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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A JUSTIÇA NA HUMANIDADE : DEFINIÇÃO (Proudhon)

     Segundo as manifestações da consciência universal e da ciência... Está justiça deve ser  em nós qualquer coisa de perderável e de real — indicando uma relação de conexidade e de solidariedade... pelo menos dois termos, duas pessoas unidas pelo respeito comum da sua natureza, diferentes e rivais para todo o resto...
     O homem, em virtude da razão de que é dotado, tem a faculdade de sentir a sua dignidade na pessoa do seu semelhante como na sua própria pessoa, de se afirmar ao mesmo tempo como indivíduo e como espécie.
     A Justiça é o produto desta faculdade: é o respeito, espontaneamente sentido e reciprocamente garantido, da dignidade humana, em qualquer pessoa e em qualquer circunstância em que ela se encontre comprometida, e em qualquer risco a que nos expõe a sua defesa...
     Estar pronto, em qualquer circunstância, a tomar com energia — em caso de necessidade, contra si próprio – a defesa dessa dignidade, eis a Justiça.
     Isso equivale a dizer que, pela Justiça, cada um de nós se sente ao mesmo tempo como pessoa e coletividade, indivíduo e família, cidadão é povo, homem é humanidade...
     Da definição de Justiça deduz-se a do direito e do dever. Sentir e afirmar a dignidade humana, primeiro em tudo o que se relaciona com nós próprios, depois na pessoa do próximo, e isto sem reconhecimento de egoísmo como sem qualquer consideração de divindade ou comunidade: eis o Direito.
     O direito é, para cada um, a faculdade de exigir dos outros o respeito da dignidade humana na sua pessoa: o dever, a obrigação para cada um de respeitar está dignidade noutrem.
     No fundo, direito é dever são termos idênticos, visto que são sempre a expressão do respeito, exigível ou devido: exigível, porque ele é devido; devido, porque ele é exigível; só diferem, no sujeito: eu ou tu, em quem a dignidade está comprometida. (Justice, Les Personnes.)
     Sociedade, Justiça, Igualdade são três termos equivalentes, três expressões que se traduzem. (1.er mémoire, capital.V.)
     A Justiça é a fórmula da sociedade. (Capac. Pol.,liv. II, cap. V.)
     A Justiça é, pois, uma faculdade da alma, a primeira de todas, a que constitui o ser social. Mas ela é mais do que uma faculdade: ela é uma ideia, implica uma relação, uma equação. Como faculdade, é suscetível do desenvolvimento: é este desenvolvimento que constitui a educação da humanidade. Como equação, não apresenta nada de antinómico... e como toda lei... ela é altamente inteligível. É através dela que os factos da vida social, indeterminados pela sua natureza e contraditórios, se tornam susceptíveis de definição e de ordem. ( Justice, Les Personnes.)

Extraído:

Livro: A Nova sociedade
Autor: Proudhon
Editora: Rés
Página: 173 á 174

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