outro eu, o que já não constitui uma dualidade metafísica... Mas uma dualidade real, viva...
     Agindo assim... tenho a vantagem,  descendo da humanidade para as coisas, de nunca perder de vista o seu legítimo conjunto... Enfim, presume-se racionalmente que a lei que rege os indivíduos entre si rege também os objetos, pois que, sem isso, haveria contradição entre a natureza e a Humanidade.
     Tomemos pois por certo que... Este princípio deve ser, ao mesmo tempo, subjetivo e objetivo, formal e real, inteligível e sensível, deve indicar uma ligação do eu ao não eu, deve ser dualista como a própria observação filosófica...
     Qual é então essa ideia, ao mesmo tempo objetiva e subjetiva, real e formal, de natureza e de humanidade, de especulação e de sentimento, de lógica e de arte, de política e de economia; inteligência prática e inteligência pura, que rege, ao mesmo tempo, o mundo da criação e o mundo da filosofia; sobre a qual são construídos um e outro; ideia, enfim, que dualista pela sua fórmula, exclui entretanto qualquer anterioridade e qualquer superioridade e abarca, na sua síntese, o real e o ideal? É a ideia de justiça...

Extraído:
Livro: A Nova sociedade
Autor: Proudhon
Editora: RÉS colecção substância
Página: 168 á 169

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